‘Comportamentos são aprendidos’, especialistas analisam expulsão de participante do BBB

Maria foi expulsa do reality após atingir outra colega de confinamento com um balde na cabeça (Reprodução/Internet)

Eduardo Figueiredo – Da Revista Cenarium

MANAUS – A expulsão da atriz e cantora Maria do reality show Big Brother Brasil por agredir a colega de confinamento Natália Deodato com um balde na cabeça, durante uma dinâmica do programa, causou grande repercussão na internet e rodas de conversas. Após a informação ter sido confirmada pela Rede Globo, muito se falou nas redes sociais sobre o comportamento agressivo da atriz.

Diante de toda repercussão, a REVISTA CENARIUM conversou com especialistas que analisaram a forma como a ex-BBB se comportava no confinamento. Para a mentora em comunicação e treinadora comportamental Daniela Cardoso, existe uma forma de nos expressarmos, expormos nossas ideias e nos posicionarmos sem a necessidade de sermos agressivos.

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“Nós nascemos com uma natureza mais compassiva. A comunicação não violenta vem aí para nos mostrar isso, que nós nascemos com essa natureza mais compassiva e que atitudes violentas são aprendidas, ou seja, nós desenvolvemos um comportamento violento no meio que nós vivemos, para sobreviver diante de várias situações da vida, situações de preconceito. Logo, esses comportamentos são aprendidos. Se a gente a se comunica de maneira agressiva, sim, nós também podemos aprender a nos comunicar de maneira assertiva”, destaca a especialista.

A psicóloga clínica Luciely Botelho, por sua vez, detalha que muitas vezes por se trata de pessoas com personalidade forte, essa resposta vem do cérebro com movimento involuntário e atitudes de agressividade, que pode causar intencionalmente injúria física ou psicológica a outro indivíduo. “As pessoas com essas atitudes têm dificuldade de se relacionar ou até mesmo de controlar suas próprias emoções, sendo vistas como passionais, pessoas verdadeiras, ou até mesmo de personalidade forte”, relata.

Alessandra Pereira, psicóloga e especialista em terapia cognitivo comportamental, também afirma que o comportamento agressivo é natural de qualquer animal em situação de confinamento. “Nós temos um nível de estresse mais alto, faz com que nós tenhamos respostas automáticas de agressividades que são naturais desse processo. Então, nós passamos a desenvolver sim, comportamentos mais agressivos”.

Mudança de comportamento

Segundo Daniela Cardoso, geralmente as pessoas agem de forma agressiva quando se sentem ameaçadas ou irritadas por algo e, para haver mudança de comportamento, é necessário que a pessoa admita, reconheça e tenha consciência de que a forma em que se está se expressando é uma comunicação violenta.

“Para mudar a forma que eu me comunico, eu preciso primeiro reconhecer, admitir, ter consciência de que a forma que eu estou me expressando é uma comunicação violenta. Eu tenho que ter consciência sobre isso. Isso é um ponto muito difícil, elas têm dificuldades de entender, de aceitar, de admitir que sim, elas se expressam de maneira violenta, de maneira agressiva com os outros”, detalha Cardoso.

Atitudes impulsivas e agressivas também podem ocorrer quando a pessoa não consegue lidar com opiniões contrárias, como é o caso da ex-BBB, ainda de acordo com a treinadora comportamental.

“Porque eu me sinto ameaçado de alguma forma, porque algo me feriu, algo me irritou. Eu não sei lidar com opiniões contrárias as minhas, então eu preciso te ferir. Então, esse ferir ao outro, ele vem não apenas numa atitude, no caso da Maria, numa “baldada na cabeça”. Esse ferir ao outro para amenizar a minha própria dor, a minha raiva também pode vir em palavras. Ironia é uma forma de comunicação não violenta. Um grito, um empurrão, um bater na mesa forte, tudo isso é comunicação violenta”.

Inteligência emocional

Cardoso ressalta que a comunicação não é simplesmente o que a pessoa fala ou demonstra, mas é todo o comportamento. “Quem tem comportamentos mais agressivos, se comunica de maneira agressiva. Quem tem um comportamento impulsivo, explosivo, vai se comunicar dessa forma. Então, não adianta essa pessoa ter técnicas de discurso, se ela não tem a inteligência emocional para saber lidar com as próprias emoções”, diz Daniela, destacando que no episódio desta segunda-feira, 15, Maria não soube controlar as emoções e teve a intenção de ferir Natália.

“Ela (Maria) tinha a intenção de ferir a Natália. Claro que ela não tinha a intenção de ser expulsa do programa, ela estava com raiva e ela estava frustrada com isso e ela precisava para amenizar o que ela estava sentindo. Ela queria ferir o outro e essa é a vontade que a gente tem quando o ser humano que não tem o processo de inteligência emocional. Ele não sabe lidar com as emoções”, frisa.

Alessandra Pereira explica que para manter o autocontrole em situações de isolamento é necessário que a pessoa tenha um nível de autoconhecimento emocional “para que perceba quando está adotando esse tipo de comportamento, quando está passando um pouco dos seus limites”.

“O desenvolvimento de algumas estratégias associadas à espiritualidade ou mesmo associadas a técnicas de respiração são técnicas interessantes que podem ajudar a lidar com situações estressantes”, segundo a psicóloga.

Exposição

A psicóloga clínica Luciely Botelho acrescenta que as pessoas se submetem a participar desse estilo de programa por vários motivos. “Eles se submetem por vários motivos, um deles é a fama, ou até mesmo ser milionário, ou vem de um sonho que querem realizar. Acaba que eles enfrentam ou conhecem seu próprio limite, todos buscam de alguma maneira posicionamento dentro ou fora da vida social”, declara Botelho.

Alessandra Pereira concorda que as pessoas participam desse tipo de programa por uma questão de fama, e acrescenta que o objetivo é garantir algum tipo de projeção social fomentado na sociedade como um todo.

“Nós vemos as redes sociais fomentando isso, empurrando as pessoas para que elas apareçam, elas aparecendo, isso se converte em valores, em dinheiro. Então, as pessoas estão buscando por isso, afinal de contas, esse é mote principal de uma sociedade como a nossa, sociedade neoliberal, capitalista. Então se você aparece, você é visto, se você tem algum tipo de projeção social, você vai ganhar mais dinheiro, vai ser chamado para mais eventos e tudo isso se reverte em ganhos financeiros”, finaliza Alessandra.

Faturamento milionário

Segundo informações divulgadas pelo UOL, a 22º do reality show, a de maior visibilidade da televisão brasileira, a Rede Globo faturou cerca de R$ 600 milhões com comercial e ações publicitárias.

Marcas como Americanas, Avon e PicPay compraram as cotas “Big”, as mais valiosas, que custam R$ 91,9 milhões cada. C&A, Heineken (com a marca Amstel), P&G e Seara serão os patrocinadores das cotas “Anjo”, a segunda linha de patrocinadores com investimentos de R$ 69,4 milhões. Na última categoria de patrocinadores, chamada de “Brother”, negociadas por R$ 11,8 milhões cada, estarão a marca Above, de desodorantes, além de Engov, McDonald’s e QuintoAndar.

Leia mais: Participante do ‘BBB 22’ é expulsa após programa confirmar agressão

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