CPI da Pandemia: Ernesto Araújo nega ter atacado China e é chamado de mentiroso

Durante o depoimento, Araújo confirmou negociações do Itamaraty para comprar cloroquina no começo da pandemia (Pablo Jacob/Agência O Globo)

Com informações do O Globo

MANAUS – O ex-ministro de Relações Exteriores Ernesto Araújo afirmou à CPI da Pandemia, na manhã desta terça-feira, que não fez nenhuma declaração antichinesa e que não houve nenhuma hostilidade ao País por sua parte.

O presidente da CPI, Omar Aziz, disse que  Ernesto mente sobre declarações em relação à China. O ex-ministro disse que nunca teve “nenhum atrito” com os chineses e negou ter feito declarações contra o País asiático. Aziz lembrou Araújo de seus ataques aos chineses nas redes sociais. Durante o depoimento, Araújo confirmou negociações do Itamaraty para comprar cloroquina no começo da pandemia.

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Ernesto disse que não conversou em outubro com Bolsonaro sobre a aquisição da Coronavac, e não tem conhecimento de quem falou sobre isso com o presidente, que, na época, desdenhou dessa vacina. Questionado sobre o impacto de suas declarações antichinesas, Araújo respondeu.

“Eu não entendo nenhuma declaração que tenha feita como antichinesa. Houve determinados momentos em que por atos oficiais, por minha decisão, nos queixamos de comportamentos do embaixador da China. Não há impacto de algo que não existiu”, afirmou.

Omar Aziz o alertou que ele deve dizer a verdade à CPI e lembrou declarações anti-chinesas. “Tem várias declarações. Posso ler o seu artigo. Na minha análise, Vossa Excelência está faltando com a verdade. Peço que não faça isso. Escreveu no seu Twitter, escreveu artigo. Chegar aqui e desmerecer o que Vossa Excelência já praticou e que nunca se indispôs com a China, aí está faltando com a verdade”, disse Aziz.

O ex-chanceler afirmou que, apesar de posicionamentos dele e de Bolsonaro no passado, o Brasil é o que mais recebe insumos da China na pandemia e isso reflete uma relação positiva entre os países. “Não considero que nada que possa se caracterizar como posições ideológicas, sejam do presidente, sejam minha, se sobreponha aos interesses nacionais, muito pelo contrário. Todas as posições que eu assumi teve como norte os interesses nacionais”, disse Ernesto à CPI.

Conflito com embaixador chinês

Questionado sobre o motivo de ter entrado em conflito com o embaixador chinês, em março do ano passado, após uma mensagem do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) contra a China, Ernesto disse que houve ofensa ao presidente da República e que se posicionou por isso.

“Não saí em defesa do filho do presidente. Na nota que eu fiz e publiquei como chanceler eu disse que o governo brasileiro não endossava as declarações de Eduardo Bolsonaro. No entanto, o embaixador da China tinha se excedido ao republicar uma publicação do Twitter que dizia que a família Bolsonaro é o veneno do Brasil. Procurei chamar atenção para isso”, justificou.

Na época, Ernesto escreveu que é “inaceitável que o embaixador da China endosse ou compartilhe postagem ofensiva ao chefe de Estado do Brasil e aos seus eleitores”. “As críticas do deputado Eduardo Bolsonaro à China, feitas também em postagens ontem à noite, não refletem a posição do governo brasileiro. Cabe lembrar, entretanto, que em nenhum momento ele ofendeu o chefe de Estado chinês”, afirmou Araújo na ocasião, em nota.

Em sua fala inicial, Ernesto fez um balanço de sua gestão. Ele disse que o Ministério de Relações Exteriores “abriu frentes de promoção dos interesses” brasileiros com diversos países, citando a China como um deles. A relação com o governo chinês, que já foi alvo de críticas do ex-chanceler, deve ser um dos principais focos dos questionamentos dos senadores na CPI.

Ernesto nega atritos com a China

O ex-ministro de Relações Exteriores negou ter causado atritos com a China e disse que sua gestão não visava uma política de enfrentamento. “Jamais promovi nenhum atrito com a China, seja antes, seja durante a pandemia, de modo que os resultados que obtivemos durante a pandemia na consecução de pandemia e outros temas decorrem de uma política externa que foi implementada com nossos objetivos, mas que não era de alinhamento automático com os Estados Unidos, nem uma política antimultilateral, ficou claro isso com a nossa participação na Covax, nem uma política de enfrentamento com a China”, destacou.

Durante o depoimento, Araújo confirmou negociações do Itamaraty para comprar cloroquina no começo da pandemia. Ele destacou que na época havia uma expectativa sobre a eficácia do remédio. Também lembrou que o estoque no Brasil havia diminuído e que o medicamento tem outros usos importantes. A cloroquina é utilizada em pacientes com malária, por exemplo.

Questionado por que foi contra à adesão do consórcio Covax Facility, da Organização Mundial da Saúde (OMS), que prevê a distribuição de vacinas, ele disse que não foi contra. Depois, perguntado por que o Brasil optou pelo quantitativo mínimo, suficiente para atender 10% da população, em vez de 50%, ele respondeu. “Essa decisão não foi minha. Foi do Ministério da Saúde” destacou.

O ex-chanceler também afirmou. “Jamais fui contra a iniciativa. O Itamaraty esteve sempre atento. E assim que o Covax tomou forma, já no começo de julho, após coordenação interna, eu assinei carta. Ainda não havia contrato, modelo de contrato estabelecido. Vários países pediram mais informações, negociaram os termos. Não é que o Brasil decidiu esperar ao final. Os países latino-americanos pediram um pequeno adiamento. No caso do Brasil, dependíamos inclusive de medidas legislativas”, ressaltou.

Questionado sobre a posição do Brasil contra a proposta da Índia pela quebra de patentes de vacinas e remédios para Covid-19, ele disse que a legislação brasileira já permite isso, e que a nova sugestão era “extrema”. Negou também que a oposição brasileira tenha atrapalhado a importação de vacinas produzidas na Índia. Questionado se tratou disso com Bolsonaro, Araújo disse que falaram sobre o atraso na importação de imunizantes vindos de lá.

O ex-ministro refutou a avaliação de que ele fazia parte da ‘ala ideológica’ e deixou claro que sempre atuou sob supervisão do presidente Jair Bolsonaro. Ele afirmou, ainda, que procurou uma política externa que garantisse um “país grande e livre” e que buscou sempre os melhores caminhos seguindo os princípios internacionais.

Leia a matéria completa no site: https://oglobo.globo.com/brasil/ao-vivo-araujo-diz-que-itamaraty-atuou-cloroquina-nega-ter-atacado-china-e-chamado-de-mentiroso-acompanhe-25022697

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