Ao menos seis Estados e DF atingem altas de casos e internações por Covid-19

Nas farmácias, segundo levantamento da associação máxima do setor, os testes positivos para Covid-19 saltaram 326%, em maio — (Marcia Foletto)
Com informações do InfoGlobo

RIO DE JANEIRO O Brasil vive uma quarta onda de Covid-19. Há cerca de um mês, a média móvel de novos casos passou a apresentar tendência de alta e isso explodiu na última semana, quando o número de novos casos diários ficou em torno de 30 mil, um aumento de cerca de 107%, em comparação com duas semanas antes. O aumento dos diagnósticos positivos já se reflete no sistema de saúde. Em pelo menos sete unidades da federação houve aumento de internações e atendimentos, embora o número de óbitos não tenha acompanhado.

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“Não há dúvida que já estamos vivendo uma nova onda de Covid-19. O aumento do números de casos ocorre de forma concomitante no País inteiro”, diz o infectologista Alberto Chebabo, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

O cenário nos Estados é reflexo do aumento de casos no País. Somente nas farmácias, segundo levantamento da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), os testes positivos para o coronavírus saltaram 326% em maio. No total, foram registra dos 136.117 mil novos casos, um número mais de quatro vezes maior que os 31.981 do mês de abril.

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Covid-19

Dados do último Boletim InfoGripe Fiocruz mostram que a Covid-19 já responde por 59,6% dos pacientes hospitalizados por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) no País. É a terceira semana consecutiva que as ocorrências da doença se mantêm predominantes entre os casos de SRAG. No boletim anterior, as infecções pelo coronavírus eram 48% dos casos positivos.

“Algumas cidades e Estados já estão apresentando aumento de internação hospitalar, mas, em comparação com as ondas anteriores, há menor necessidade de leitos de terapia intensiva. Também não estamos vendo muitos óbitos”, diz o infectologista Júlio Croda, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT).

Mais leitos em SP

Um dos reflexos dessa alta pode ser visto no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, que voltou a dedicar duas alas inteiras para pacientes com coronavírus. A estrutura havia sido dispensada em abril, época em que a prevalência de testes positivos para a doença não ultrapassava 10% dos exames realizados. Hoje, a contagem chega a 30%.

De acordo com a secretaria estadual de Saúde de São Paulo (SES-SP), nessa terça-feira, 7, foram 510 novas internações no Estado, nos hospitais públicos e privados, elevando a média móvel a 505 por dia. Em comparação com o dia 7 de maio, houve um aumento de 182%. Os dados mostram ainda que a ocupação de leitos de enfermaria na região metropolitana chegou a 49,7% e os de UTI, a 52,2%.

Somente no hospital Albert Einstein, também no Estado, havia 13 pacientes internados com Covid-19 no dia 7 de maio. Já nessa terça-feira, 7, são 72 na unidade — um aumento de 454%. No Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o crescimento foi ainda mais dramático. Ao longo de maio, foram 125 novas internações, levando o total em 1º de junho a ser 620% maior que o número relativo a um mês antes.

Em Minas Gerais, o Hospital das Clínicas da UFMG também observou um aumento nas internações por coronavírus Há exatos 30 dias, eram oito pacientes hospitalizados. O número saltou para 23 nessa terça-feira, alta de 187%. O mesmo acontece no Rio de Janeiro, onde já há um crescimento na fila para hospitalizações.

Dados do painel da prefeitura da capital mostram que há um mês havia oito pessoas internadas com a doença no município, e a fila estava zerada. Nessa terça-feira, 7, o número chegou a 90, entre leitos de enfermaria e de UTI, – uma subida de 1.025% que levou a secretaria estadual de Saúde a reabrir 40 leitos no Hospital Dr Ricardo Cruz, em Nova Iguaçu.

O portal da secretaria estadual de Saúde do Mato Grosso aponta que, no período dos últimos 30 dias, a média móvel de internações do Estado passou de cinco para 11, uma variação de 120%. Já no Rio Grande do Sul, segundo informações da pasta, eram 170 internados no Estado com coronavírus nessa terça-feira, um aumento de 87% em relação há 30 dias, quando eram 91.

É o caso do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), na capital Porto Alegre. Lá, eram 35 pacientes hospitalizados com a doença no final de abril, número que saltou 70%, para 53 internados, no final de maio.

“Percebemos um aumento bem gradual das hospitalizações. Não é uma curva íngreme como tivemos na introdução de novas variantes, mas é um aumento. Até a semana passada, era predominante nas enfermarias. Mas na última semana já observamos um leve aumento também na UTI. Mas não há ainda um aumento no número de óbitos”, explicou a responsável pelo núcleo hospitalar de epidemiologia do GHC, Ivana Varella.

No Distrito Federal, o Hospital Sírio Libanês observou um aumento de 225% nas internações pelas Covid-19, nas últimas duas semanas. A secretaria de Saúde do Distrito Federal informa que registrou um aumento na demanda hospitalar e clínica, devido ao período de sazonalidade de doenças respiratórias, além de um aumento expressivo nos casos de dengue e coronavírus.

Em Santa Catarina, o governo estadual decretou na última sexta-feira, situação de emergência de saúde em razão da sobrecarga de atendimentos nos hospitais devido a um surto generalizado de dengue, em concomitância com aumento de casos de gripe e Covid-19.

Vacinação reduz gravidade

É consenso entre os especialistas que, apesar da alta de casos e internações, há queda na gravidade da doença. Isso se deve não só ao avanço da vacinação e da imunidade híbrida (conferida pelas vacinas em conjunto com a infecção), mas pelo fato de o novo pico estar associado a subvariantes da Ômicron, que já causou uma onda em janeiro.

“Quando temos duas ondas da mesma variante, mesmo que haja alterações genéticas entre as subvariantes, a expectativa é que o impacto da segunda onda seja menor. Além disso, mesmo que haja queda na proteção da vacina contra infecção, ela permanece para doenças severas, hospitalização e óbito”, diz Croda.

Segundo Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, a maioria dos pacientes hospitalizados são pessoas sem vacinação completa, além de idosos e imunocomprometidos. Os especialistas ressaltam que completar o ciclo vacinal no cenário atual significa ter pelo menos três doses.

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