Delegação do Amazonas participa de conferência, nos EUA, sobre vacina preventiva à infecção pelo HIV

Diovana Rodrigues – Da Revista Cenarium

MANAUS – A Reunião geral da HVTN (HIV vaccine trial network) do estudo global “Mosaico” contará com a participação de uma delegação do Amazonas. O estudo engloba uma pesquisa responsável pela verificação experimental de um regime de vacinas preventivas à infecção pelo HIV (Vírus da imunodeficiência humana), causador da Aids. A conferência acontece entre os dias 4 e 6 de maio, em Washington D.C., nos Estados Unidos (EUA). O pesquisador responsável em Manaus é o médico infectologista Marcus Lacerda (FMT-HVD).

Segundos dados dos próprios organizadores, o “Mosaico” é um grande estudo que tenta provar se o regime experimental de vacina pode prevenir a infecção pelo  HIV na América do Norte, América Latina e Europa. No Brasil, a pesquisa acontece em Manaus, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Curitiba.

Os integrantes do núcleo manauara da pesquisa que participarão do evento internacional são: Dr. Fernando Val, Gabriel Mota e Christiane Prado. Os principais temas relacionados serão não só a vacina, mas também o engajamento comunitário, HIV e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).

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O coordenador de pesquisa Dr. Fernando Val, em entrevista à CENARIUM, revela a importância da reunião para conhecer os desafios e ferramentas de trabalho disponíveis dos demais centros. “Essa reunião é importante para a troca de experiências e de informações com os demais centros do mundo, quanto as particularidades de cada localidade. As condições sociais, culturais e econômicas dos participantes do estudo em Manaus são diferentes daqueles em São Paulo ou nos Estados Unidos, por exemplo. Esses fatores são importantes para o atendimento e manutenção dos nossos participantes no estudo”, diz.

Dr. Fernando Val fala sobre a expectativa para a Conferência Global.
( Acervo Pessoal)

Para o educador comunitário Gabriel Mota, o principal objetivo é “compartilhar a experiência de Manaus com o restante dos centros do mundo, para que assim a gente possa levar nossa experiência, enriquecer as experiências de outros centros e da mesma forma ter isso em uma via de mão dupla, seria pegar as experiências que eles têm com retenção, recrutamento, acolhimento institucional com os participantes dos estudos”.

O Comitê de Ação Comunitária (CEC), parte do Instituto de Pesquisa Clínica Carlos Borborema (IPCCB), tem como principal papel a realização da educação comunitária acerca dos métodos de prevenção combinada do HIV e de outras infecções sexualmente transmissíveis. A atuação não é apenas no estudo ‘Mosaico’, mas também em outros estudos que acontecem e podem acontecer no Instituto. “A pauta que queremos levar é como foi incluir participantes e as estratégias que utilizamos durante a pandemia, uma vez que iniciamos estudo entre a primeira e a segunda onda, bem como compartilhar quais são os desafios de conduzir o estudo clínico desse porte em Manaus”, complementa.

Gabriel Mota comenta sobre a troca de experiências que o encontro vai proporcionar.
(Acervo Pessoal)

Para a enfermeira e coordenadora de pesquisa Christiane Prado, trocar experiências com os outros centros também é um ponto primordial da experiência. “É importante para o contínuo aperfeiçoamento no atendimento e retenção dos nossos participantes. A equipe de enfermagem desenvolve um papel estratégico no acompanhamento dos participantes, estando à disposição para o que precisarem, mantendo e estabelecendo um vínculo de confiança e dando suporte aos participantes”, afirma.

Christiane Prado relata sobre o papel estratégico da equipe de enfermagem.
( Acervo Pessoal)

Estudo ‘Mosaico’ e o HIV

Para fazer isso, o estudo inclui homens cisgêneros e pessoas transgêneros que fazem sexo com homens cisgêneros e/ou pessoas transgêneros. Se o Mosaico conseguir mostrar que o regime de vacinas do estudo funciona, será um passo muito importante no caminho para encontrar uma vacina segura e eficaz para a prevenção do HIV”.

Em análise de segurança e eficácia, duas vacinas de HIV são testadas: a Ad26. Mos4.HIV (vacina Ad26) e gp140 de Subtipo C e Mosaico de gp140 (vacina gp140). Com a inclusão de participantes em outubro de 2019, centros de pesquisa espalhados por todo o território global fazem parte dos experimentos, entre eles estão Argentina, Brasil, Itália, México, Peru, Polônia, Espanha e os Estados Unidos.

Os órgãos responsáveis pela realização do estudo Mosaico formam uma parceria público-privada, com a Janssen Vaccines & Prevention B.V. (parte da Janssen Pharmaceutical Companies da Johnson & Johnson), o National Institute of Allergy and Infectious Diseases (NIAID), do National Institutes of Health (NIH) dos Estados Unidos, o HIV Vaccine Trials Network (HVTN), sediado no Fred Hutchinson Cancer Research Center; e o U.S. Army Medical Research and Development Command (USAMRDC). O regime de vacina experimental que está sendo testado no estudo foi desenvolvido pela Janssen Pharmaceutical Companies da Johnson & Johnson e seu consórcio de parceiros globais.

De acordo com dados do Instituto de Pesquisa Clínica Carlos Borborema (IPCCB), consórcio firmado entre a Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), com a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e o Instituto Leônidas & Maria Deane (Fiocruz Amazônia), a pesquisa incluirá, aproximadamente, 3.800 homens cisgêneros e pessoas transgêneros que fazem sexo com homens cisgêneros e/ou pessoas transgêneros. Os requisitos para participar são: os participantes devem ser saudáveis; a faixa etária entre 18 e 60 anos de idade; não ser pessoa vivendo com HIV. É importante lembrar que os integrantes do ensaio científico devem estar cientes da realização de avaliações médicas regulares para o HIV e do recebimento de aconselhamento.

Segundo informações do coordenador, a pesquisa “incluiu pessoas que não vivem com HIV, mas sim com risco elevado de infecção. Além disso, nosso grupo de pesquisa, sob liderança do Dr. Marcus Lacerda, conta com equipe de excelência na condução de ensaios clínicos, trabalhando de forma harmonizada. Não só com equipe médica, de enfermagem, de farmácia e de laboratório, mas também com equipe de assuntos regulatório e da qualidade de pesquisa e um Comitê de Educadores Comunitários (CEC). Todos realizam os treinamentos necessários, como em Boas Práticas Clínicas e de Laboratório”, afirma.

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