Célia Xakriabá é eleita presidente da Comissão da Amazônia e Povos Originários

A primeira deputada federal indígena pelo Estado de Minas Gerais, Célia Xakriabá (PSOL-MG) (Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)
Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium

MANAUS – A deputada indígena Célia Xakriabá (PSOL-MG) foi eleita na quarta-feira, 15, presidente da Comissão da Amazônia e Povos Originários da Câmara dos Deputados. Ela é a primeira indígena a assumir a presidência de uma comissão no Congresso. Em pronunciamento, a deputada defendeu o protagonismo da luta indígena e disse que irá representar os mais de 900 mil indígenas do Brasil.

A Comissão da Amazônia e Povos Originários discute e vota propostas relativas ao desenvolvimento da Região Amazônica e assuntos indígenas, como regime das terras tradicionalmente ocupadas por esses povos. Célia Xakriabá é doutora em antropologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e líder indígena. Ela ficou conhecida, depois, por ser a primeira indígena eleita deputada federal pelo Estado mineiro.

“Não serei somente uma pessoa indígena a presidir a comissão, serão 900 mil cocares que assumem a comissão comigo”, disse a deputada. “Assumir o protagonismo da luta não é assumir a voz de uma parlamentar indígena, mas é assumir as vozes do território”, reforçou Xakriabá.

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Deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG) em pronunciamento na comissão (Billy Boss/Câmara dos Deputados)

A deputada federal explicou que a comissão não vai se limitar aos temas da Amazônia, mas vai tratar também de restabelecer qualidade de vida para os povos tradicionais, como quilombolas e ribeirinhos em situação de vulnerabilidade.

“Não podemos salvar o planeta se as pessoas estão desmatadas por dentro”, frisou a deputada, que é mestre em desenvolvimento sustentável pela Universidade de Brasília (UnB).

Racismo

No início de março, a deputada denunciou ofensas racistas que sofreu em um restaurante de Ouro Preto, no Estado mineiro, onde estava acompanhada de outras duas mulheres indígenas que são suas assessoras, Ingrid Sateré-Mawé e Werymehe Pataxó.

No vídeo publicado na rede social, Célia e as assessoras relatam como aconteceram os insultos. Na legenda, a deputada afirma que estava na cidade cumprindo agenda política. Após sentarem para jantar, um grupo de pessoas que estavam na mesa ao lado debocharam de Célia.

“Olha como as índias estão agora”, disse um deles, segundo ela. A deputada afirma, no vídeo, que se levantou e respondeu que “As indígenas, hoje, são também deputadas federais”. Segundo Célia, uma das pessoas respondeu de forma irônica: “Parabéns”.

A Polícia Militar foi acionada no local e registrou o caso como injúria racial, crime que desde janeiro deste ano passou a ser equiparado ao de racismo. O grupo tentou convencer os policiais de que não tinham cometido racismo e que os comentários eram sobre a admiração em relação aos indígenas.

“Enfrentar o racismo com coragem é buscar também conscientizar toda a sociedade. É crime e precisa parar! Racistas não passarão! A luta continua, sempre!”, escreveu Xakriabá na publicação do Instagram.

Perfil

Célia Xakriabá, deputada federal eleita, é uma liderança indígena do território Xakriabá, no Norte de Minas GeraisDoutora em Antropologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), entrou pela primeira vez, no Congresso Nacional, aos 13 anos, para fazer um pronunciamento. Quase duas décadas depois, ela se tornou a primeira deputada federal indígena pelo Mato Grosso, eleita com mais de 101 mil votos.

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