Bandeira do Brasil substitui material de campanha e vira selo de ‘bolsonarismo’ no Sul do País

Bandeiras do Brasil à venda em loja da Havan, cujo dono, Luciano Hang, é aliado de Bolsonaro - (Caue Fonseca/Folhapress)
Com informações da Folhapress

MANAUS – Mesmo que Jair Bolsonaro (PL) tenha conquistado 56% dos votos em Chapecó, no oeste de Santa Catarina, é raro se deparar na cidade com um adesivo do presidente e candidato à reeleição.

Mais raro ainda é encontrar material de campanha de Jorginho Mello (PL), nome bolsonarista ao governo do estado contra Décio Lima (PT). Lá, onipresente mesmo, durante as eleições, é a bandeira do Brasil.

Turbinado pelos atos do 7 de Setembro, o símbolo está em sacadas e janelas de casas e carros, tornando-se um rótulo de que naquela residência, veículo ou estabelecimento comercial há um eleitor de Bolsonaro.

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A princípio uma marca dos protestos pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2016, o símbolo nacional foi apropriado pelo bolsonarismo e hoje aparece como trunfo visual da campanha.

Bandeiras do Brasil à venda em loja da Havan, cujo dono, Luciano Hang, é aliado de Bolsonaro
Bandeiras do Brasil à venda em loja da Havan, cujo dono, Luciano Hang, é aliado de Bolsonaro – Caue Fonseca/Folhapress

Uma loja de estofados no centro na cidade cuja proprietária preferiu não se identificar vende modelos que vão de R$ 49 a R$ 400, a depender do tamanho e do material de fabricação. As mais caras são as fabricadas com tecido resistente e que têm o símbolo nacional estampado na frente e no verso, ideais para serem hasteadas.

Segundo a dona do estabelecimento, as vendas das bandeiras, oferecidas na loja desde o 7 de Setembro do ano passado, explodiram em 2022. A expectativa dela é que a procura aumente com uma eventual reeleição do presidente e a participação do Brasil na Copa do Mundo, que começa no final de novembro.

Bandeira do Brasil em sacadas de Chapecó, em Santa Catarina
Bandeira do Brasil em sacadas de Chapecó, em Santa Catarina – Caue Fonseca/Folhapress

Nas lojas da Havan, cujo dono, Luciano Hang, é apoiador de Bolsonaro, a bandeira está por todos os lados, em camisetas, mantas, bolas de futebol e de vôlei, almofadas, copos e capacetes de moto e de bicicleta.

Assim, o símbolo nacional vai tomando o lugar da Estátua da Liberdade nos materiais de divulgação da Havan. Na parte externa das duas lojas em Chapecó, há bandeiras do Brasil em vez do ícone americano.

Em julho, a juíza Ana Lúcia Todeschini Martinez, titular de um cartório eleitoral na região das Missões, no Rio Grande do Sul, gerou polêmica em uma entrevista ao afirmar que a bandeira havia se tornado uma marca de “um lado da política” e, portanto, deveria obedecer a regramentos eleitorais.

No dia seguinte, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul decidiu que símbolos nacionais não poderiam ser considerados objetos de cunho partidário.

Na ocasião, Bolsonaro postou no Twitter que restringir a bandeira do Brasil seria “absurdo”. “Não tenho culpa se resgatamos os valores e os símbolos nacionais que a esquerda abandonou para dar lugar a bandeiras vermelhas.”

Ainda antes do início oficial da campanha, artistas ligados à esquerda tentaram promover o que chamaram de um resgate da bandeira brasileira, para desvinculá-la do bolsonarismo. Até agora, em vão.

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