Com passagens caras, companhias aéreas aumentam ganhos e renegociam suas dívidas

Aviões de Gol, Latam e Azul no aeroporto de Congonhas (Eduardo Knapp/Folhapress)
Da Revista Cenarium*

SÃO PAULO – As principais companhias aéreas brasileiras tiveram uma semana de boas notícias, como aumento de receitas, renegociação de dívidas e alta no valor das ações. No entanto, os passivos seguem elevados, o que ainda preocupa analistas. Para os passageiros, não há previsão de queda no valor das passagens.

Os balanços do quarto trimestre de 2022 foram divulgados nos últimos dias. A Azul, por exemplo, faturou R$ 4,4 bilhões no período, o que gerou um lucro Ebtida (antes de amortização, impostos e outros fatores) de R$ 1,097 bilhão. No entanto, ao incluir os pagamentos de taxas e dívidas, a empresa teve um prejuízo líquido ajustado de R$ 610 milhões, 40% maior do que no quarto trimestre de 2021.

Na Gol, a receita foi de R$ 4,72 bilhões, a maior da história da empresa, lucro Ebtida de R$ 1,17 bi e lucro líquido de R$ 230 milhões. No último trimestre de 2021, o prejuízo líquido havia sido de R$ 2,8 bilhões.

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Na Latam, a receita foi de US$ 2,74 bilhões, lucro Ebtida de US$ 139 milhões e lucro líquido de US$ 2,5 bilhões. No mesmo período de 2021, a empresa tinha tido cerca de US$ 2,7 bi de prejuízo.

O valor do lucro líquido da Latam foi distorcido porque a empresa saiu de um processo de recuperação judicial, em novembro, por conta de reclassificações de dívidas que ocorreram no período.

Dívida

As três empresas possuem dívidas bilionárias que vão sendo roladas. É comum que as empresas aéreas façam grandes empréstimos para comprar ou arrendar aviões, equipamentos muito caros, pagos ao longo dos anos. Durante a pandemia, no entanto, a suspensão de voos fez as empresas perderem muito caixa. Sem dinheiro, ficou mais difícil honrar os compromissos, que precisaram ser renegociados.

Dentre as três companhias, a que fez a maior reestruturação foi a Latam, que passou por recuperação judicial nos EUA, iniciada em maio de 2020. Ao fim do processo, a dívida da empresa foi reduzida em 38%, de US$ 10,4 bilhões para US$ 6,5 bilhões.

Nesta semana, a Azul anunciou uma renegociação com arrendadores de aviões, categoria que detém 80% de sua dívida bruta. Pelo acerto, parte dos valores devidos será trocado por ações da empresa, e parte foi refinanciada com taxas mais baixas.

Na Gol, além do lucro líquido, também foi bem-visto pelo mercado o anúncio de um aporte de US$ 451 milhões feito pela Abra, holding criada a partir da união da empresa brasileira com a colombiana Avianca. As duas empresas fazem, agora, parte de um mesmo grupo, mas manterão marcas e operações separadas.

Os números animaram investidores. As ações da Azul quase dobraram de preço em uma semana: eram cotadas a US$ 4,19 na sexta-feira, 3, e fecharam a US$ 7,27 na sexta, 10. Com a Gol, a alta foi menor, mas ainda expressiva: foram de R$ 5,13 na sexta, 3, para R$ 7,13 sete dias depois. Já as da Latam ficaram, praticamente, estáveis, indo de US$ 0,40 para US$ 0,43 em uma semana.

Porém, analistas apontam que as empresas seguem em situação delicada. “As ações da Azul tiveram forte alta na semana, mas estão em valor muito baixo na comparação com a série histórica”, avalia José Eduardo Daronco, analista da Suno Research. No fim de março de 2022, as ações da Azul estavam no patamar de US$ 15.

“As empresas conseguiram jogar as dívidas da pandemia para a frente, mas o ‘para frente’ chegou, em um cenário de custos mais altos. E a demanda corporativa ainda não se recuperou por completo”, avalia.

(*) Com informações da Folhapress
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