Candidatura de Lula à Presidência é oficializada de forma unânime pelo PT; Alckmin é vice na chapa

Com informações da Folha de S.Paulo

SÃO PAULO – O Partido dos Trabalhadores aprovou por unanimidade o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência e o do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) para a vice, na chapa, nas eleições de outubro deste ano, em convenção nacional da legenda realizada em São Paulo nesta quinta-feira, 21.

A convenção aprovou a chapa Lula-Alckmin e delegou à executiva os encaminhamentos necessários junto à federação entre PT, PCdoB e PV.

A convenção nacional da sigla se limitou a uma reunião da executiva nacional do partido. O ex-presidente não participou da convenção, que foi fechada à imprensa. Ele cumpriu agendas na cidade de Recife, em Pernambuco, nesta quinta-feira.

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Em seguida, foi realizada, em São Paulo, a convenção da federação entre os partidos PT, PCdoB e PV. A federação também aprovou, por unanimidade, a chapa Lula-Alckmin — agora, eles são, oficialmente, os candidatos da federação.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, informou ao petista e ao pessebista da decisão, assim que ela foi tomada e transmitiu aos presentes na convenção os agradecimentos dos dois.

O ex-presidente Lula e seu vice na chapa, Geraldo Alckmin
O ex-presidente Lula e seu vice na chapa, Geraldo Alckmin (Carla Carniel/Reuters)

À imprensa, Gleisi disse ainda que a coligação com os sete partidos em torno da candidatura de Lula também foi aprovada na convenção e que foi delegada à executiva nacional da federação poderes para discutir com demais legendas que possam integrar a aliança.

Até o momento, apoiam o petista os partidos PT, PSB, PSOL, Rede, PCdoB, PV e Solidariedade. Segundo Gleisi, foi tirada na convenção a meta de ampliar esse leque de alianças.

Entre petistas, a avaliação é que é preciso manter o diálogo com partidos para ampliação dessas alianças em um eventual segundo turno.

Lula sabe que não deve contar com apoios formais de MDB e PSD no primeiro turno das eleições. O MDB deve oficializar a candidatura de Simone Tebet, apesar de uma ala do partido ainda pressionar pelo apoio imediato ao ex-presidente. Já o PSD de Gilberto Kassab deve ratificar a neutralidade na disputa.

Gleisi afirmou também que o Brasil enfrenta um “momento muito difícil” e que a eleição deste ano não é “normal, como foram as outras”.

“Nós fazíamos o debate na política, no projeto, na proposta. Essa é uma eleição que traz elementos duros à democracia brasileira, o ódio como instrumento da política, por exemplo.”

Secretário-geral do PT, o deputado federal Paulo Teixeira diz que as ameaças de Bolsonaro foram objeto de debate na reunião.

Segundo ele, a avaliação é que não se deve deixar intimidar. O deputado afirma que não se pode superestimar nem subestimar a atitude do presidente. Essa, diz, não pode ser a pauta da campanha.

Ainda de acordo com o parlamentar, defendeu-se a elaboração de uma agenda de Geraldo Alckmin mais focada para São Paulo.

De acordo com membros do partido, só em setembro será possível mensurar o impacto da PEC com ampliação de benefícios sociais aprovada no Congresso com iniciativa do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Por causa da polarização que marcará o pleito deste ano, petistas afirmam que é possível, nos próximos meses, também atrair votos dos indecisos.

Com a oficialização da candidatura, Lula deverá priorizar agendas em Estados que a campanha definiu como prioritários, entre eles Paraná, Pernambuco e Bahia, além dos Estados do Sudeste.

A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) afirma que o partido nem discute se a eleição será resolvida em primeiro ou segundo turno. “Qualquer turno é nosso”, diz.

Para ela, o que é preocupante, no momento, é a escalada de violência política e as ameaças de raiz golpista de Bolsonaro e seus aliados.

A parlamentar diz ainda que é preciso atuar para que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), permita que um debate sobre esses rompantes seja realizado no Congresso. “Se o Lira quer continuar na canoa de Bolsonaro, fique sozinho, não comprometa a missão institucional da Câmara de defender a Constituição”.

Antes da reunião, a presidente nacional do PT afirmou que o encontro seguiria rito protocolar.

“Acordamos entre os partidos [da coligação], que se fosse para [Lula] participar da [convenção] do PT, todos os outros também iam querer. Nós acordamos que faríamos, protocolarmente, as nossas convenções e a convenção que participaríamos seria a do PSB, que vai homologar a candidatura de Alckmin para vice”, disse.

A convenção nacional do PSB será realizada no próximo dia 29, em Brasília. Lula irá participar do encontro.

Na última pesquisa Datafolha, divulgada em junho, Lula aparece com 19 pontos de vantagem sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL), marcando 47% das intenções de voto no primeiro turno. Bolsonaro tem 28%, seguido por Ciro Gomes (PDT), com 8%.

De acordo com dirigentes do PT, o Estado do Rio de Janeiro se tornou uma das fontes de preocupação da campanha petista à Presidência. Lá foi detectada uma reação de Bolsonaro que deve ser detida no intuito de evitar o segundo turno.

O comando do PT também constatou uma ofensiva do bolsonarismo, em São Paulo e, por isso, Lula deverá fazer agendas com o pré-candidato ao Governo de São Paulo Fernando Haddad (PT), Alckmin e Márcio França pelo Estado.

Até a primeira quinzena de agosto, estão sendo costuradas agendas de Lula em São Paulo, como um ato na USP e outro na região de Osasco.

Há ainda um problema que impacta na campanha de Lula à Presidência: a falta de recursos. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ainda nem aprovou proposta encaminhada pelo partido para liberação do fundo eleitoral.

A expectativa é que os recursos só sejam liberados a partir de agosto. A avaliação do PT é que Bolsonaro, principal adversário de Lula, tem vantagem de estar na Presidência e contar com a máquina administrativa.

Além disso, o partido não dispõe de capilaridade e palanques municipais para receber Lula até as liberações de recursos. A agenda do ex-presidente tem priorizado eventos em cidades administradas pelo PT, como Juiz de Fora (MG) e Diadema (SP).

Um aliado de Lula afirma ainda que o ex-presidente precisa reforçar o discurso de possível ruptura democrática no País dadas as declarações de Bolsonaro. Na visão dele, Lula não deu uma resposta aos arroubos do presidente e de seus aliados.

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