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Deborah Pataxó: conheça influencer indígena que fala sobre neuroatipicidade
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12 de abril de 2024
Por Carol Veras – Da Revista Cenarium
MANAUS (AM) – Conhecida nas redes sociais como “Alecrim Baiano”, Deborah Pataxó, 29 anos, é uma mulher indígena, lésbica, autista e ativista pela soberania alimentar dos povos indígenas e pelo direito humano à alimentação adequada. Graduada em Direito e em Gastronomia, ela é originária de Alcobaça, cidade no litoral da Bahia e território indígena.
Deborah gostava de compartilhar receitas da própria cultura nas redes sociais e as publicações tomaram uma proporção inesperada, o que gerou a ela mais de 16 mil seguidores no Instagram. Seu último vídeo nas redes atingiu a marca de 35 mil visualizações. Além do Transtorno do Espectro Autista (TEA), a jovem indígena vive com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).
O diagnóstico deTEA veio aos 27 anos, em meio ao crescimento nas redes. Foi então que decidiu compartilhar o processo de descoberta com os seguidores.
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“Eu queria falar sobre isso de uma forma responsável, então eu falei que, se eu vou tomar a decisão de falar sobre isso, eu vou estudar sobre isto, vou entender melhor sobre isso para poder falar isso com mais responsabilidade. E, a partir daí, eu comecei ter uma atuação mais concisa no ativismo do TEA”, disse à REVISTA CENARIUM.
A ativista também ressaltou os estigmas atribuídos a pessoas diagnosticadas com TEA de nível de suporte 1. Mesmo sendo considerado um nível “leve”, ainda há a necessidade de suporte externo. De acordo com Deborah, é importante que pessoas neurotípicas entendam as fronteiras da pessoa com TEA.
“Então, por exemplo, se você é uma pessoa que não goste de contato físico, verbalize! As pessoa precisam ficar mais tranquilas com o fato de que aquela pessoa não quer ser tocada, não quer falar naquele determinado momento e impor esses limites e fazer o outro entender que você tem essa fronteira e que isso não te torna uma pessoa grosseira”, destacou.
Discurso de ódio
Sobre carregar tantas representações, Deborah conta que também foi alvo de discurso de ódio na internet, mas ressalta a receptividade da comunidade que cativou nas redes. “As pessoas podem ser muito ruins e a internet meio que dá um escudo para essas pessoas, mas eu acredito que hoje eu construí uma comunidade muito sólida e muito sensata”, disse.
Deborah esteve em Manaus para ministrar a conferência ‘TEA e diversidade: recorte indígena e LGBTQIAP+ no autismo’ no congresso internacional ‘The Behavior Web’, que está ocorrendo no Hotel Intercity, no bairro Cachoeirinha. No evento, a indígena contou sua história e compartilhou sua experiência pessoal representando a comunidade indígena, LGBTQIAPN+ e neuroatípica.
Suporte no Amazonas
À CENARIUM, o coordenador Estadual de Saúde dos Povos Indígenas, Ronaldo Seixas, afirmou que ainda não há um levantamento de dados sobre a incidência de TEA nos povos indígenas no Estado do Amazonas, mas afirma que existem unidades de suporte distribuídas pelo território.
Ainda de acordo com Seixas, a Secretaria de Saúde do Estado do Amazonas (SES-AM) conta com o planejamento de estratégias específicas voltadas para indígenas que possuem o diagnóstico.
“Existem dez unidades de suporte em saúde espalhadas pelos territórios indígenas, sete localizadas dentro do Amazonas e três localizadas em Estados vizinhos, mas que atendem também ao território amazonense. Essas unidades estão integradas com psicólogos e psiquiatras para atender essa população indígena que necessita de atenção especial”, afirma o coordenador.
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