‘Atuaremos para que o garimpo deixe de existir’, afirma superintendente do Ibama no Amazonas

Joel Bentes, superintendente do Ibama (Jander Souza/REVISTA CENARIUM)
Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium

MANAUS – O novo superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), no Amazonas, Joel Bentes, afirmou que o Ibama não irá compactuar com o garimpo em terras indígenas e regiões do Estado e que vai trabalhar para que a atividade ilegal deixe de existir. Ele defendeu também, em entrevista à REVISTA CENARIUM, nesta quinta-feira, 2, que seja feito um novo concurso público para o órgão e uma parceria com a Polícia Federal (PF) no combate a outros crimes ambientais.

O Ibama e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) foram desmantelados na gestão Bolsonaro. Os dois órgãos ambientais são essenciais na fiscalização e no combate aos crimes ambientais na Amazônia, segundo ambientalistas. No final do ano passado, o Ibama correu risco de ter uma paralisação total de suas atividades, por conta do bloqueio de verbas causados pela equipe econômica de Bolsonaro.

“O garimpo é uma das atividades que tem crescido no Estado do Amazonas. O desmatamento cresceu muito e a exploração e o comércio ilegal de madeira cresceram muito. Os problemas com a biopirataria e o tráfico de animais são pautas que ligam o Ibama com a Polícia Federal, mas, com certeza, o garimpo está em um momento de visibilidade. Então, as instituições têm focado na questão do garimpo, especialmente, por tudo o que aconteceu na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, e por tudo o que aconteceu no Vale do Javari. Terá um combate específico. Nós não compactuamos com a continuidade do garimpo ilegal e vamos atuar em várias frentes para que o garimpo deixe de ocorrer no Estado do Amazonas”, afirmou o superintendente.

PUBLICIDADE
Joel Bentes em entrevista à TV Cenarium Amazônia sobre a situação do Ibama no Amazonas (Jander Souza/REVISTA CENARIUM)

Recursos Humanos

Em dezembro do ano passado, uma reportagem do Jornal Folha de São Paulo mostrou que a redução de pessoal, no Ibama, na gestão Bolsonaro, afetou os nove Estados da Amazônia Legal (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins). Somados Ibama e ICMBio, o quadro de servidores que atuavam na área foi reduzido em 40% entre 2018 e 2022.

O Bolsonaro teve dois ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que deixou o cargo sob investigação do STF e, hoje, é deputado federal eleito, e Joaquim Leite. Ambos impuseram a agenda do “passar a boiada”, com ações contrárias ao objetivo da pasta, e o País bateu recordes de incêndios e desmatamento.

“Nós estamos atuando na reconstrução do Ibama, numa aproximação com a imprensa, numa aproximação com outras instituições. Então, essa integração é fundamental. Muitos problemas internos foram encontrados e um deles é a falta de atuação do Ibama, o que é de sua competência. Nós estamos no processo de restruturação e a gente espera poder melhorar bastante a atuação do Ibama no Estado do Amazonas e nos outros Estados para que haja uma integração nas ações do instituto”, defendeu o superintendente.

Polícia Federal e Ibama realizam incursão em terras indígenas (Reprodução/PF)

Parceria com a PF

As ações de combate aos crimes ambientais na região da Amazônia são feitas junto com a Polícia Federal. Nessa quarta-feira, 1° de março, tomou posse o novo superintendente Umberto Ramos. A nova gestão é considerada estratégica para Joel Bentes.

“Muitas das nossas competências também são competências da Polícia Federal, em termo de proteção ambiental. Então, a gente precisa ajustar. Eu estive com o superintendente Umberto Ramos, já na região do Vale do Javari, e ele se mostrou muito preocupado com a situação do garimpo na região, principalmente, àqueles que atingem as comunidades indígenas, as terras indígenas e assim por diante. Tem uma série de pautas que interessam à Polícia Federal e a gente precisa se aproximar, e já existe o interesse por parte da PF e também já temos um trabalho em conjunto”, afirmou Bentes.

Enfraquecida

Ao tomar posse nessa terça-feira, 28, o novo presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, afirmou que a nova gestão trabalha em uma estrutura “muito menor” do que gostariam, e que precisará se “desdobrar” para realizar as atividades.

Agostinho destacou o combate ao desmatamento e ao incêndio florestal como uma das prioridades e desafios do órgão fiscalizador. “Estamos trabalhando para, de forma muito criativa, conseguir trabalhar com uma estrutura muito menor que gostaríamos. Mas a gente vai se desdobrar, tenho certeza da capacidade de todos, aqui”, afirmou Agostinho.

Perfil

O analista ambiental Joel Bentes de Araújo Filho é natural de Parintins, no Amazonas. Ele foi nomeado pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, como superintendente substituto do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Amazonas.

Joel Bentes de Araújo Filho é graduado em Geografia pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e especialista em Gestão Ambiental pela Faculdade da Serra (FASE). Cursa mestrado profissional em Gestão de Áreas Protegidas (MP-GAP) no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

Atualmente, é analista ambiental e agente ambiental federal do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis-AM (Ibama). Tem experiência na área de Geografia e Gestão Ambiental, com ênfase em Meio Ambiente e Recursos Naturais, atuando, principalmente, nos seguintes temas: educação ambiental, legislação ambiental, gestão ambiental, unidades de conservação, Parintins e resíduos sólidos.

PUBLICIDADE

O que você achou deste conteúdo?

Compartilhe:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.