Como identificar os sinais que as crianças dão quando são vítimas de maus-tratos?

Especialista revela como pais e responsáveis podem identificar se os pequenos estão sendo violentados e como devem proceder quando a agressão for constatada (Elza Fiuza/Arquivo Agência Brasil)

Com informações da assessoria

MANAUS – Os recentes casos de violência infantil no País, que culminaram nas mortes das crianças Henry Borel, de 4 anos, e Gael de Freitas, de 3 anos, chamam a atenção para um problema grave: os maus-tratos contra crianças e contra adolescentes brasileiros. De acordo com um levantamento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), na última década (entre 2010 e 2020), foram pelo menos 103 mil mortes de pessoas de até 19 anos vítimas de agressão, e aproximadamente 2 mil delas eram menores de 4 anos.

Para a psicanalista e terapeuta amazonense Samiza Soares, diante dos dados, fica ainda mais evidente a necessidade de pais e de responsáveis se atentarem às mudanças no comportamento das crianças, além de observarem se há alterações físicas aparentes quando os pequenos estão sob cuidados de outras pessoas.

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Samiza Soares é terapeuta e psicanalista (Acervo pessoal / Divulgação)

“Muitas crianças vítimas de violência física, sexual, psicológica ou negligência dão indícios de que algo não está bem. Por isso, devem ser observadas mudanças físicas e comportamentais. Deve-se analisar se surgem marcas no corpo e machucados constantes, alterações no sistema digestivo, como diarreia e vômito, olheiras e insônia. A criança também pode se tornar agressiva, rejeitar acolhimento e afeto e se sentir acuada quando algum adulto realiza movimentos com braços e mãos”, detalha.

Além da observação das possíveis mudanças no padrão de comportamento, a especialista afirma que é muito importante acreditar no que a criança ou o adolescente relata.

“Muitos adultos costumam duvidar da história, achando se tratar de uma fantasia ou de uma mentira, o que dificulta a investigação, pois faz com que a vítima não se sinta segura para falar novamente sobre a violência sofrida”, afirma a especialista.

Ainda de acordo com a psicanalista, constatada a mudança no comportamento, é necessário redobrar a acolhida à criança por meio de brincadeiras e de tentativas de conversas para estimular a confiança, além de buscar acompanhamento especializado com um profissional da área da saúde.

“Se houver desconforto da criança, deve-se respeitar o tempo dela, sem forçar respostas imediatas. Deste modo, a recomendação é o encaminhamento para profissional especializado em escuta acolhedora, como terapeutas, psicólogos, professores, pedagogos, assistentes sociais e profissionais da rede de saúde como um todo”, indica.

“Se for confirmada a violência, é importante afastar a criança do agressor, tentar mantê-la acompanhada por alguém com quem se sinta protegida e, claro, informar à polícia. Deixar a criança sozinha em um quarto, a portas fechadas, pode fazer com que ela se sinta acuada”, reforça.

Por fim, a especialista comenta que o tratamento psicológico pode ajudar a identificar o agressor, além de auxiliar a criança na superação dos traumas ocasionados pela violência.

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