Diplomacia empaca e dirigentes ocidentais alertam para invasão ‘a qualquer momento’ da Ucrânia pela Rússia

Militares russos realizam exercícios na região de Rostov (SERGEY PIVOVAROV / REUTERS)

Com informações do InfoGlobo

BERLIM E MOSCOU — Governos ocidentais elevaram o tom dos alertas sobre o risco de uma invasão russa da Ucrânia, ao final de uma semana marcada por poucos avanços diplomáticos e pela guerra de versões entre a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e Moscou. Neste cenário, está previsto, neste sábado, que o líder russo, Vladimir Putin, mantenha conversas telefônicas separadas com os presidentes dos EUA, Joe Biden, e da França, Emmanuel Macron.

Em visita à Austrália, o secretário de Estado, Antony Blinken, seguiu o tom alarmista adotado por Biden na véspera e afirmou que uma invasão russa é iminente.

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“Colocando de forma simples: continuamos a ver sinais preocupantes de uma escalada russa, incluindo a chegada de novas forças na fronteira com a Ucrânia”, declarou Blinken, em entrevista coletiva. “Como mencionamos antes, estamos em uma janela de invasão, que pode ocorrer a qualquer momento, incluindo durante a Olimpíada”, completou.

Blinken se referia aos Jogos de Inverno, que ocorrem em Pequim até o dia 20 de fevereiro — analistas lembram que, em 2008, a intervenção russa na Geórgia teve início dias antes da Olimpíada daquele ano, realizada também na capital chinesa.

Missão

No começo da tarde, o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, repetiu o alerta, e pediu que todos os cidadãos americanos deixem a Ucrânia em até 48 horas. Embora não confirme ter informações de inteligência sobre uma decisão final de Putin de invadir a Ucrânia, ele afirma que a Rússia já posicionou as forças necessárias para uma invasão de grande porte, e que o Kremlin estaria buscando uma motivação para atacar. Sullivan declarou ainda que a primeira etapa de uma eventual guerra seria uma série de bombardeios aéreos.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, também mencionou o “risco real” de um conflito armado na Europa. “O número de militares russos aumenta, enquanto os prazos de advertência diminuem”, afirmou, durante visita a uma base militar operada pela aliança na Romênia. “Há o risco de uma invasão de grande escala, mas também de outras ações agressivas, como tentativas de derrubar governo em Kiev, ciberataques híbridos e outros tipos de agressão russa.

O alarme foi replicado pelos governos do Reino Unido, do Japão, da Finlândia, da Coreia do Sul e da Holanda, que pediram para que seus cidadãos deixem a Ucrânia imediatamente. A missão diplomática holandesa será temporariamente realocada na cidade de Lviv, no Oeste do país.

Os comentários de Blinken e Stoltenberg vieram horas depois de uma entrevista do presidente americano, Joe Biden, à rede NBC. Nela, ele pediu a todos os cidadãos dos EUA na Ucrânia que deixem o país, e destacou que não enviará militares para operações de resgate no caso de uma guerra.

“Não é como se estivéssemos lidando com uma organização terrorista. Estamos lidando com um dos maiores exércitos do mundo. É uma situação muito diferente, e as coisas podem sair do controle muito rapidamente”, afirmou Biden.

Líderes

Ainda na noite de quinta, Biden se reuniu com seus conselheiros de segurança nacional na Casa Branca para discutir a presença de mais de 100 mil militares russos nas fronteiras com a Ucrânia, além dos exercícios sendo realizados em conjunto com a Bielorrússia, e que vários países ocidentais consideram mais uma forma de pressão sobre Kiev.

O presidente também conversou por telefone, nesta sexta-feira, 11, com líderes de Polônia, Alemanha, Itália, Romênia, Reino Unido e com representantes da União Europeia e da Otan. Segundo um porta-voz do governo alemão, eles concordaram em manter os esforços diplomáticos para evitar um conflito, mas voltaram a ameaçar com sanções “rápidas e severas” no caso de uma invasão.

O premier britânico, Boris Johnson, afirmou ainda que uma guerra poderia colocar em risco a segurança de toda a Europa. Os EUA, por sua vez, confirmaram o envio de mais 3 mil militares à Polônia, “para tranquilizar os aliados da Otan”.

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