Ambientalistas e empresários defendem potencial brasileiro na economia verde em evento paralelo à Assembleia da ONU

Palestrantes defenderam união de esforços dos setores público e privado para que o Brasil consiga pôr em prática seu potencial nessa nova indústria em ascensão (Reprodução/Divulgação)
Com informações do Infoglobo

NOVA YORK – Enquanto o presidente Jair Bolsonaro discursava na Assembleia Geral da ONU, ambientalistas e empresários participaram de painéis, também em Nova York, sobre as oportunidades brasileiras no mercado da economia verde e enfrentamento das mudanças climáticas, pelo Climate Week. 

Palestrantes defenderam união de esforços dos setores público e privado para que o Brasil consiga pôr em prática seu potencial nessa nova indústria em ascensão, considerando as vantagens competitivas diante da abundância de biodiversidade, de matriz energética de fonte renovável, da possibilidade de sequestro de carbono e de reflorestamentos em larga escala.

CoCEO da re.green, empresa que investe no mercado de carbono a partir de ferramentas de replantio, Bernardo Strassburg, destacou um estudo, do Instituto Internacional para Sustentabilidade, que diz que a restauração de 10% das áreas degradadas da Amazônia viabilizaria o sequestro de 931 milhões a 2,3 bilhões de toneladas de CO2 da atmosfera. Além disso, poderia gerar uma receita de cerca de R$ 132 bilhões. Strassburg participou, pela manhã, do painel “Amazônia: desafios e oportunidades como solução climática para o Brasil”.

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“Em vez de trabalhar num modelo de desenvolvimento que ataca a natureza, como foi nos últimos 50 anos, está no momento de fazer negócios trabalhando com a natureza e a restaurando”, resumiu o empresário, que defendeu uma abordagem econômica que possibilite o reflorestamento em larga escala.

No Painel sobre a Amazônia, da esquerda para a direita: Marcello Brito, CEO do CBKK; Roberto Waack, cofundador da Concertação pela Amazônia; Bernardo Strassgrus, da re.green; Marina Grossi, presidente do CEBDS; e Rachel Biderman, da Coalizão Brasil (Reprodução)

As soluções baseadas na natureza podem trazer contribuições para mitigação de mudança climática, para a adaptação de cidades e enriquecimento da biodiversidade, além de benefícios para as comunidades locais. Temos um plano de negócios para reflorestamento em larga escala, mas para isso precisamos de união dos governos, da sociedade civil e de comando e controle para combater o desmatamento.

Strassburg ainda destacou que é preciso aprender com os povos originários, que por centenas de anos habitaram a Amazônia sem causar perda florestal. No mesmo painel, Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) lembrou que já existe, dentro do setor corporativo, a certeza de que a preservação e produção precisam caminhar juntos.

Em 2020, o grupo, com cerca de 100 lideranças, se engajou na agenda da Amazônia, inclusive, com pressão sobre a implementação das promessas firmadas pelo governo nos acordos internacionais sobre mudanças climáticas.

Potencial ambiental em mercado rentável

Rachel Biderman, cofacilitadora da Coalizão Brasil, afirmou que o País é um dos grandes atrativos para investidores internacionais que desejam investir no mercado de carbono. Em sua fala, ela reforçou a necessidade de coordenação entre países, ONGs e investidores em defesa da Amazônia, e citou formas de concretizar o potencial ambiental em mercado rentável.

“O Brasil tem boa condição para oferecer soluções baseadas na natureza. O plantio de árvores com fins comerciais é essencial, porque enquanto a árvore estiver de pé, vai sequestrar carbono e manter o solo saudável. Com espécies nativas, há impacto positivo na conservação das matrizes de sementes. Sem a floresta saudável, não tem árvore matriz e nem coleta de semente. É um ciclo ganha-ganha da rede de restauração”.

Outra possibilidade é a restauração a partir de espécies exóticas, que fazemos há muito tempo, absorve carbono e tem impacto positivo no equilíbrio climático.

Em outro painel do evento, também nesta terça-feira, o “Destravando financiamento privado para restauração de larga escala”, Ricardo Assumpção, líder de ESG da EY na América Latina Sul e diretor de Sustentabilidade da EY Brasil, defendeu que o Brasil integre os seus principais ativos (mercado de carbono, energia renovável, reflorestamento e biodiversidade) em únicos projetos, como forma de atrair maior interesse de empresas e investidores internacionais.

“A gente pode ter escala com projetos que tenham mais de um produto como resultado. Isso facilita muito o acesso ao capital privado para financiamento”, explicou Assumpção.

Ou seja, em vez de se oferecer um projeto que aborde apenas o sequestro de carbono, seria mais atraente envolver outros objetivos de economia verde na mesma proposta. Para que isso ganhe tração, porém, Assumpção diz que é preciso melhorar a colaboração entre diferentes atores do setor público e privado, além de aplicar regulação, principalmente, no mercado de carbono, e oferecer incentivos econômicos.

“Hoje se desmata porque, economicamente, é melhor para a pessoa que desmata. Se não fosse, quem desmataria? Há um interesse crescente das empresas de criar valor em cima da sustentabilidade, o que traz grande diferencial comparativo. Em breve, toda visão de negócio, no final do dia, vai ter que ajudar o planeta”, disse o representante da EY Brasil.

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