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‘Criei independência financeira’, diz empreendedora ao superar violência doméstica
A empreendedora Alicia de Matos (Arthur Castro/Secom)
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02 de agosto de 2023
Adrisa De Góes – Da Revista Cenarium Amazônia*
MANAUS (AM) – Mãe de quatro filhos, Alicia de Matos, 27, viu em cursos profissionalizantes da área da beleza a oportunidade de superar uma relação abusiva. Em 2019, denunciou a violência doméstica sofrida pelo ex-marido e, a partir de então, começou a trilhar um novo rumo.
Vivendo uma nova fase da vida, Alicia se capacitou em maquiagem e design de sobrancelha e, atualmente, faz curso profissionalizante de tranças e penteados. A formação abriu para ela as portas para o empreendedorismo.
“Apesar de tudo o que eu passei, hoje, criei autonomia e independência financeira, minha mente é liberta, meu coração é liberto. Consegui virar uma árvore com frutos e não vivo mais aprisionada. Hoje, consigo falar sobre tudo o que eu passei, sem lágrimas nos olhos. Superei a dor. Tenho um relacionamento saudável, tenho filhos e posso dizer que sou muito mais feliz”, disse.
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Rede de apoio
Para iniciar a jornada no empreendedorismo, Alicia de Matos recebeu apoio do Centro Estadual de Referência e Apoio à Mulher (Cream), da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc). No primeiro semestre deste ano, o Centro de Referência já mudou a vida de mais de 3,5 mil mulheres vítimas de violência doméstica.
“Foi por meio desse apoio e colo que fez com que eu me encontrasse e criasse asas para voar. Eu decidi o que eu queria para a minha vida. O Cream vem abrindo as portas para mim por meio dos cursos. Ter a gratuidade é muito importante porque, às vezes, a gente não tem condições de pagar nessa área”, disse.
Enfrentamento à violência
O Cream integra a rede de serviços destinada à prevenção e enfrentamento à violência contra a mulher e tem por objetivo o atendimento psicológico, social, orientação e encaminhamento jurídico à mulher em situação de violência.
“Boa parte dessas mulheres já tem uma função, já sabem, já participaram do mercado de trabalho (…) Nós buscamos reintroduzi-las ao mercado para que elas possam ser independentes de seus companheiros, porque, hoje, comprovadamente, a maioria das mulheres que sofrem agressão dependem financeiramente de seus companheiros”, explica a secretária titular da Sejusc, Jussara Pedrosa.
Dados da violência
Um total de 1.899 mulheres já foram vítimas de violência de gênero em todo o Amazonas. É o que aponta o monitoramento da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas Drª. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP/AM).
De janeiro a 15 de junho, última atualização do painel, cuja inserção de dados é mensal, os registros indicam, em média, 11 vítimas por dia. Dos 62 municípios do Estado, 56 integram o acompanhamento feito pelo órgão.
A REVISTA CENARIUM listou o ranking das dez cidades mais violentas para a população feminina do território amazonense, de acordo com os casos notificados por município. A faixa de idade das vítimas vai de menores de um ano a maiores de 59 anos.
Casos por município
Capital do Amazonas, Manaus já registrou, em 166 dias do ano, 441 ocorrências de violência contra a mulher, ou seja, no mínimo, são dois casos por dia. Em seguida, estão as cidades de Manacapuru (156), Tefé (11), Coari (95) e Maués (91).
O ranking também inclui: Borba (72), Itacoatiara (71), Benjamin Constant (63), São Gabriel da Cachoeira (58) e Parintins (52). Dos quatro primeiros meses completos de 2023, o mês de março, em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, foi o mais violento, com 396 notificações.
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