Dom Pedro I: antes de Bolsonaro trazer coração, militares transferiram ossada do imperador ao Brasil na ditadura

Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

BRASÍLIA – A chegada do coração do imperador Dom Pedro I, ao Brasil, nesta segunda-feira, 22, para as comemorações do bicentenário da Independência do Brasil, foi organizada, pelo Governo Bolsonaro, com pompas de boas-vindas como se fosse a visita de um chefe de Estado. Mas não é a primeira vez que os remanescentes humanos do imperador vêm ao País: em 1972, em plena ditadura, a ossada do monarca foi trazida por militares.

O coração, mantido na cidade de Porto, foi emprestado por Portugal para as celebrações dos 200 anos da Independência. Ele está conservado em formol há 187 anos. Já os ossos do imperador chegaram ao País há 50 anos, para a comemoração dos 150 anos da data.

Os remanescentes humanos foram recebidos pelo chefe de Estado, à época, almirante Américo Tomás, no Rio de Janeiro. Foram expostos em várias cidades do País, durante cinco meses, antes de serem enterrados no Parque da Independência, em São Paulo.

Dom Pedro I foi responsável por declarar a Independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822. Nesta data, às margens do Rio Ipiranga, o então príncipe regente bradou: “Pelo meu sangue, pela minha honra, pelo meu Deus, juro fazer a liberdade do Brasil. Brasileiros, a nossa divisa de hoje em diante será ‘Independência ou Morte!’ Estamos separados de Portugal!”, disse.

Coração em exposição

O coração foi trazido ao Brasil na cabine de passageiros de um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), junto de três autoridades portuguesas, além de um representante do governo brasileiro, e ficará exposto no Palácio do Itamaraty, em Brasília, até 8 de setembro.

A primeira aparição ocorrerá em uma cerimônia no Palácio do Planalto, nesta terça-feira, 23. O órgão será levado pela rampa do Palácio do Planalto, com honrarias militares, com a participação dos Dragões da Independência e sob o hino da Independência, composto pelo antigo imperador. O evento terá a presença do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Coração de Dom Pedro I (Guilherme Costa/ Câmara Municipal do Porto)

Coração de Dom Pedro I em exposição na cidade portuguesa do Porto (Guilherme Costa Oliveira/Câmara Municipal do Porto)

Coração de Dom Pedro I em cripta, na cidade do Porto, em Portugal (Guilherme Costa Oliveira/Câmara Municipal do Porto)

Coração de Dom Pedro I na cidade do Porto, em Portugal (Guilherme Costa Oliveira/Câmara Municipal do Porto)

Coração de Dom Pedro I (Guilherme Costa Oliveira/Câmara Municipal do Porto)

O público, em geral, poderá ver o coração de D. Pedro I apenas nos finais de semana, aos sábados e domingos. No entanto, ainda não foi divulgado o horário da visitação.