MEC lança curso para ampliação da forma de acolhimento para imigrantes e refugiados

O objetivo, segundo a pasta, é preparar os docentes de educação básica para terem um olhar mais atento aos aspectos históricos, sociais e educacionais associados aos imigrantes e refugiados (Karime Xavier/FolhaPress)
Com informações da FolhaPress

BRASÍLIA – Receber alunos estrangeiros pode ser um desafio para professores brasileiros, devido à barreira cultural e linguística. Para que saibam lidar de forma mais acolhedora com esses estudantes, o MEC (Ministério da Educação) lançou neste mês a “Formação de Professores para Acolhimento de Imigrantes e Refugiados”.

O objetivo, segundo a pasta, é preparar os docentes de educação básica para ter um olhar mais atento a esse universo, ao apresentar-lhes aspectos históricos, sociais e educacionais associados aos refugiados.

As aulas, gratuitas, são opcionais e serão disponibilizadas em uma plataforma virtual de ensino do MEC, com carga horária de 80 horas. A Secretaria de Educação Básica do ministério informa ainda que indica a capacitação aos professores que trabalham com alunos em situação de migração no Brasil.

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“O curso tratará de práticas pedagógicas capazes de auxiliar o educador no processo de redução de danos psicológicos, além da inclusão de imigrantes e refugiados na sociedade brasileira”, afirma Renato Brito, chefe da Diretoria de Formação Docente e Valorização dos Profissionais da Educação, do MEC.

Diretora da escola municipal de educação infantil Guilherme Rudge, no Belenzinho, na Zona Leste de São Paulo, Solange Cordeiro dos Santos, 54, vai estimular os 11 professores com os quais trabalha a fazer o curso. A maioria dos alunos da escola é estrangeira, 60%, da Bolívia, do Paraguai e de países da África. “Temos essa experiência consolidada com estudantes de outros países. Mas essa ferramenta vem para somar”.

Diretora Solange Cordeiro dos Santos, 54, e a professora Edneia Letícia Marguti, 40, trabalham juntas na escola Guilherme Rudge, no Belenzinho, Zona Leste de SP, onde 60% dos alunos são estrangeiros (Karime Xavier/FolhaPress)

Professora na escola, no Belenzinho, Edneia Letícia Marguti, 40, diz que a iniciativa ajudará o trabalho em sala de aula. “Também mostrará aos demais alunos [brasileiros] um pouco mais da cultura dos migrantes”.

Os docentes terão aulas de introdução a conceitos migratórios, políticas migratórias, legislações e história das migrações no Brasil. Vão aprender, ainda, sobre ações de acolhimento, diferenças culturais e práticas pedagógicas específicas para refugiados e migrantes. Por meio dessa formação, o ministério afirma que pretende contribuir com os professores, na elaboração de suas aulas, oferecendo materiais didáticos, pedagógicos e literários para “promover a aprendizagem e o desenvolvimento integral dos estudantes”.

Segundo o Acnur (Alto Comissariado da ONU para Refugiados), em maio de 2022, quando a Guerra da Ucrânia completou três meses, o número de pessoas deslocadas à força, no mundo, ultrapassou 100 milhões. Os motivos vão de perseguições, conflitos e violência a violações dos direitos humanos.

No Brasil, há 57 mil pessoas reconhecidas como refugiadas, atualmente, afirma Brito, ao expor dados do Conare (Comitê Nacional para os Refugiados), do Ministério da Justiça, em entrevista coletiva.

Brito relata que os jovens em fase escolar desse grupo apresentam chance 53% menor de estarem na escola, em comparação a crianças brasileiras na mesma faixa etária. “Essa formação tem um caráter de garantir o direito à educação para todos.” Ele lembrou algumas das barreiras que crianças e adolescentes enfrentam no País: questões burocráticas, sociais, econômicas, culturais e, principalmente, linguísticas.

Para Paulo Sérgio de Almeida, do Acnur, a formação para os professores é um “grande avanço” no Brasil. “A perspectiva é que contribua para manter alunos estrangeiros no ambiente escolar. Uma forma para alcançar o objetivo é a preparação do professor para saber lidar com esse perfil que foge do cotidiano. Esse profissional busca dar apoio, mas para tal ele precisa de ferramentas”.

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