Covid-19: aprovada pela Anvisa vacinação em crianças a partir de 6 meses; MS deve elaborar calendário de vacinação

A incidência de Covid-19 na população menor de 5 anos, hoje, é maior do que nas faixas etárias mais elevadas, e nos bebês com menos de um ano a incidência de mortalidade chega a ser até oito vezes maior (Reprodução)
Com informações do Estadão

RIO DE JANEIRO – Especialistas ouvidos pelo Estadão destacaram que o Ministério da Saúde deve elaborar um calendário de vacinação contra a Covid-19 para as crianças de 6 meses a 4 anos de forma “efetiva” e “rápida”. A aplicação da vacina Comirnaty, da Pfizer, para a faixa etária, foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na sexta-feira, 16.

Procurado pelo Estadão, o ministério não se manifestou, até o momento, sobre um calendário voltado à faixa etária e à compra de novos lotes da vacina. Já a Pfizer, em nota, apontou que a vacinação de bebês e crianças pequenas será um “marco no combate da doença no País”.

Para Raquel Stucchi, infectologista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), o planejamento da campanha de vacinação para as crianças pequenas precisa ser estratégico, eficiente e ágil.

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“As nossas salas de vacinas estão acostumadas a administrar vacinas nessa faixa etária. Temos capacidade técnica para fazer essa vacinação. O que precisamos é garantir que teremos a quantidade suficiente de vacinas para vacinar as nossas crianças”, afirmou a especialista.

O pediatra e infectologista Renato Kfouri avalia que os casos de internações e mortes de crianças e bebês pelo coronavírus, ao longo da pandemia, demonstram a importância da vacinação. Em junho, por exemplo, um estudo da Fiocruz identificou que duas crianças de até 5 anos eram vítimas da doença por dia no País.

“São óbitos que poderiam ser evitados a partir da vacinação. Os estudos foram feitos e mostraram que a vacina é segura. Então, sem dúvidas, é importante que esse público agora seja contemplado”, explicou.

O médico avalia que o processo de aprovação pela Anvisa ocorreu seguindo o protocolo padrão, que segue uma triagem de estudos clínicos e avaliação de dados para constatação da eficácia.

Na avaliação, a agência considerou a análise de estudos clínicos e dados de entidades médicas, como a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), a Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

Em relação aos bebês de menos de 6 meses, a aplicação ainda é incerta. Para Kfouri, o caminho, provavelmente, será ampliar a vacinação de gestantes no estágio final de gravidez. “Estudos têm indicado que é mais eficiente vacinar essas mães como forma de evitar risco aos bebês”, complementou.

Vacina será aplicada em três doses

A Comirnaty deverá ser aplicada nas bebês de 6 meses e nas crianças de até 4 anos em três doses de 0,2ml. As duas primeiras devem ser administradas em um intervalo de três semanas, enquanto a terceira dose seguirá a recomendação de aplicação em oito semanas após a segunda dose.

Para facilitar a aplicação, cada dose destinada a esse público terá uma tampa na cor vinho para diferenciar da vacina voltada para as crianças de 5 a 11 anos, que tem a tampa laranja, e também do imunizante para aqueles que têm mais de 12 anos, cuja tampa é roxa.

O imunizante da Pfizer está registrado no Brasil desde 23 de fevereiro do ano passado e já é aplicado, no País, em crianças a partir de 5 anos. A farmacêutica americana submeteu, no fim de julho, o pedido à Anvisa para incluir a faixa de 6 meses a 4 anos, 11 meses e 29 dias. Segundo a empresa, solicitação foi embasada por um estudo que incluiu 4.526 crianças nessa faixa de idade.

Em julho, a Anvisa liberou o uso da vacina Coronavac para crianças de 3 e 4 anos — o único imunizante liberado para o grupo abaixo de 5 anos no País até então.

O pedido de autorização da Pfizer entrou em análise no dia 1° de agosto. Durante esse período, foram realizadas análises técnicas de dados e estudos clínicos conduzidos pela fabricante. A aprovação da Anvisa significa que o imunizante já pode ser utilizado. Agora, compete ao Ministério da Saúde decidir sobre a incorporação da vacina e estabelecer o calendário vacinal para a faixa etária.

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