Disque 100 registra mais de 2,8 mil violações de direitos humanos contra povos indígenas

Visita da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) à Terra Indígena Guyraroka, no Mato Grosso do Sul, em 2018 (Christian Braga/Farpa/CIDH)
Da Revista Cenarium*

BRASÍLIA – De janeiro a março deste ano, o Disque 100 registrou 2.846 violações de direitos humanos contra povos indígenas, de acordo com levantamento do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, ao qual a Agência Brasil teve acesso.

No total, o serviço recebeu 430 denúncias de violações de diferentes etnias. A maioria dos relatos – feitos de forma presencial – tratou da falta de atendimento médico, melhoria nas escolas, ausência de transporte e violência contra lideranças indígenas relacionadas à demarcação de territórios tradicionais e conflitos fundiários, segundo o ouvidor do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, Bruno Renato Teixeira.

Nesta semana, o ministério tem promovido diversos encontros com povos indígenas que participam do Acampamento Terra Livre (ATL), em Brasília, para a coleta de relatos e denúncias por meio de escutas ativas.

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O serviço Disque 100 recebe denúncias de violações de direitos humanos dos mais variados grupos populacionais, como crianças, idosos, pessoas com deficiência e mulheres (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

De acordo com o ouvidor, em escutas ativas, os indígenas pediram proteção às lideranças que estão à frente da luta pela regularização de áreas. Líderes relatam que se sentem ameaçados. “Algumas lideranças se sentem ameaçadas. Temos de fortalecer os programas de proteção executados pelo Ministério dos Direitos Humanos, em conjunto com os Estados”, disse Bruno Teixeira. 

Mato Grosso do Sul 

Na semana passada, foram iniciadas negociações para ida de uma comissão interministerial a Mato Grosso do Sul, em razão de uma escalada de violência contra líderes Guarani Kaiowá. Recentemente, um grupo de indígenas foi preso após protestar contra a destinação de um terreno, na cidade de Dourados, para construção de condomínio de luxo. O grupo argumenta que a área é território indígena.

Uma comissão interministerial – em parceria com a Procuradoria-Geral da República, em Mato Grosso do Sul, e a Defensoria Pública da União e do Ministério Público Federal – deverá ir à região, em maio, para uma escuta ativa e traçar um diagnóstico da situação. Alguns dos órgãos federais envolvidos são os Ministérios da Saúde, da Justiça e Segurança Pública e dos Povos Indígenas.

Leia também: Pesquisadores denunciam violação dos direitos humanos contra indígenas na Amazônia

O ouvidor Bruno Teixeira afirmou que a escuta visa identificar quais as políticas públicas que precisam ser implementadas na região e propor a instalação de uma câmara permanente de mediação de conflitos.  

“É preciso um ambiente com mais tranquilidade para implementação das políticas públicas necessárias. Quanto mais célere for o processo de demarcação das áreas, mais rápida será a pacificação”, opinou.

Segundo ele, há ainda demandas para busca efetiva de soluções de conflitos, no Maranhão e no Amazonas.  

Como funciona o Disque 100  

O serviço Disque 100 recebe denúncias de violações de direitos humanos dos mais variados grupos populacionais, como crianças, idosos, pessoas com deficiência e mulheres. Qualquer pessoa pode fazer a denúncia sem ter a identidade revelada.  

Veja abaixo os canais de atendimento: 

Disque 100: ligação telefônica gratuita fixa ou celular pelo número 100 

WhatsApp: basta enviar uma mensagem para o número (61) 99611-0100. 

Telegram: basta digitar “Direitoshumanosbrasil” na busca do aplicativo 

APP SABE: ferramenta interativa conectada, diretamente, ao Disque 100. Baixe o aplicativo no sistema Android ou faça o download do aplicativo no sistema iOS.

(*) Com informações da Agência Brasil
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