Copa do Mundo: política e desempenho da Seleção Brasileira nos jogos impactam na venda de camisas

A "amarelinha", camisa da Seleção Brasileira. (Ricardo Oliveira/ Revista Cenarium)
Marcela Leiros — Da Revista Cenarium

MANAUS — O desempenho da Seleção Brasileira nos primeiros jogos da Copa do Mundo, que se inicia no domingo, 20, impacta diretamente no faturamento dos comerciantes que dependem de clientes procurando por camisas do Brasil. A expectativa é que o time jogue bem, pelo menos, nos três primeiros jogos. O cenário político do País, com a polarização entre Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também tem influenciado no comércio, segundo informado à REVISTA CENARIUM.

O Brasil estreia no próximo dia 24, contra a Seleção da Sérvia. Depois, joga contra a Suíça, no dia 28, e contra Camarões, no dia 2 de dezembro. É sob essas partidas que comerciantes como Jair Andrade, proprietário de um estande de venda de roupas no Centro de Manaus, criam grandes expectativas. Um desempenho “ruim” ou “razoável” terá efeito sobre as vendas, de acordo com ele.

“Se o torcedor vê que o Brasil está no rumo certo, aí a galera vem atrás da camisa mesmo”, explica o comerciante Jair Andrade. (Ricardo Oliveira/ Revista Cenarium)

A gente sempre visa os três primeiros jogos, depois já é o ‘perde e sai’ e já é ‘Deus nos ajuda'”, afirmou o vendedor, explicando ainda que a procura melhora depois da primeira partida. “O desempenho do primeiro jogo é muito importante para nós. Se o torcedor ver que o Brasil está no rumo certo, aí a galera vem atrás da camisa mesmo“, afirmou.

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O preço médio de camisas no box de Andrade é de R$ 40, mas pode mais que dobrar com os resultados dos jogos. “Uma camisa dessa aqui vai chegar ao valor de R$ 100, dependendo do desempenho do Brasil. E a tendência é aumentar mais, porque a dificuldade de chegar mercadorias novas está grande. Vem de Fortaleza, nos aeroportos demora para chegar e o frete é caro. Então, quem tem, vende mais caro“, explica o vendedor.

Fim de ano

No caso de a Seleção Brasileira ser classificada para as próximas fases da competição, a venda das mercadorias da Copa do Mundo continuará rendendo faturamento. Mas, se ocorrer desclassificação, os comerciantes precisarão correr atrás de outras mercadorias, já que não estão investindo nisso no momento.

Trabalhamos com material para dezembro, camisas e blusas, mas hoje nós não estamos investindo nisso aí. Porque, se o Brasil continuar bem, até as mercadorias para o final do ano vão ser devagar“, conclui o comerciante.

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A “amarelinha” também entrou no debate político. (Ricardo Oliveira/ Revista Cenarium)

Abandono da ‘amarelinha’

As vendas das camisas tradicionais, conhecidas como “amarelinhas”, também sofrem influência do cenário político do País, já que amarelo se tornou uma forma de identificação com o presidente Jair Bolsonaro. Vendedora de uma loja de varejo localizada também no Centro da cidade, Mayandra Melo afirma haver rejeição de clientes pela camisa dessa cor.

A amarela quase não está saindo, por conta do Bolsonaro. Aí o pessoal evita muito. A preta está saindo bastante, verde, branco. Tem gente que compra, devido ao símbolo do Brasil, mas muita gente está evitando por conta dessa guerra de Lula e Bolsonaro, então eles preferem levar outras cores“, esclarece a vendedora.

Para quem não quer a camisa amarela, a opção são as blusas nas cores branca, preta ou azul. (Ricardo Oliveira/ Revista Cenarium)

Essa é a mesma análise da vendedora Rayanne Gomes, que percebe a predileção, principalmente de jovens, por camisas azuis e brancas. “Logo no início, nas eleições mesmo, eles procuravam bastante a amarela por conta do Bolsonaro, agora nem tanto. Está saindo mais azul, porque ela é mais bonita. Quem também procura mais essas cores, azul e branca, são adolescentes“, detalha.

As camisas vendidas no Centro da cidade são opções para quem não quer, ou não pode, comprar a original. No site de vendas oficial da Seleção Brasileira, a camisa para adultos custa R$ 349,99.

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Jovens procuram mais a camisa azul da Seleção, afirma vendedora do Centro de Manaus (Ricardo Oliveira/ Revista Cenarium)

Despolitização da ‘amarelinha’

Para despolitizar a “amarelinha” da Seleção, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) começou a veicular, em emissoras de televisão, um comercial na tentativa de afastar a camisa amarela da polarização política no País. Na versão oficial, o vídeo de 30 segundos quer “celebrar a paixão” do povo brasileiro pelo time.

Nossa mensagem é de incentivo. O futebol não vive sem o torcedor. E conectar as pessoas de todas as idades, lugares, cores, raças, ideologias e religiões ao futebol é o nosso propósito“, disse o presidente Ednaldo Rodrigues.

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