EDITORIAL – A ignorância e o terrorismo, por Paula Litaiff
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21 de janeiro de 2023
“Nada no mundo é mais perigoso do que a ignorância sincera e a estupidez conscienciosa”, disse Luther King (1955-1968), ativista político, vencedor do Prêmio Nobel da Paz, que combateu a segregação racial, nos Estados Unidos, até ser assassinado pelo extremista James Earl Ray, que acreditava ser “patriota” e defendia a própria tese de que Luther King enfraquecia a política e a economia do país ao lutar pelos direitos civis dos negros.
A história mostra que a ignorância pode ser um fio condutor para o extremismo, genitor do terrorismo, termo pouco usado nos livros de História do Brasil e que se tornou uma das palavras mais pesquisadas na internet após os atos do dia 8 de janeiro, em Brasília. Considerados um dos maiores ataques à democracia brasileira desde a redemocratização (1975-1985), os atos foram cometidos por correligionários do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que invadiram e saquearam a estrutura dos Três Poderes em busca de um golpe de estado.
Baseada em investigações preliminares da Polícia Federal (PF), do Ministério Público Federal (MPF) e na apuração de sua própria reportagem, a REVISTA CENARIUM busca, nesta edição de janeiro, mostrar aos seus leitores quem pode estar por trás desses atos, principalmente, na maior capital da Amazônia, Manaus (AM), onde Bolsonaro teve 61,28% dos votos no segundo turno contra 38,72% do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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Entende-se como antidemocrático/golpista quem incita, publicamente, a ditadura e a animosidade entre as Forças Armadas e os Poderes Legislativo, Judiciário e Executivo. Juristas explicam que protestos que pedem a intervenção militar atacam a própria Constituição e não estão protegidos pelo direito à liberdade de expressão, mas para o extremista, a ignorância era fator de justificativa. “Era”, porque, agora, está claro que a ignorância pode ser motivo de prisão, e prisão inafiançável.
De volta à história do assassino de Luther King, Earl Ray, que se colocava como “patriota americano”, tinha um histórico de racismo e defendia a “hegemonia ariana”. O extremista deixou a escola aos 15 anos e entrou para o Exército no final da Segunda Guerra Mundial. Ele morreu acreditando que seu crime foi sua maior “prova” de patriotismo aos Estados Unidos.
(*)Graduada em Jornalismo, Paula Litaiff é diretora executiva da Revista Cenarium e Agência Amazônia, além de compor a bancada do programa de Rádio/TV “Boa Noite, Amazônia!”. Há 17 anos, atua no Jornalismo de Dados, em Reportagens Investigativas e debate de temas sociais. Escreveu para veículos de comunicação nacional, como Jornal Estado de S. Paulo e Jornal O Globo com pautas sobre Amazônia. Seu trabalho jornalístico contribuiu na produção do documentário Killer Ratings da Netflix.
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