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Ruptura: vice não apoia prorrogação de mandato do atual presidente do Garantido
Antônio Andrade e Ida Silva: juntos pela democracia, em 2020, e, hoje, separados por um projeto em que ela acredita ser danoso para a condução institucional da Associação Folclórica Boi-Bumbá Garantido (Thiago Alencar/REVISTA CENARIUM)
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27 de fevereiro de 2023
Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium
MANAUS – A empresária Ida Silva, vice-presidente da gestão “Um Só Garantido”, que tem o servidor público federal Antônio Andrade como atual presidente da Associação Folclórica Boi-Bumbá Garantido (AFBBG), lançou nota oficial condenando a proposta do mandatário de prorrogar o mandato da gestão por mais um ano. Antônio Andrade convocou assembleia-geral extraordinária para o dia 4 de março, cuja pauta é a extensão, por mais um ano, de seu período administrativo. O dirigente alega que seu mandato foi prejudicado pela pandemia. Antônio e Ida foram eleitos em 2020 para uma gestão de três anos.
Em nota, Ida Silva argumentou: “Não quero e acredito que o estatuto tem que ser cumprido. A gestão acaba em setembro, com novas eleições, e cada gestão dura três anos, sem possibilidade de reeleição. Assim está escrito. Assim deve ser cumprido. Tudo fora dessas prerrogativas tem cor e cheiro de golpe e isso está fora do que acredito”, declarou. A vice completou: “Achamos (eu e minha família) melhor me antecipar e colocar minha posição. Se a assembleia acontecer, pego o microfone e reafirmo minha posição a todos os presentes”, afirmou.
Em entrevista à CENARIUM, a vice-presidente reafirmou sua opinião e foi categórica em refutar a proposta do atual presidente: “Não tenho como apoiar isso, o Garantido possui um estatuto que rege nossa democracia, nossas eleições e nossos órgãos de ética e fiscalização financeira, pode não ser o estatuto mais bem-acabado do mundo, mas ainda é o conjunto das nossas leis. Acho, inclusive, que ele precisa ser revisto e aperfeiçoado”, opinou.
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Ida Silva apresentou questionamentos que vão além do mérito proposto por Antônio Andrade em sua tentativa de extensão do período outorgado pelo voto direto, em 2020: “Se o mandato se encerra em 2023 e, caso Antônio consiga a prorrogação, como fica o Conselho Fiscal e o Conselho de Ética? Eles foram eleitos em uma votação independente, ou seja, não faziam parte de chapa. Como fica isso, gente?” Indagou.
Abandono
Em mais um trecho da nota, Ida criticou a falta de lealdade de Antônio Andrade para com aqueles que apoiaram sua candidatura e se envolveram na gestão. “A diretoria (não se tratando dos atuais contratados) virou as costas para quem tentou, de todas as formas possíveis, amenizar o caos e também virou as costas para todos que apoiaram, de forma verdadeira e espontânea, a eleição do atual presidente. Ligações não são atendidas e perguntas são ignoradas”, lamentou a vice-presidente.
Fibra
Ida Silva é parintinense e atua no ramo de cozinha industrial no mercado manauara. Foi membro do grupo de ritmistas do Boi Garantido, conhecido, popular e oficialmente, como “Batucada Encarnada”. Por sua popularidade e ingerência em setores do boi, recebeu, em 2020, o convite de Antônio Andrade para formar a chapa “Um Só Garantido” para concorrer às eleições daquele ano.
A chapa sagrou-se vitoriosa no pleito e passou a gerir política e administrativamente o Garantido. Com a chegada da pandemia, o Festival Folclórico de Parintins foi cancelado por dois anos. Com o controle da Covid -19, o festival, finalmente, aconteceu em 2022. Na disputa, o Boi Garantido perdeu para o Boi Caprichoso, que ganhou duas das três noites disputadas.
Com a ausência do presidente Antônio Andrade na sala de apuração, no dia do resultado, coube a Ida Silva receber o troféu de vice-campeão. “Ela foi altiva como dirigente e como mulher de fibra”, declarou, à época, a sócia Raquel Palandi.
Em outro episódio considerado lamentável por sócios e torcedores, Ida Silva enfrentou, no dia seguinte à derrota, um motim de trabalhadores que cobravam o pagamento por seus serviços. A confusão generalizada aconteceu na Cidade Garantido, que foi depredada e quase incendiada.
Sozinha na condição de gestora e acuada em uma sala da administração, Ida articulou pagamentos e enfrentou, com coragem, os protestos violentos dos trabalhadores. “Fui, literalmente, ao campo de batalha (correndo até risco de morte, como muitos viram), teria, no mínimo, respeito. Entretanto, o inverso aconteceu”, criticou.
Silêncio
Procurado pela reportagem da CENARIUM, o presidente Antônio Andrade não respondeu às solicitações, até a publicação desta matéria, quanto ao posicionamento da vice-presidente Ida Silva. A REVISTA CENARIUM se coloca à disposição do gestor para esclarecimentos.
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