A idosa, que não terá o nome informado a pedidos dos familiares, faleceu no dia 13 de março, mas o Boletim de Ocorrência só foi registrado na última sexta-feira, 23. Segundo o delegado titular da Delegacia Interativa de Polícia (DIP) de Itacoatiara, Lázaro Ramos, o prontuário médico da idosa já foi solicitado ao Hospital José Mendes, no município, para checar as informações. Após ouvir o depoimento da filha da idosa, o próximo passo será ouvir os profissionais de saúde que estiveram à frente do caso em Itacoatiara, segundo o delegado.
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A idosa foi internada devido a complicações da Covid-19. Documentos obtidos pela CENARIUM na sexta-feira mostram a prescrição médica assinada pela médica Soraia Souza, do Hospital Regional José Mendes. O tratamento com hidroxicloroquina foi realizado enquanto a idosa estava internada em Itacoatiara. Segundo familiares, o quadro de saúde dela piorou após o tratamento ineficaz.
“Ela recebeu tratamento de inalação com hidroxicloroquina, sem o nosso consentimento e isso pode ter agravado o caso dela”, contou um dos familiares em entrevista por telefonema à reportagem. A família disse ainda que só relacionou a morte da idosa à nebulização depois de ver reportagens sobre o tratamento repercutirem nacionalmente e constatarem que ele foi realizado após verificação na cópia do prontuário médico da paciente.
Entenda o caso
A idosa foi internada no Hospital Regional José Mendes, em Itacoatiara, no início de fevereiro deste ano, no dia 6, e foi transferida em 10 de março para o Hospital Delphina Aziz, em Manaus. Três dias depois de internada, a paciente veio a óbito.
“A nebulização é contraindicada. Já teve dois casos no Amazonas que foram associados a óbito do paciente. Não existe evidência científica nenhuma do uso de hidroxicloroquina na forma de nebulização”, explicou o médico e infectologista Nelson Barbosa, em Manaus.
A vereadora do município de Itacoatiara, Andreia Mara (Avante), disse que acompanhou a família, quando a idosa foi internada no José Mendes. A causa da morte, segundo a certidão de óbito da idosa, foi por insuficiência respiratória associada às complicações da Covid-19.
“Eu havia pedido para a filha solicitar transferência da idosa para Manaus. Ela alega que os médicos não quiseram. Tentou, tentou e no dia 10 conseguiu a transferência. A filha via a mãe toda roxa, me mandava vídeo e ficava apavorada”, disse a vereadora.
Outros casos
Em Manaus, uma mulher com Covid-19 também morreu após receber tratamento experimental com nebulização de hidroxicloroquina em meados de fevereiro, dias após passar por um parto de emergência, e morreu no dia 2 de março, conforme reportagem publicada na semana passada pelo jornal Folha de S. Paulo.
A médica Michelle Chechter, que submeteu a paciente ao medicamento, foi afastada do cargo pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), que também determinou abertura de sindicância contra a profissional. O caso foi divulgado pelo jornal Folha de S. Paulo.
Ainda segundo a Polícia Civil, as investigações a respeito da morte de Jucicleia de Souza Lira, que tinha 33 anos, iniciaram na quarta-feira, 14, após a instituição tomar conhecimento do fato, por meio do Comitê de Enfrentamento à Violência Obstétrica do Amazonas e a ONG Humaniza. De acordo com a delegada Deborah Souza, titular do 15º DIP, segundo relatos do B.O registrado no dia 15 de abril, na ocasião do óbito, a mulher estava sendo acompanhada por dois médicos, de idades e nomes não revelados, que medicaram paciente com nebulização de hidroxicloroquina.
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