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Arquearia e canoagem: atletas indígenas trilham caminho para Olimpíadas de 2024
Atletas indígenas da canoagem (Divulgação/FAS)
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07 de julho de 2023
Adrisa De Góes – Da Revista Cenarium*
MANAUS (AM) – O arco, a flecha e a canoa são alguns dos objetos mais representativos da ancestralidade indígena no Brasil e carregam um forte significado simbólico e cultural. Para além da tradição, os elementos também estão presentes como categorias no esporte profissional, no caso da arquearia e da canoagem.
No Amazonas, jovens indígenas têm se destacado na prática desportiva e trilham um caminho de sucesso, com perspectiva de representar o País nas Olimpíadas de Paris em 2024. É o caso da atleta de alto rendimento da etnia Karapãna Graziela Santos, a Yaci, nome que na língua Nhêengatu significa “Lua”.
A esportista da comunidade Nova Kuanã, localizada às margens do Rio Cuieiras, zona rural de Manaus, entrou para a história como a primeira mulher indígena a representar a Seleção Brasileira na modalidade de tiro com arco em Jogos Pan-Americanos.
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Yaci faz parte do Projeto Arquearia Indígena, da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), cuja iniciativa é voltada a jovens de comunidades do Amazonas. Desde 2014 no projeto, ela acumula conquistas significativas, como os Jogos Sul-Americanos de 2018, na Bolívia, no qual ganhou duas medalhas de ouro, e o Grand Prix de Tiro com Arco no México, que lhe rendeu uma medalha de prata.
Nas redes sociais, a arqueira compartilha a rotina de treinos. Em uma das publicações recentes, ela celebra a trajetória no esporte, ao mostrar um treinamento no Centro de Treinamento da Confederação Brasileira de Tiro com Arco (CBTARCO), em Maricá (RJ). “Treinar junto dos melhores arqueiros do Brasil me motiva a querer crescer e melhorar sempre”, diz.
Revelação da arquearia
Do povo Karapãna saiu mais uma revelação do tiro com arco, o atleta Gustavo Santos, que também teve iniciação no Projeto Arquearia Indígena. O jovem, de 25 anos, já conquistou na jornada esportiva uma série de medalhas que lhe renderam a convocação, em 2022, para a Seleção Brasileira da modalidade.
Atualmente, o arqueiro treina para os Jogos Olímpicos, mas relembra o início da trajetória, quando começou a competir. “A FAS é uma das minhas principais parceiras. Foram eles que acreditaram na gente e nos mandaram às competições, mesmo quando tínhamos um nível baixo, competíamos e não ganhávamos nada“, recorda o atleta.
Canoagem no pódio
A canoagem indígena também se fortaleceu nos últimos anos no Amazonas. Um dos destaques é a atleta da etnia Kambeba Thais Pontes Yacitua, medalhista de ouro na Copa Brasil Controle Nacional e no Campeonato Interclubes de Canoagem Velocidade, realizados em Minas Gerais e na Bahia, respectivamente.
O talento para o esporte é de família. Assim como Yacitua, os irmãos dela, Antônio Weu e Tailo Xirir, também trilham uma jornada de conquistas na canoagem. Eles já foram convidados a participar de competições nacionais após se destacarem no 2° Campeonato de Canoagem Indígena, organizado pela FAS em parceria com a Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa) e a Embaixada da Irlanda.
Atualmente, o objetivo dos jovens atletas é a classificação para as Olimpíadas de Paris, em 2024. “Eu vou treinar de tarde e de manhã para ver se eu consigo chegar a uma Olimpíada Mundial”, afirma Antônio Weu.
Projeto desportivo
Há 15 anos, a Fundação Amazônia Sustentável (FAS) desenvolve e apoia projetos que reforçam os valores culturais dos povos originários. Criado pela instituição, o Projeto Arquearia Indígena treina jovens em comunidades do Amazonas para exercitar o arco e flecha como uma modalidade esportiva.
Em uma década de vigência do projeto, a Arquearia Indígena apoiou 37 atletas que participaram de 21 competições e ganharam 52 medalhas na modalidade. A iniciativa conta com o apoio da Fundação Amazonas de Alto Rendimento (FAAR) e da Federação Amazonense de Tiro com Arco (Fatarco).
Para a supervisora da Agenda Indígena da FAS, Rosa dos Anjos, os resultados são recebidos com muita alegria. “Isso nos mostra que o projeto está realmente dando certo. Nós já sabíamos do potencial desses curumins e cunhantãs e acreditamos neles“, disse.
Já o projeto Canoagem Indígena foi idealizado pela FAS e é realizado em parceria com a Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa). A iniciativa já beneficiou 68 atletas indígenas e ribeirinhos das comunidades Três Unidos, Nova Kuanã e São Sebastião, localizadas na Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Negro.
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