Deputados pedem cassação de vereadora de PE que chamou criança autista de ‘castigo de Deus’

Da esquerda à direita: Bruno Lima, Zirleide Monteiro e Fred Costa. (Reprodução/Redes sociais)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium Amazônia

MANAUS (AM) – Os deputados federais Bruno Lima (PP-SP) e Fred Costa (Patriota-MG) afirmaram nessa terça-feira, 31, que vão pedir a expulsão do partido e cassação do mandato da vereadora Zirleide Monteiro (PTB), que declarou que uma mãe estava sendo “castigada por Deus” por ter um filho com transtorno do espectro autista (TEA). O caso aconteceu na noite da última segunda-feira, 30.

Poucas vezes eu escutei algo tão abominável, repugnante. Uma vereadora, uma representante do povo, falar que uma pessoa com autismo é um castigo divino é absolutamente inaceitável. Nesse sentido, nós estamos pedindo a expulsão dela do partido, imediatamente“, afirmou Fred Costa. “E queremos que ela seja penalizada exemplarmente, porque uma mulher que fala isso tem que ser cassada, jamais pode ser vereadora“.

Já Bruno Lima chamou a declaração de “covarde” e “absurda”.Isso não poderá ficar impune, essas falas não vão passar desapercebidas, sem as medidas que elas merecem“, publicou na rede social Instagram.

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O Artigo 88 da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Nº 13.146, de 6 de julho de 2015) configura que é crime “Praticar, induzir ou incitar discriminação de pessoa em razão de sua deficiência”, com pena de reclusão de um a três anos, e multa.

Em nota divulgada à imprensa, Zirleide Monteiro pediu desculpas pelo que chamou de “infelicidade” dita por ela durante sessão na Câmara Municipal de Arcoverde. A parlamentar ainda se referiu à declaração como “movida por agressões, mentiras e ofensas desferidas” contra ela.

Lamentavelmente, movida por agressões, mentiras e ofensas desferidas a minha pessoa, motivadas por diferenças políticas e uma política de baixo nível, incorremos no erro de sermos ofensiva às pessoas com deficiência, quando deveríamos ter procurado os meios legais de nos defender“, declarou.

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Entenda o caso

A declaração de Zirleide Monteiro ocorreu na última segunda-feira. “Não preciso citar o nome da cidadã, que o castigo de Deus, Ele dá aqui em vida. Quando ela veio com um filho deficiente, é porque ela tinha alguma conta a pagar com aquele lá de cima. Ela já veio para sofrer“, disse.

Está nas mãos de Deus. Está entregue e quem faz aqui, paga aqui mesmo. Não vai subir lá para cima não, viu? De jeito nenhum“, complementou ainda a vereadora.

Após a repercussão, a vereadora desativou as redes sociais e divulgou um pedido de desculpas “às pessoas com deficiência e seus pais“. A mulher a quem a vereadora se referiu é mãe de uma criança de 4 anos que tem Transtorno do Espectro Autista (TEA). Informações dão conta que elas se desentenderam dias antes da sessão.

A declaração da vereadora foi repudiada pelo presidente da Câmara, Wevertton Siqueira, que se desculpou em nome dela durante a sessão.

Eu acho que a senhora foi muito infeliz em suas palavras, em dizer que o filho de uma mãe veio deficiente porque é um castigo de uma pessoa ser ruim ou de uma pessoa ser boa. Eu acredito que a senhora foi muito infeliz, eu quero pedir desculpa em nome da vereadora Zirleide, eu como presidente, eu quero pedir desculpa em nome dela a todas as mães que têm um filho deficiente aqui, em Arcoverde, em Pernambuco, e em todo o Brasil“, disse.

Edição: Eduardo Figueiredo

Revisão: Gustavo Gilona

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