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Artista do Caprichoso é agredida em Manaus por usar camisa do boi: ‘Dizia que era do demônio’
Maria Lima usava uma camisa do Boi Caprichoso no momento da agressão (Reprodução/Redes sociais)
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19 de abril de 2024
Isabella Rabello – Da Revista Cenarium
MANAUS (AM) – A cantora do Boi Caprichoso Mara Lima veio a público nas redes sociais nessa quinta-feira, 18, para relatar uma agressão que sofreu por motivos de fanatismo religioso na quarta-feira, 17. Sem afirmar se o agressor foi homem ou mulher, a artista ainda mostrou as lesões no corpo e rosto, e disse que recebeu golpes e socos, além de ser ferida com uma chave de carro.
Segundo a artista, o ataque ocorreu pelo fato de ela estar vestindo uma camiseta do Boi Caprichoso, o que fez a pessoa que a atacou proferir ofensas e recorrer à violência. “Ela [a pessoa] dizia que o boi era do demônio, que era do inimigo, que eu carregava o demônio comigo”, relatou.
Mara Lima, carinhosamente chamada de Rainha dos Festivais do Amazonas, atua como cantora, intérprete e levantadora de toadas do Boi Caprichoso há mais de dez anos. Ela integra o coro na arena do Bumbódromo, sendo, atualmente, uma das principais vozes femininas do Festival Folclórico de Parintins.
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“Tenho 46 anos, nunca havia sido agredida e nunca agredi ninguém. Fui xingada, fui atacada, minha dignidade foi ferida perante várias pessoas na rua […] É inadmissível que em pleno 2024 ainda tenhamos que vivenciar certas situações“, declarou a cantora.
Veja os vídeos:
Após o episódio de agressão, a polícia foi acionada e a a pessoa autora do ataque, que não teve a identidade revelada pela cantora, foi detida e levada à delegacia para prestar depoimento.
Solidariedade
Em manifestação nas redes sociais, a Agremiação Boi-Bumbá Caprichoso prestou solidariedade a Mara Lima e afirmou que a intolerância religiosa foi transformada em agressão física.
“Mara foi agredida apenas por andar com uma camisa de boi-bumbá, tendo sua vida e o próprio bumbá associados ao demônio. A intolerância mata. Somos cultura e resistência. Respeitamos toda e qualquer forma de manifestação religiosa e a liberdade de exercê-la, lembrando sempre a laicidade do Estado: o respeito precisa ser bandeira de todos e todas. O que deve ser repreendida é toda e qualquer forma de violência, especialmente contra nossas mulheres!“, declarou.
A Agremiação Boi-Bumbá Garatindo também solidarizou-se com a artista. “O fanatismo cega, leva à violência e pode matar. Somos livres para escolhermos nossa religião e qual manifestação cultural iremos adotar, baseando-se sempre no respeito e entendendo que vivemos num país multicultural, formado por diversas crenças“, complementou.
Conforme o artigo 5º, inciso VI da Constituição Brasileira, a liberdade de manifestar a própria religião ou crença estará sujeita apenas a atitudes que firam a segurança, a saúde, a moral ou os direitos e as liberdades das demais pessoas.
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