Cardeal e intelectuais participam de seminário sobre fome na Amazônia

Dom Leonardo Steiner, cardeal da Amazônia, é um dos palestrantes da mesa-redonda sobre a fome na região (Reprodução/Franciscanos)
Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – O Arcebispo de Manaus e Cardeal da Amazônia, Dom Leonardo Ulrich Steiner, será um dos palestrantes da mesa-redonda do I° Seminário de Extensão Interdisciplinar de Filosofia e Teologia, cujo tema é “Fome na Amazônia”. O evento acontecerá em junho, no auditório Maromba da Faculdade Católica do Amazonas (FCA), na avenida Maromba, N° 79, bairro Chapada, Zona Centro-Sul de Manaus.

Além de Steiner, a mesa-redonda será composta pela professora doutora do Departamento de Ciências Sociais, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Iraildes Caldas, o professor doutor Ricardo Castro e a professora mestra Elisângela Maciel. Juntos, irão levantar debates, trocar conhecimentos e deixar impressões e opiniões sobre a fome em uma das regiões mais rica em biodiversidade do planeta.

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Pensadora da Amazônia e conhecedora da região, Iraildes Caldas será uma das quatro personalidades na mesa-redonda (Roger Matos/Revista Cenarium)

Em entrevista à REVISTA CENARIUM, a professora doutora Iraildes Caldas comentou: “Faço um recorte que considero interessante nesse debate em relação à Amazônia. Quando ela foi invadida, historicamente, pelo capital financeiro, a região sofreu com mecanismos do sistema que acumula e centraliza recursos naturais. Isso provocou a dificuldade de acesso da população à alimentação, por exemplo”, observou.

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Iraildes diz que a Amazônia era um território livre e coletivo dos povos tradicionais. “Esses povos têm dificuldade de acesso a regiões para o plantio, por conta das enchentes mais constantes pela crise climática. Isso provoca uma redução de alimentos que, agora, se concentram em farinha e peixes. Para piorar, temos a presença do mercúrio dos garimpos. Isso interfere na alimentação desses povos”, avaliou.

“Não é que a nossa região é pobre, ao contrário, a Amazônia é muito rica, mas precisa de um olhar governamental diferenciado. Existe uma disputa pelos alimentos, no entanto, é preciso entender que existe uma legislação ambiental, que causa um certo impacto na vida dos camponeses. A situação fundiária também tem um papel de pressão, já que a reforma agrária ainda não foi estabelecida”, disse.

Cartaz da Campanha da Fraternidade 2023, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) (Reprodução/Internet)

Para concluir, Iraildes Caldas sintetizou os argumentos dos quais acredita que fundamentam a insegurança alimentar. “Vários fatores interferm, entre os quais: a falta de acesso a recursos, a crise climática, a condição de mercado desfavorável e a entrada dos grandes projetos do capital, como usinas, estradas, gasodutos, entre outros”, comentou a doutora.

“A fome na Amazônia é uma combinação de tudo isso, somada à crise ambiental. Acho que a CNBB acertou ao propor a fome como tema da campanha da fraternidade 2023, já que o Brasil entrou, novamente, no ‘Mapa da Fome’. E participar da mesa-redonda será um prazer”, finalizou Iraildes.

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