Diálogos Amazônicos: debate sobre Amazônia terá efeitos ambientais e sociais, avaliam especialistas

Seca no Lago do Aleixo, em Manaus (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)
Adrisa De Góes – Da Revista Cenarium Amazônia

MANAUS (AM) – Os resultados do evento Diálogos Amazônicos, realizado entre a sexta-feira, 4, e este domingo, 6, em Belém, no Pará, terá efeitos ambientais e sociais na região amazônica, segundo avaliam especialistas consultados pela REVISTA CENARIUM. O evento recebe reivindicações das organizações da sociedade civil que atuam na região e que vão subsidiar as principais discussões da Cúpula da Amazônia, que inicia na terça-feira, 8, na mesma cidade.

O economista Inaldo Seixas destaca que as discussões geradas no Diálogos Amazônicos poderá subsidiar até mesmo políticas públicas que visem o desenvolvimento da região, sem esquecer da sustentabilidade. Ele lembra, ainda, que é importante que os chefes de Estado tenham acesso às discussões e anseios dos povos que vivem na região amazônica, a fim de entender a forma de vivência dessas pessoas e, principalmente, como se desenvolvem economicamente.

“Dessa perspectiva econômica, os resultados do Diálogos Amazônicos vão servir para subsidiar algumas políticas públicas que alavanquem o desenvolvimento da Amazônia, tendo como pano de fundo a questão da sustentabilidade, ou seja, a preocupação com a questão climática, de gases de efeito estufa, de desenvolvimento de setores econômicos com baixo carbono e da proteção dos povos originários e dos quilombolas”, disse o especialista em Economia.

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Para o economista Altamir Cordeiro, as reuniões são essenciais para o mundo e para o Brasil, em especial para a Amazônia. Porém, ele ressalta que é necessário que os países cumpram as determinações acordadas entre os grupos.

Evento Diálogos Amazônicos, em Belém, no Pará (Audiovisual/PR)

“Nosso bioma tem influência no clima e sabemos dos desastres que ele provoca na natureza, levando populações a migrarem de suas origens para sobreviver. O problema são sempre as grandes nações que, muitas vezes, não cumprem com as decisões tomadas nessas conferências. Espero que, dessa vez, possamos, sim, apresentar um projeto que o mundo entenda, e que será melhor para as futuras gerações”, ressalta o economista à REVISTA CENARIUM AMAZÔNIA.

Preservação ambiental

O geógrafo e ambientalista, diretor da WCS Brasil, Carlos Durigan, disse à CENARIUM que considera a iniciativa em promover a participação social um marco de retomada da atenção que a Amazônia, a biodiversidade e os povos da região necessitam. Ele destaca que a mobilização em torno desses temas é histórica.

“Eu vejo como um marco importante de retomada, de mobilização, de discussão de prioridades da região, assim como das ameaças que sofremos. Todo esse cenário de emergência climática e impactos que vivemos, atualmente, de degradação e de crimes ambientais, as ameaças aos povos amazônidas, indígenas e não indígenas, urbanos e rurais, todo esse processo leva à gestão dos países da Amazônia a se mexerem para darem uma resposta à altura que a região, os povos e a biodiversidade precisam”, afirmou.

Indígenas no evento Diálogos Amazônicos, em Belém, no Pará (Audiovisual/PR)
Cúpula da Amazônia

As demandas das entidades, geradas no Diálogos Amazônicos, serão apresentadas aos líderes dos países integrantes da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), na Cúpula da Amazônia. Vão participar do encontro os presidentes de Brasil, Bolívia, Colômbia, Guiana, Peru e Venezuela. Equador e Suriname não confirmaram a presença de seus presidentes, mas vão enviar representantes oficiais.

O ambientalista Rogério Fonseca ressalta que, nos últimos anos, a OTCA teve importante representação no alinhamento de instrumentos jurídicos entre distintos países, culturas, e visões de mundo para dentro de uma perspectiva pan-amazônica. Ele diz acreditar, ainda, que a organização terá aumento no protagonismo nos próximos anos.

“Acredito que esses debates vão surtir efeitos imediatos e positivos devido à participação das principais organizações sociais. Eu gostaria que, além das principais organizações sociais ganharem esse protagonismo, as organizações locais dos povos originários também fossem ouvidas, de fato e de direito, porque todas às vezes se utilizam de povos originários nessas reuniões, a fim e galgar espaços de mídia, que nunca dão a devida voz e o devido protagonismo aos povos da floresta”, pontuou.

Leia mais: Em Belém, frentes públicas debatem no primeiro dia no ‘Diálogos Amazônicos’

Ambos os eventos são vistos como uma preparação para a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30, em 2025, que será sediada na capital paraense.

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