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Conselho de Medicina do AM investiga médicas que ridicularizaram criança
Jovens são exoneradas após vídeo zombando de paciente em Maués (Arte: Mateus Moura/Revista Cenarium)
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09 de fevereiro de 2023
Ívina Garcia – Da Revista Cenarium
MANAUS – O Conselho Regional de Medicina do Estado do Amazonas (CRM/AM) divulgou nesta quinta-feira, 9, que deve instaurar sindicância para apurar responsabilidade ética de profissionais que aparecem em vídeo ridicularizando pacientes no município de Maués, distante 257 quilômetros de Manaus, no interior do Amazonas.
“Informamos ainda que o Conselho de Medicina do Amazonas não compactua com este tipo de atitude e que trabalhamos diuturnamente em prol da ética e da boa medicina“, escreveu o Conselho de Medicina em resposta à Revista Cenarium.
As duas profissionais foram exoneradas do Hospital Raimunda Francisca Dinelli, após repercussão de vídeo publicado por elas na rede social Instagram. A exoneração foi anunciada pela Prefeitura Municipal de Maués, nessa quarta-feira, 9.
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Vídeo
No vídeo das médicas é possível notar crianças gritando de dor ao fundo. A médica que segura o celular pergunta para a colega “E aí, tu que vai suturar essas crianças gritando?”, falando sobre um procedimento médico de costurar pontos cirúrgicos, em seguida, a outra moça que aparece arrumando o cabelo responde: “Isso mesmo, parece que estão sendo exorcizadas”.
Na legenda do vídeo, a jovem escreveu que minutos antes estava comemorando a chuva na cidade, até que chegou a informação de que uma criança havia sido atingida por um raio. “Eu comemorando que está chovendo na cidade. Minutos depois: criança atingida por raio“, escreveu.
Veja vídeo:
Repúdio
Horas após a publicação do vídeo, a Prefeitura Municipal de Maués se manifestou, por meio de nota publicada no perfil do Instagram, que também foi reproduzida no perfil do prefeito do município, Júnior Leite.
“A Administração Municipal de Maués vem, por meio desta nota, reiterar que preza por uma saúde pública humanizada, bem como repudia e rechaça qualquer postura antiética e desumana do corpo de saúde do município. Informa também que determinou a imediata exoneração das profissionais de saúde envolvidas nesse lamentável episódio“, publicou.
Nos comentários, internautas aplaudiram a ação e também manifestaram repúdio contra a atitude das duas jovens. “Que sirva de lição para muitos jovens, pois assim como elas fizeram isso, tem outros que tratam mal, são ignorantes com os pacientes. Meus parabéns pela atitude“, escreveu Carla Patrícia.
“Volto a repetir que 90% das pessoas que estão nessa profissão, eles só tem ‘status’. Só querem se formar para ganhar dinheiro, deu horário vão embora. Infelizmente, só 10% amam a profissão, cuidam, salvam vidas e tem amor ao próximo“, escreveu José Nascimento.
Código de Ética
Para a advogada, mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia e aluna do Doutorado em Direito Civil pela Faculdade de Direito da Universidade de Buenos Aires (UBA), Inácia Caldas Puga, as jovens médicas “feriram de morte o código que norteia o ato médico“, quando descartam a forma humana de se exercer a profissão.
“Conforme o Código de Ética Médica, a Medicina é uma profissão a serviço da saúde do ser humano e da coletividade e será exercida sem discriminação de nenhuma natureza. Nesse sentido, as médicas do episódio em Maués conhecem o código, pois além das aulas na faculdade de Medicina, para a obtenção do registro no CRM-AM, é obrigatório assistir à aula de Ética Médica”, explica.
Inácia pontua que independente da idade e da utilização das redes sociais, as jovens são médicas, portanto, fizeram o Juramento de Hipócrates, no qual prometem praticar a medicina honestamente. “Todo profissional deve observar a sua conduta diante do outro. No caso das médicas, elas feriram de morte o código que norteia o ato médico“, afirma.
“A piada de mal gosto em relação à paciente gritando, ainda mais sendo criança, foi infeliz, cuja afirmação foi de que parecia estar sendo exorcizada. Tal fala feriu o princípio da dignidade humana, amparado por nossa Constituição Federal“, avalia a advogada.
Segundo Inácia, que atuou por mais de 20 anos como assessora na área da saúde, apesar de as médicas terem direito de defesa, vivemos em uma sociedade midiática, onde a opinião pública acaba condenando o comportamento dos profissionais.
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