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Dia da Visibilidade Lésbica: desconstrução, preconceito e liberdade para amar
Luzes com as cores da bandeira LGBTQIAPN+ refletidas sobre casal homoafetivo (Reprodução/Freepik)
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29 de agosto de 2023
Adrisa De Góes – Da Revista Cenarium Amazônia
MANAUS (AM) – Nesta terça-feira, 29, o Brasil celebra o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica. Há 27 anos, a data foi criada para chamar a atenção sobre as pautas que motivam lutas sociais dessa população, violências e preconceito sofridos. No País, pelo menos 0,9% das mulheres brasileiras declaram-se lésbicas, informa o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para a assistente social e professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Lidiany Cavalcante, que é pesquisadora nas áreas de diversidade sexual e saúde mental, é preciso validar e reconhecer as identidades sexuais, sobretudo, o reconhecimento da orientação sexual de mulheres que amam outras mulheres.
“É uma data importante para que a gente possa descortinar esse assunto na nossa sociedade. Nós vivemos em um País tão conservador, que você ter direito ou lutar para amar uma outra mulher é revolucionário. A mulher lésbica também tem direitos sociais, civis e humanos. Nós também usamos essa data para lutar contra toda e qualquer forma de lesbofobia”, ressalta a pesquisadora à REVISTA CENARIUM AMAZÔNIA.
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Números da lesbofobia
A lesbofobia é o medo ou rejeição, de forma objetiva ou subjetiva, que as mulheres vivenciam por ter amor, afeto ou desejo sexual por outras mulheres. De acordo com o Lesbocenso Nacional, coordenado pela Associação Coturno de Vênus e a Liga Brasileira de Lésbicas (LBL), um total de 78,61% dessa população sofreu discriminação pela condição sexual.
“Muitos desses cenários de violência acontecem nas ruas, mas é importante ressaltar que muitas dessas violências acontecem dentro de seus lares também. São mulheres e meninas que são expulsas de casa pela própria condição sexual; que são impedidas de estudar por causa dos preconceitos nas escolas; que nos relacionamentos afetivos sexuais passam por situações de violência”, afirma Lidiany Cavalcante.
O Lesbocenso também traça o perfil das mulheres que se declaram lésbicas no Brasil. Os números mostram que, destas, 37,1% moram em bairro de classe média; 13,83% em áreas periféricas; 2,8% na zona rural; 1,7% em favelas; 0,8% em comunidades quilombolas e 0,04% em aldeias indígenas. A coleta de informações se refere aos anos de 2021 e 2022.
Liberdade para amar
Apesar da violência e do preconceito enfrentados por casais lésbicos, ainda há espaço para as histórias de amor. É o caso da assessora jurídica do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) que atua no município de Parintins (a 369 quilômetros de Manaus) Aline Maia, 28, e da estudante de psicologia Huanna Iasmyn, 22. Elas vivem um relacionamento há 1 ano e 5 meses, depois de se conhecerem numa noite de carnaval.
Para Aline, viver uma relação amorosa com outra mulher, na sociedade e no meio familiar em que ela vive, é uma situação tranquila. “Apesar de ser uma cidade no interior do Amazonas, com os costumes sociais ainda arcaicos, nós somos rodeadas de pessoas boas e bem intencionadas, nunca passamos por nenhuma situação vexatória ou preconceituosa”, afirma a advogada à CENARIUM.
Huanna também atribui o suporte de familiares e pessoas mais próximas como fundamental e acolhedor. “Algumas têm sorte de ter o apoio da família e dos amigos, é o que torna tudo mais leve para nós. Porém, não podemos ignorar o fato de existirem pessoas preconceituosas e violentas por aí, conforme mostram as estatísticas. É assustador viver um relacionamento lésbico em um País que mais mata homossexuais no mundo por puro ódio“, ressalta a estudante de psicologia.
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