Descendo o pódio: ex-atleta do handebol feminino amazonense relembra época de ouro
13 de abril de 2024
Regina Kanawati despontou como atleta de alto rendimento no handebol amazonense na década de 1970 (Composição de Paulo Dutra/Revista Cenarium)
Jessika Caldas – Da Revista Cenarium
MANAUS (AM) – Aos 16 anos de idade, ainda estudante do Ensino Médio na década de 1970, a amazonense Regina Kanawati conheceu e começou a praticar a modalidade esportiva do handebol. Em meio aos estudos e treinos na quadra da Escola Técnica Federal do Amazonas, ela passou a cultivar o sonho de disputar competições nacionais.
Em 1977 e 1978, Kanawati participou dos Jogos Estudantis do Amazonas (Jeas). O desempenho nas competições a fez despontar como atleta de alto rendimento e, nesse período, foi convocada para integrar a Seleção Amazonense Estudantil de Handebol Feminino. Com a equipe, ela representou o Estado em uma série de jogos nacionais, participando dos Jogos Escolares Brasileiro (JEBs).
Atualmente com 62 anos, Kanawati relembra os “tempos de ouro” que viveu no esporte. À REVISTA CENARIUM, ela conta os momentos que passou para subir ao lugar mais alto do pódio no tão sonhado campeonato brasileiro de handebol. Na época, as conquistas foram históricas para o Estado do Amazonas, que se mostrou uma potência na modalidade.
A ex-atleta profissional de handebol feminino Regina Kanawati exibe medalha de ouro conquistada em 1978 (Evandro Seixas/Revista Cenarium)
“Em 1978, eu compus a equipe do Bancrévea Clube. Depois, fui para o time do Atlético Rio Negro Clube, chamada pelo técnico Walmir Alencar. Nesse período, tive a oportunidade de ser convocada para fazer parte da seleção de handebol adulta, onde se encontravam as melhores jogadoras de handebol do Amazonas. Disputamos o Campeonato Adulto de Handebol e conquistamos o primeiro lugar da competição na cidade de Belo Horizonte”, recorda.
No ano seguinte, em 1979, o time de Kanawati conquistou o segundo lugar nos Jogos Escolares Brasileiros (JEBs), no Distrito Federal. Em 1980, no Estado de Sergipe, o terceiro lugar veio na Taça Brasil de Clubes Campeões, pelo Atlético Rio Negro Clube. No ano de 1984, também subiu o pódio no terceiro lugar pelos Jogos Universitários Brasileiros (JUBs), em Goiás.
Amazonas e Rio Grande do Sul em disputa nos Jogos Escolares Brasileiros, em 1979 (Reprodução/YouTube)
“Foram anos dedicados à paixão pelo esporte que renderam inúmeras conquistas e aprendizados e após essa fase, a vida esportiva parecia não ter outra saída. Os esforços e as ambições em busca de estar sempre em alto rendimento eram constantes. Tudo foi intenso. As marcas históricas na minha vida são enormes, pois tive a oportunidade de alcançar o pódio como atleta mais de uma vez. Tudo isso realizado com muita dedicação e esforço”, ressalta.
Mulheres no esporte
A conquista do Campeonato Brasileiro de Handebol foi um momento célebre, que contou com a participação da eterna camisa 9 da seleção do Amazonas, Magaly Barroso. À CENARIUM, ela afirma que esperou iniciar o Ensino Médio, anteriormente chamado de Ginásio, para iniciar os treinos na modalidade esportiva.
“Em 1972, o handebol no Amazonas era fraco em relação a outros Estados. Então, comecei a treinar, alguns times começaram a me chamar. Com a ajuda do técnico Walmir Alencar, conseguimos trazer títulos para o Amazonas. Em 1976, fomos campeões brasileiros e, nesse ano, fui escolhida como melhor atleta da competição. Em 1979, fomos bicampeões, trazendo esse feito para nossa sociedade”, relembra Barros.
A arremessadora de seis metros da Liga Amazonense de Handebol em 1978, Dorivânia do Carmo, afirmou à reportagem que a paixão pelo handebol nasceu de maneira inusitada, em uma época em que o esporte de embate era proibido para mulheres no Brasil, segundo a legislação brasileira.
Da esquerda para direita: Regina Kanawati, Dorivânia do Carmo e Magaly Barroso (Evandro Seixas/Revista Cenarium)
“A nossa geração fez algo inédito. Na época, a mulher não tinha essa visibilidade, essa representatividade toda que tem hoje em dia. A partir do momento em que o Amazonas foi bicampeão, atingimos, ali, o pioneirismo, abrimos espaço para as novas gerações. Essa é a maior representatividade que uma mulher do Norte conseguiu no esporte naquele período”, contou do Carmo.
‘Descendo o Pódio’
Formada em Educação Física, atualmente Regina Kanawati trabalha no Departamento de Políticas e Programas Educacionais do Estado e utiliza o esporte como instrumento de mobilização social. A ex-atleta de alto rendimento também é aluna do Programa de Pós-Graduação Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
Na academia, ela desenvolve o projeto “Descendo o Pódio: Protagonismo de Mulheres Ex-atletas de Handebol em Manaus”. O estudo tem como mote analisar a figura da mulher amazonense, atleta e ex-atleta de handebol master, a fim de verificar a influência do esporte na qualidade de vida e também como instrumento de integração sociocultural em Manaus.
Regina Kanawati é mestranda em Sociedade e Cultura na Amazônia (Evandro Seixas/Revista Cenarium)
“Pretendo destacar a presença e contribuição dessas mulheres enquanto esportistas e seres humanos, sabendo que muitos atletas inspiram uma parcela da população, principalmente os mais jovens, reforçando a representatividade social dessas mulheres (…) Este estudo também abordará o conhecimento sobre a força e a garra da mulher ao se insurgir diante de um sistema patriarcal que a impediu por séculos de contar sua própria história“, destacou Kanawati.
A ex-atleta ressalta, ainda, que o esporte possui áreas de investigação que vão além do aspecto físico, estético e saudável, porém não dissociáveis, e uma dessas áreas corresponde às relações socioculturais que se manifestam por meio da cultura corporal.
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