Caso Vini Jr.: Polícia prende sete homens suspeitos e três são soltos logo em seguida

Boneco de Vini Jr. pendurado em uma ponte próxima ao CT do Real Madrid (Reprodução/Cope)
Da Revista Cenarium*

MADRI – A polícia da Espanha deteve, nesta terça-feira, 23, sete homens por suspeita de atos racistas contra o jogador brasileiro Vinicius Jr. Entre os presos estão três torcedores que teriam feito ofensas ao atleta durante a partida contra o Valencia, neste domingo, 21, pela LaLiga – o campeonato espanhol.

Segundo informações da emissora espanhola TVE, três jovens entre 18 e 21 anos foram liberados após prestarem depoimentos e assumirem compromisso de comparecerem a uma audiência futura.

Alvo frequente de calúnias racistas desde sua chegada à capital espanhola, em 2018, Vinicius Jr. reclamou de ter sido insultado e chamado de “macaco” na derrota por 1 a 0 para o Valencia.

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Estes ataques, denunciados pelo jogador e pelo Real Madrid, levaram a Procuradoria a abrir uma investigação por “crime de ódio”, categoria penal que, na Espanha, inclui crimes racistas.

A Comissão Antiviolência, órgão vinculado ao Conselho Superior dos Esportes, anunciou que estava examinando as imagens disponíveis para identificar os autores dos insultos para “propor as sanções correspondentes”.

Boneco

Outras quatro pessoas foram detidas na Espanha como parte da investigação sobre o boneco com o uniforme do atacante pendurado em uma ponte da capital espanhola, fim de janeiro, anunciou a polícia nesta terça-feira.

Os quatro detidos em Madri são considerados supostamente responsáveis por um “crime de ódio”. Três são “membros ativos de um grupo radical de torcedores de um clube madrileno”, acrescenta a nota.

O boneco, que tinha um uniforme de Vinicius Jr., foi pendurado para simular um enforcamento em 26 de janeiro, depois da vitória de 3 a 1 do Real Madrid contra o Atlético de Madrid pelas quartas de final da Copa do Rei. Ao lado do boneco estava uma faixa com a frase “Madri odeia o Real”.

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Vinicius Jr., do Real Madrid, reage quando Javi Guerra, do Valencia, tenta falar com ele (Pablo Morano/21.mai.2023/Reuters)

Após o ataque, o Real Madrid denunciou um “ato lamentável e repugnante de racismo, xenofobia e ódio” contra o brasileiro e afirmou que esperava a apuração “de todas as responsabilidades daqueles que participaram em um ato tão desprezível”.

A investigação, baseada principalmente em depoimentos, permitiu estabelecer que os quatro torcedores, “identificados durante partidas consideradas de alto risco dentro dos dispositivos de prevenção de violência no esporte, foram os supostos autores” do ataque, destacou a polícia.

‘Temos um problema’

O presidente da Real Federação Espanhola de Futebol, Luis Rubiales, disse “reconhecer” que existe um problema de racismo na Espanha.

“Temos um problema. A primeira coisa é reconhecer que temos um problema de comportamento, educação, racismo”, disse Rubiales na segunda-feira, 22, na Ciudad del Fútbol de Las Rozas, sede da federação, perto de Madri.

O governo espanhol pediu “uma resposta forte” aos insultos racistas sofridos pelo brasileiro e afirmou que estes gritos “não representam” os espanhóis.

“As instituições que têm de assegurar o bom funcionamento do futebol. (…) O que fazer é uma resposta contundente”, disse o ministro do Consumo, Alberto Garzón, em entrevista à rádio Radiocable.

O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, pediu “tolerância zero” ao racismo no futebol.

Pressionada

A LaLiga está pressionada a tomar atitudes concretas diante de uma cobrança mundial que inclui mensagens do presidente brasileiro, Lula (PT), da Fifa e de estrelas do esporte como os jogadores Kylian Mbappé, Rio Ferdinand e o piloto Lewis Hamilton. Todos expressaram apoio a Vinicius.

A entidade disse, em um comunicado nesta terça-feira, 23, que se sente “impotente” para enfrentar o problema, enquanto a legislação espanhola limitou suas ações a apenas detectar e denunciar incidentes racistas.

LaLiga listou uma série de incidentes contra jogadores negros, incluindo nove contra Vinicius, que não foram a julgamento por falta de provas, e pediu que a lei fosse modificada para que pudesse.

“A LaLiga está extremamente frustrada com a falta de sanções e condenações por parte dos órgãos disciplinares esportivos, administrações públicas e tribunais e administrações públicas e órgãos jurisdicionais aos quais são feitas reclamações”, afirmou em comunicado.

Vinicius se expressou frustrado por LaLiga não ter exercido pressão sobre a federação espanhola de futebol, que tem o poder de impor fechamentos e proibições de estádios, segundo fontes próximas ao jogador.

A federação pode cancelar uma partida se os insultos racistas continuarem após um período de 10 minutos em que o jogo é interrompido e a torcida avisada. Até o momento, nenhuma partida na Espanha o aplicou.

Leia também: Brasil vai acionar autoridades espanholas após caso de racismo envolvendo Vini Jr.
(*) Com informações da Folhapress
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