Bolsonaro fala sobre Amazônia, violência de campo e investimentos em tecnologia em discurso na assembleia da ONU

Ívina Garcia – Da Revista Cenarium

MANAUS – O presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), discursou durante 22 minutos na abertura da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na manhã desta terça-feira, 20, em Nova Iorque.

O chefe de Estado, que participa pela quarta vez do congresso, iniciou o discurso citando a pandemia da Covid-19 e afirmando que não poupou esforços para salvar vidas e preservar empregos. Ainda durante o discurso, o presidente citou dados sobre Amazônia, violência de campo e investimentos em tecnologia.

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Bolsonaro reforça o discurso contra a imprensa e sugere que dados sobre desmatamento, divulgados por meio de institutos de pesquisa, estão equivocados. “Dois terços de todo o território brasileiro permanecem com vegetação nativa, que se encontra exatamente como estava quando o Brasil foi descoberto, em 1500. Na Amazônia brasileira, área equivalente à Europa Ocidental, mais de 80% da floresta continua intocada, ao contrário do que é divulgado pela grande mídia nacional e internacional”, afirma o presidente.

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Nas rede sociais, a Anistia Internacional, organização com mais de 10 milhões de pessoas e realiza ações e campanhas para que os direitos humanos internacionalmente sejam reconhecidos, respeitados e protegidos em 150 países, rebateu a fala do presidente.

“Outra vez, Bolsonaro mente sobre a Amazônia: O desmatamento da floresta bateu recordes em sua gestão, e junto com ele, aumentaram também a violência contra povos indígenas e tradicionais. A floresta hoje queima e sangra diante da omissão do Estado“, escreveu.

Dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), mostram que nos últimos 12 meses, de agosto de 2021 a julho de 2022, foram derrubados 10.781 km² de floresta, o que equivale a sete vezes a cidade de São Paulo.

Violência de campo

Ainda no discurso, Bolsonaro cita o aumento na regularização fundiária. “No meu governo, entregamos 400 mil títulos rurais, 80% deles para as mulheres”, disse o presidente. De acordo com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), somente este ano, 124.954 documentos foram entregues para produtores rurais em todo o Brasil.

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Sem citar dados, Bolsonaro afirmou que a violência no campo também caiu. A REVISTA CENARIUM havia mostrado em junho, durante início das investigações acerca dos assassinatos de Bruno Pereira e Dominick Phillips, que, de acordo com o relatório da Comissão Pastoral da Terra (CTP), até maio de 2022, 19 pessoas foram assassinadas em conflitos no campo no Brasil. O número já havia chegado a metade (54%) do registrado em todo o ano de 2021, quando 35 assassinatos por conflitos de campo foram registrados.

Tecnologia e 5G

“Aprimoramos os serviços públicos com redução de custos e investimento em ciência e tecnologia. Hoje, por exemplo, o Brasil é o sétimo País mais digitalizado do mundo: são 135 milhões de pessoas que acessam 4.900 serviços do meu governo. O Brasil foi pioneiro na implantação do 5G na América Latina”, afirmou no presidente, baseado no ranking GovTech Maturity Index 2020, que colocou o Brasil à frente de países como Austrália, Noruega, Canadá e dos EUA.

A responsabilidade por esse trabalho de modernização do serviço são das empresas públicas Dataprev e Serpro, não citadas pelo presidente, e que estão na mira da equipe do Ministério da Economia para desestatização.

Bolsonaro também citou o avanço do acesso à internet em comunidades rurais e indígenas. “Levamos internet a mais de 11 mil escolas rurais e a mais de 500 comunidades indígenas“. De acordo com dados do Ministério das Comunicações, existem 19.296 pontos de internet no País, por meio do “Programa Wi-Fi Brasil”. Pelo menos 14 mil deles em áreas rurais em todo o País, correspondendo a 73% dos pontos.

Na Região Norte, são 4.638 pontos totais, distribuídos pelos sete Estados. Para o Amazonas, o presidente havia divulgado, em parceria com o empresário Elon Musk, a implantação de programa digital com uma rede de satélites para levar internet a 19 mil escolas em áreas rurais e monitorar a Amazônia, mas até o momento, contratos e informações sobre a parceria não foram divulgados.

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O encontro, ocorrido em maio, em um hotel de luxo no interior de São Paulo, contou com a presença do Ministro das Comunicações, Fábio Faria, e os ministros Ciro Nogueira, da Casa Civil, Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, Paulo Sérgio, do Ministério da Defesa, Joaquim Leite, do Meio Ambiente e Carlos França, das Relações Exteriores, mas não contou com a presença de representantes ribeirinhos e indígenas.

Bolsonaro tem visita agendada a Manaus para participar da terceira edição do Seminário 5G.BR, que acontece no próximo dia 22 de setembro, promovido pelo Ministério das Comunicações. Especialistas e autoridades participam do evento que ocorre no Centro de Convenções Vasco Vasques, a partir das 9h. A abertura será realizada pelo Ministro das Comunicações, Fábio Faria.