Candidato Bolsonaro intensifica fake news com ataques a Lula e PT em culto evangélico em SP

A uma semana da eleição, Bolsonaro parte para o ataque em culto evangélico lotado, em São Paulo (Guilherme Caetano/Reprodução)
Com informações do Infoglobo

SÃO PAULO – A sete dias da eleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) intensificou a campanha em templos religiosos, com um discurso repleto de ataques à esquerda, num culto evangélico na manhã deste domingo, 23, em São Paulo.

Bolsonaro discursou para milhares de pessoas em um templo da Igreja Mundial do Poder de Deus, no Brás, na região central da capital paulista, ao lado do pastor Valdemiro Santiago. Em clima de comício, ele afirmou, falsamente, que a esquerda defende a liberação das drogas, do aborto e da sexualização infantil, e colocou em xeque o pagamento de aposentadorias caso o “outro lado” vença as eleições.

Veicular propaganda de qualquer natureza e fazer ataques a outros candidatos em templos, igrejas e terreiros é proibido pela Justiça Eleitoral. Esses locais são considerados pela lei como bens de uso comum, onde há restrições para a realização de campanhas eleitorais.

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Bolsonaro afirmou que o PT quer a “destruição da família”. Segundo ele, para facilitar que as pessoas se tornem dependentes de subsídios estatais. Ele criticou os valores concedidos pelo Bolsa Família, anos atrás, e declarou, falsamente, que o valor de R$ 600 do Auxílio Brasil é devido à falta de corrupção em seu governo, pois teria, segundo ele, sobrado mais dinheiro para repassar à população sem os escândalos que atingiram os governos do PT.

“O outro lado fala abertamente em liberar as drogas no Brasil. O que é a ideologia de gênero? A criança decide qual sexo ela vai ter no futuro. A criancinha, ela pode ir num banheiro de meninos e meninas, tudo misturado, e é legal. O outro lado perverte as nossas crianças, não tem respeito com as nossas criancinhas. Isso está num decreto de 2009. Quem estava na Presidência em 2009?”, declarou, em referência a um decreto que, na prática, não existe.

Nas vezes em que fazia referência ao adversário Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sem citá-lo nominalmente, a plateia reagia com gritos de “Lula ladrão”. Alguns fiéis vestiam camisas da seleção brasileira de futebol e levaram faixas em apoio ao presidente.

Valdemiro apresentou Bolsonaro no palco como o “escolhido de Deus” e pediu bênção ao presidente. À frente de uma decoração alusiva à campanha bolsonarista, o pastor elogiou a economia sob o comando do ministro Paulo Guedes e afirmou que, se a economia estiver mal, a arrecadação do dízimo despenca.

De novo sem citar Lula, o presidente mencionou uma suposta declaração do petista contra o mercado financeiro para dizer que a economia pode desmoronar caso o adversário vença a eleição — e, assim, colocando o pagamento de benefícios em risco.

“Se a economia não rodar, além do dízimo que ele falou aqui, quem é aposentado não vai receber a sua aposentadoria. O aposentado rural, por exemplo, que deve ter alguns aqui, são alguns milhões, vão deixar de receber sua aposentadoria”, afirmou.

O ex-ministro da Infraestrutura e candidato bolsonarista ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) acompanhou o presidente e fez um discurso com forte apelo religioso. Ele associou Lula ao “mordomo infiel”, personagem corrupto de uma parábola bíblica, repetiu passagens do evangelho e criticou “pessoas que são influenciadas por artistas” na hora de votar.

Tarcísio deu “explicação divina” à recuperação econômica pós-pandemia, sem levar em conta o alto número de mortes por Covid-19 no País, e relacionou as notícias positivas à religiosidade de Bolsonaro.

“Pela primeira vez, eu vi um presidente da República levar a igreja para dentro do Palácio do Planalto”, afirmou, sob aplausos.

Neste domingo, o presidente tem uma transmissão ao vivo com apoiadores, às 15h e, às 21h30, uma sabatina na TV Record, já que Lula decidiu não participar do que seria, inicialmente, um debate entre ambos.

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