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Amostras colhidas em missão chinesa revelam que Lua possui fonte de água renovável
Telão mostra vídeo da missão Chang'e-5 durante evento no Observatório Astronômico Nacional, em Pequim (CHN) (Tingshu Wang/Reuters)
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28 de março de 2023
Da Revista Cenarium*
RIO DE JANEIRO – Cientistas descobriram uma nova e renovável fonte de água na Lua, em amostras lunares coletadas por uma missão chinesa, e sugerem seu uso potencial por “futuros exploradores” do satélite.
A água estava dentro de pequenas esferas de vidro formadas por colisões violentas de rochas espaciais com a superfície lunar, afirma o estudo publicado nesta segunda-feira, 27, na revista Nature Geoscience.
A quantidade de água armazenada nas esferas é estimada em 270 trilhões de quilos, segundo o estudo. As amostras de vidro multicoloridas e brilhantes foram coletadas na Lua, pela China, em 2020.
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A descoberta vai de encontro com missões recentes, das últimas décadas, que mostraram que a Lua não é seca, ao contrário da crença, de longa data, de que o satélite seria desprovido de água.
Como essas esferas são formadas?
O estudo da Academia Chinesa de Ciências analisou 117 esferas coletadas na superfície da Lua, em 2020, durante a missão lunar do País asiático Chang’e 5.
Sem proteção da atmosfera, a Lua é bombardeada por meteoritos minúsculos, o que resulta na formação das esferas. O calor gerado derrete o material da superfície adjacente, que resfria, posteriormente, nas partículas.
A água, que consiste em moléculas de hidrogênio e oxigênio, fica armazenada nessas esferas, que agem como uma espécie de esponja para as moléculas.
Como são formadas as moléculas de água?
O vento solar é um fluxo de partículas carregadas emitidas da atmosfera do Sol pelo sistema solar. O hidrogênio necessário para produzir as moléculas de água vem dos ventos solares, segundo o coautor do estudo Mahesh Anand, da Open University do Reino Unido.
Já o oxigênio compõe quase metade da Lua e está preso dentro de rochas e minerais.
O impacto dos meteoritos e a interação constante do vento solar, na superfície lunar, sugere que esse processo poderia produzir água continuamente.
O teor da água é apenas uma fração minúscula das esferas, explicou Hejiu Hui, da Universidade de Nanjing, que participou do estudo. Como existem bilhões ou trilhões das partículas, isso pode representar quantidades substanciais de água, mas minerá-las seria difícil, de acordo com os pesquisadores.
Opção viável para o futuro?
Segundo Anand, um calor moderado de cerca de 100°C seria suficiente para extrair a água dessas esferas. No entanto, esse processo exigirá uma grande quantidade de esferas, destacou Hui.
A água pode ser extraída pelo aquecimento das esferas, possivelmente, por futuras missões robóticas. No entanto, são necessários mais estudos para determinar se isso seria viável e, em caso afirmativo, se a água seria segura para beber.
“A água é a matéria-prima mais procurada para permitir a exploração sustentável das superfícies planetárias”, destaca outro autor do estudo, Sen Hu. “Saber como a água é produzida, armazenada e reabastecida, perto da superfície lunar, seria muito útil para futuros exploradores”, acrescentou.
Outros planetas e corpos do sistema solar, como Mercúrio, também poderiam ter essa água gerada pelo vento solar.
Estudos anteriores já haviam encontrado água em esferas de vidro formadas pela atividade vulcânica lunar em amostras recolhidas pelos astronautas da Apollo há mais de meio século.
Até o final de 2025, a Nasa pretende enviar, novamente, astronautas para a Lua. Essa missão deve se concentrar no polo sul do satélite, onde se acredita que as crateras estariam cheias de água congelada.
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