Ausência de pessoas em salões de beleza de Manaus chama atenção durante festas de fim de ano

Victória Sales – Da Revista Cenarium

MANAUS – Para comemorar as festas de fim de ano, muitas pessoas costumam frequentar salões de beleza e barbearia para garantir uma mudança no visual. Há alguns anos, na semana entre a véspera do Natal e Ano Novo, por exemplo, esses espaços estariam lotados e, na maioria deles, só seria possível atendimento com agendamento prévio. Mas, essa realidade vem mudando com o aumento de preço de itens essenciais e afastando as pessoas desses estabelecimentos.

De acordo com a proprietária de uma salão de beleza localizado no bairro Alvorada, zona Oeste de Manaus, Bruna Lopes, a procura por serviços, no estabelecimento, diminuiu nesse período, em vez de aumentar, como geralmente acontece. “Muitas pessoas optam por serviços até mais baratos, e olha que eu não considero o meu serviço algo caro, ele é bem acessível para o preço que eu poderia cobrar”, relata.

Bruna explica, ainda, que apesar de estar com a agenda quase cheia, muitas ainda são clientes fiéis que conseguiram ‘dar um jeito’ de fazer algum procedimento. “No ano passado, tinha muito mais procura que este ano. Nesse período, ficaram somente as mais fiéis mesmo, que é quem já tem uma rotina de fazer os serviços estéticos”, destaca.

Escolhas

Para a estudante Manuela Dias, ir ao salão de beleza sempre foi uma rotina, principalmente, durante as festas de fim de ano, mas, agora, ela vai priorizar outros itens do orçamento. “Eu sempre me programei para fazer algum procedimento no meu cabelo e nas minhas unhas, nesse período, assim como a minha família também, mas este ano o procedimento que eu queria fazer está custando R$ 300 e eu não tenho como gastar esse valor sabendo da dificuldade para comprar outras coisas que ainda são prioridades”, explicou.

A design Catarine Hak conta também que ir ao salão de beleza sempre foi uma realidade, mas desde que o preço de alimentos básicos aumentaram, assim como os combustíveis, os serviços de estética ficaram em segundo plano.

“Todos os anos eu ia ao salão junto com a minha mãe e a minha irmã, mas, infelizmente, este ano não vai ser possível pela dificuldade financeira e também pelas prioridades que a minha família tem no momento. Minha mãe prefere gastar o dinheiro que seria utilizado com esses procedimentos para comprar comida para a ceia de Natal, e até eu tive que abdicar dos serviços para colocar gasolina no meu carro”, contou.

O comunicólogo Lucas Oliveira, de 29 anos, lembrou que precisou cortar algumas coisas após o seu orçamento ficar apertado. “Eu sempre tive dois empregos e, recentemente, saí de um. Como meu orçamento ficou limitado, fui cortando alguns gastos. Antes eu cortava o cabelo, por exemplo, toda semana ao preço de R$ 50. Mas hoje, o meu barbeiro aumentou para R$ 60 e eu já senti o impacto. Agora, corto a cada 20 dias e economizo R$ 120”, disse.

Subida de preço

Citado pela design, um dos setores que mais teve reajustes foi o de Transportes, com um aumento no preço dos combustíveis, principalmente da gasolina. De janeiro a dezembro, o acumulado atingiu 21,35%, com 16 alterações de preço ao longo do ano, mas somente cinco reduções. A alta acumulada é de 68,6%, segundo dados da Petrobras. Abaixo do setor de Transportes, vem os serviços de Habitação, Alimentação e Bebidas, com alta acumulada de 14,67%.