Bolsa tem forte queda e dólar chega a R$ 5,15, com preocupações sobre crescimento e juros

Ambiente negativo no exterior volta a pesar contra os ativos domésticos, no início desta segunda-feira (Reprodução/Nur Photo/Getty Images)

Com informações do InfoGlobo

RIO – A Bolsa tem forte queda enquanto o dólar opera com alta ante o real, nesta segunda-feira, 9. Os ativos domésticos seguem pressionados pelo ambiente negativo no exterior, com os investidores temendo um cenário de desaceleração do crescimento global em meio a um processo de altas de juros em várias economias desenvolvidas.

Por volta de 14h50, o Ibovespa caía 1,05%, aos 103.509 pontos. No mesmo horário, a moeda americana tinha alta de 1,21%, negociada a R$ 5,1364 após atingir a máxima de R$ 5,1571.

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A adoção de uma política monetária mais rígida, nos Estados Unidos, e a aversão ao risco provocada pelas medidas de restrição impostas na China e pela continuidade da guerra entre Rússia e Ucrânia promovem uma valorização da divisa nas últimas semanas.

— Por trás do mau humor de investidores, seguimos encontrando preocupações com um cenário de economia robusta, de um lado, e pressões inflacionárias e elevação de juros do outro — destaca a chefe de economia da Rico Investimentos, Rachel de Sá.

Para Rachel, o receio de uma potencial recessão adiante na economia americana, em meio ao conflito no Leste Europeu sem um fim aparente e os lockdowns ainda vigentes na China, acabaram ofuscando parte dos resultados positivos divulgados por empresas no primeiro trimestre do ano. 

Receios com crescimento e juros

No pregão, dados da balança comercial chinesa de abril, que indicaram desaceleração, serviram para intensificar os receios dos agentes de mercado.

As exportações, no País asiático, cresceram 3,9%, em abril, em comparação ao mesmo mês do ano anterior, após avançar 14,7%, em março, também na base de comparação anual.

Apesar de negativo, o número veio em linha com as expectativas. No entanto, os dados elevam os receios sobre os efeitos negativos do lockdown para a economia chinesa, polo importante da rota de comércio global.

“Vale ainda dizer que essas variações superaram as expectativas, dado que projeções estavam incorporando resultado muito fraco, refletindo os lockdowns em diversas províncias do País, no mês passado”, destacaram os analistas do Bradesco sobre os números chineses, em boletim matinal.

Os gargalos na cadeia global de suprimentos, que ainda se recuperava dos efeitos dos dois últimos anos de pandemia, tendem a se intensificar, alimentando uma inflação já alta e persistente.

E isso ocorre em um ambiente com revisões de expectativas de crescimento global para baixo e com bancos centrais importantes elevando os juros.

Na semana passada, além do Federal Reserve, Banco Central americano, e do nosso Banco Central (BC), autoridades monetárias da Inglaterra e da Austrália também elevaram suas taxas.

Na cena interna, os investidores ainda repercutem a divulgação de novos balanços corporativos do primeiro trimestre.

Itaú: lucro de R$ 7,361 bi

O Itaú Unibanco reportou lucro líquido recorrente de R$ 7,361 bilhões no primeiro trimestre, alta de 2,8% ante o trimestre imediatamente anterior e avanço de 15% na comparação com o mesmo período do ano passado.

O lucro contábil do Itaú ficou em R$ 6,743 bilhões, no primeiro trimestre, alta de 8,2% ante o mesmo período de 2021 e queda de 24,5% na margem.

As despesas de Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa (PDD) registraram alta de 7,8%, devido à expansão da carteira de crédito do varejo. As ações preferenciais do Itaú (ITUB4, sem direito a voto) cediam 1,98% e as do Bradesco (BBDC4) subiam 1,77%.

Vale e siderúrgicas caem

As ordinárias da Petrobras (PETR3, com direito a voto) caíam 3,64% e as preferenciais (PETR4), 2,06%.

As ordinárias da Vale (VALE3) caíam 4,40% e as da Siderúrgica Nacional (CSNA3), 3,96%. As preferenciais da Usiminas (USIM5) tinham queda de 1,82%.

Petróleo tem queda

Os preços dos contratos futuros do petróleo operavam com queda pela manhã. O movimento é influenciado pelos temores com a demanda, devido aos lockdowns na China, importante importador de petróleo no mundo.

Do lado da oferta, a Arábia Saudita, o maior exportador de petróleo do mundo, baixou os preços da commodity para a Ásia e a Europa em junho.

Por volta de 14h40, no horário de Brasília, o preço para o contrato de julho, do petróleo tipo Brent, caía 5,54%, cotado a US$ 106,16 o barril. Já o preço para o contrato de junho, do tipo WTI, cedia 5,90%, negociado a US$ 103,29 o barril.

Bolsas no exterior

As bolsas americanas apresentavam mais um dia de fortes baixas. Por volta de 14h50, em Brasília, o índice Dow Jones caía 1,35% e o S&P 2,39%. A Bolsa Nasdaq cedia 3,53%.

Na Europa, as bolsas fecharam com quedas. A Bolsa de Londres caiu 2,32% e a de Frankfurt 2,15%. Em Paris, ocorreu baixa de 2,75%.

As bolsas asiáticas fecharam com direções contrárias. O índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, caiu 2,53%. Na China, houve leve alta de 0,09%, enquanto em Hong Kong, o mercado permaneceu fechado.

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