Consumo das famílias tem alta de 7,23% em agosto; ‘população mais carente ainda sente reflexos da inflação’

Cesta básica ilustrativa em supermercado (Reprodução/iStock)
Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium

MANAUS – A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) divulgou na quinta-feira, 13, um levantamento que mostrou que o consumo das famílias brasileiras em agosto aumentou em 7,23% na comparação com o mesmo mês de 2021. No acumulado dos oito primeiros meses do ano, a alta é de 2,67% em relação ao mesmo período do ano passado. Mas economistas ouvidos pela reportagem apontam que, apesar do aumento, as famílias de baixa renda sentem a alta do preço dos alimentos e da inflação.

Segundo a Abras, o crescimento do último mês foi impulsionado pelos benefícios sociais concedidos pelo governo federal a partir de agosto. Além disso, também houve, de acordo com o vice-presidente institucional e administrativo da Abras, Marcio Milan, à Agência Brasil, o impacto da redução do desemprego e da inflação, com a desoneração dos preços da energia e dos combustíveis. “A gente vem observando a empregabilidade: o emprego vem crescendo e o desemprego vem caindo”, disse o vice-presidente institucional e administrativo da Abras, Marcio Milan, à Agência Brasil.

A Abras revisou a projeção de crescimento do consumo das famílias, neste ano, de 2,8% para um crescimento de 3% a 3,3%. “O reflexo do auxílio, que começou em agosto, da queda dos preços, que se acentuou em setembro, mostra que a nossa projeção está com certeza no caminho de chegar a 3% ou 3,3%”, ressaltou Milan.

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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do País, ficou em -0,29%, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (Reprodução)

Inflação

A cesta com os 35 produtos mais consumidos em supermercados registrou queda de 1,71% em setembro, na comparação com agosto, custando R$ 745,03 nos grandes centros urbanos como São Paulo e Rio de Janeiro. No entanto, em comparação com setembro de 2021, quando o conjunto de produtos custava R$ 675,73, a cesta teve alta de 8,76%.

O economista Orígenes Martins explicou que o Brasil vive um cenário diferente de outros países ricos do mundo. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou deflação pelo terceiro mês consecutivo, algo que não era visto no País havia 24 anos. Em setembro, o IPCA considerado a inflação oficial do País, ficou em -0,29%, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Logicamente, quando você tem inflação menor, você tem uma renda aumentando por conta da baixa do desemprego, que é o que está ocorrendo no Brasil. A possibilidade de ter um aumento no consumo, como foi apresentado pela Associação Brasileira, essa possibilidade é ainda muito maior e é o que está ocorrendo no Brasil, e o mais importante de tudo é que a gente perceba que só vantagens econômicas estão ocorrendo no País, ao contrário do que ocorre no resto do mundo. Nós temos países como Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, França e Itália apresentando resultados exatamente opostos do que está acontecendo no nosso País” explicou o economista.

Preços ainda altos

O economista Inaldo Seixas avaliou os dados divulgados pela Abras e de que forma eles refletem para a população mais carente, já que são as pessoas que mais sentem a alta dos preços dos alimentos nos supermercados.

“O reflexo que tem para a população mais carente sempre é mais complicado. O Estado ainda elevado do preço dos alimentos, por mais que você tenha o aumento, com a chegada do Auxílio Brasil e de outros benefícios sociais, como foi o adiantamento do FGTS e também do INSS dos aposentados, você teve aí um aumento na disponibilidade de renda na economia e que isso foi parar na mão de alguns consumidores aliados a isso. Uma diminuição na energia elétrica e no preço dos combustíveis, faz criar uma expectativa melhor do consumidor para os próximos meses. Sabemos também que esse reflexo no aumento da confiança é uma média de todos os segmentos da população”, avaliou Seixas.

Impacto: A percepção de risco fiscal, com mais gasto público, faz subir o dólar com efeito direto nos preços dos alimentos (Maria Isabel Oliveira/Infoglobo)

Cesta básica em Manaus

Em agosto, a Comissão de Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa do Amazonas (CDC/Aleam) informou que a Cesta Básica alcançou o valor de R$ 333,82. O levantamento apontou o aumento de preço na farinha de mandioca (+26,01%), achocolatado (+20,12%), frango (+19,63%), sal de cozinha (+15,91%) e a margarina (+8,48%).

Para a economista Denisse Kassama, a cesta básica está mais cara em relação ao ano passado. “A tendência natural é de queda nos valores, na medida em que o cenário econômico vai se consolidando, mas depende das “presepadas” do governo federal”, afirmou Kassama.

Menor valor

Ainda conforme a pesquisa da CDC/Aleam, o menor valor da Cesta Básica amazonense foi apurado em janeiro de 2022, quando ela alcançou o valor de R$ 277,33. No mês de julho, o levantamento da cesta básica chegou a R$ 332,78.

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