Documentário que revela contaminação de indígenas por mercúrio, no Pará, tem estreia nacional em outubro

Foto: Reprodução/Teaser Documentário
Karol Rocha – Da Revista Cenarium

MANAUS – A contaminação de indígenas da etnia Munduruku por mercúrio, decorrente do garimpo ilegal na Bacia do Tapajós, região sudeste do Pará, é retratada em documentário brasileiro produzido pelo cineasta paulista Jorge Bodanzky com o nome: “Amazônia: a nova Minamata?”.

O filme só estreia, nacionalmente, em outubro na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, mas terá uma pré-estreia marcada para os dias 13, 14 e 15 de setembro e deve ser exibida na Terra Indígena Sawré Muybu, no Pará. O documentário, produzido pela Ocean Films, mostra a realidade de indígenas Munduruku contaminados por mercúrio devido à atuação de garimpeiros ilegais à procura de ouro na Amazônia.

A produção faz um paralelo do caso com a contaminação por mercúrio ocorrida na cidade de Minamata, no Japão, no final da década de 1950, quando uma fábrica despejou toneladas de mercúrio na Baía de Minamata, o que acabou envenenando a água e os peixes consumidos pelos humanos. O envenenamento causou mortes e doenças graves nas vítimas.

PUBLICIDADE

O documentário registrou e acompanhou a expedição de cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em um estudo em parceria com a WWF-Brasil, para descobrir quanto de mercúrio tinha no corpo dos indígenas Munduruku que vivem nas três aldeias, Sawré Muybu, Poxo Muybu e Sawré Aboy, que
ficam dentro da Terra Indígena (TI) Sawré Muybu, situada entre Itaituba e Trairão, no Pará, região do Médio Tapajós impactada pelo garimpo ilegal.

Conforme os estudos, 100% dos indígenas Munduruku estavam contaminados com mercúrio, e 60% deles tinham níveis acima do considerado seguro pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

O filme também expõe a intoxicação por mercúrio em outras comunidades ribeirinhas do Tapajós e a população urbana de Santarém, cidade situada bem próximo da foz do rio, e onde já foram comprovadas contaminações por mercúrio em 90% e 75%, respectivamente. Desses grupos analisados, a maioria pelo consumo de peixes da região.

Imagens históricas e inéditas, bem como os alertas das vítimas da contaminação de Minamata, às populações amazônicas, para que não deixem a história se repetir no Brasil, estão entre os conteúdos do novo documentário. Trechos de conflito, como quando as equipes de saúde e de filmagem tiveram um encontro com garimpeiros do Tapajós, numa pista de pouso dentro da terra indígena, também são revelados no trabalho audiovisual.

A estreia nacional do documentário “Amazônia: a nova Minamata?” acontece na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em outubro, e depois segue para outros festivais de cinema e eventos sobre clima e meio ambiente. A produção tem duração de 70 minutos e é dirigida pelo cineasta brasileiro Jorge Bodanzky.

Veja o teaser do documentário:

PUBLICIDADE

O que você achou deste conteúdo?

Compartilhe:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.