Associação indígena lança cartilhas em cinco línguas Yanomami para fortalecer a prevenção contra a Covid-19

Cartilha pretende levar informações aos povos indígenas para evitar novos casos de Covid-19 (Reprodução)

Luciana Bezerra – Da Revista Cenarium

MANAUS – A pandemia do novo Coronavírus ainda não acabou e medidas preventivas como lavar as mãos, usar máscara e o distanciamento social devem ser preservados até o surgimento de uma vacina contra a Covid-19.

Para reforçar esses cuidados, principalmente devido ao relaxamento da população, a Associação Hutukara Yanomami lançou, em meados de outubro, uma cartilha em quadrinhos com recomendações contra a Covid-19 traduzida em seis línguas Yanomami (Yanomam, Yanomami, Ninam, Sanoma e Ye’kwana) para fortalecer o combate à doença nas aldeias Yanomami.

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De acordo com dados do Distrito Sanitário Yanomami (Dsei-Y), até o momento, quase 900 indígenas foram contaminados pela Covid-19 e sete morreram em decorrência da doença. No entanto, de acordo com a Rede Pró-Yanomami e Ye’kwana, há 1.050 casos confirmados, nove óbitos e 12 óbitos suspeitos.

O diretor da Hutukara, Dário Kopenawa, afirmou que ao todo foram produzidos 90 banners e 2.300 cartilhas em quadrinhos, que estão sendo distribuídos em mais de 70 comunidades localizadas na Terra Indígena Yanomami. 

Parte do modelo da cartilha (Divilgação/ Associação Hutukura Yanomami)

“Estamos enviando informação para dentro das comunidades indígenas, em várias línguas, explicando como é a transmissão e como se prevenir da Covid-19. É importante informar como chega essa ‘xawara’ [epidemia, fumaça, em português – levada pelo não indígena] nas aldeias e isso mostra também a grande responsabilidade da Hutukara na defesa dos direitos dos povos à saúde e informação”, disse o diretor da organização.

Kopenawa afirmou ainda que no território, que se estende por 96.650 quilômetros quadrados nos estados de Roraima e Amazonas, vivem mais de 27 mil indígenas.

A iniciativa tem parceria com o Instituto Socioambiental (ISA) e foi coordenada pela antropóloga e pesquisadora do ISA, Ana Maria Machado, especialista e falante da língua Yanomam.

Segundo a pesquisadora, a pandemia chegou em diversas comunidades Yanomami, por isso, o acesso à informação é fundamental para essas comunidades. O material foi elaborado conforme a localização e as particularidades das aldeias.

“Não adianta, por exemplo, orientar os indígenas a lavar a mão com água e sabão, usar álcool em gel e ficar em casa quando em uma única maloca moram mais de 100 pessoas e não há produtos de higiene para todos”, explicou Ana Maria.

A pesquisadora destaca ainda que as orientações dadas aos Yanomamis e Ye’kwana são para não visitar outras aldeias, não ir à cidade e isolar pessoas que apresentem algum sintoma da Covid-19. As explicações contidas na cartilha são de acordo com os protocolos de segurança da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde.

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