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EDITORIAL – Uma (possível) potência, por Márcia Guimarães
Emissão de carbono em meio a floresta (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)
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26 de junho de 2023
O Brasil detém grande extensão da maior floresta tropical do mundo, a Amazônia, e outros biomas, sendo a maior parte de seu território preservada. Tem as maiores reservas de água potável do planeta e possui matrizes energéticas e elétricas mais ‘limpas’ e renováveis, ingredientes que levam a uma menor emissão de gás carbônico (CO2) e que, portanto, são capazes de tornar o País uma potência mundial do mercado de créditos de carbono, que é a venda deste capital ‘verde’ entre um país ou organização que o possui ao reduzir sua emissão de gases àqueles que não atingiram suas metas de redução. A distância entre o que “pode ser” e o que “é de fato”, neste caso, está na estruturação de sistemas eficientes de comercialização.
Nas próximas décadas, o mercado de carbono deve ter crescimento acelerado, impulsionado pelas metas de redução de emissões de gases do efeito estufa e de mitigação das mudanças climáticas, onde o CO2 é um dos maiores vilões. De acordo com estudo da representação brasileira da Câmara de Comércio Internacional (ICC Brasil), os créditos de carbono podem gerar US$ 100 bilhões ao Brasil, até 2030. O País supriria até 37,5% da demanda global voluntária até a próxima década e até 22% da demanda regulada pela Organização das Nações Unidas (ONU). Para a empresa de consultoria americana McKinsey, até 2030, o Brasil dominaria 15% do mercado mundial voluntário e, em oito anos, a demanda no País atingiria mais de US$ 2 bilhões, com potencial de receitas chegando a US$ 15 bilhões, posteriormente. Outras estimativas apontam para a geração de 8,5 milhões de empregos até 2030 no País nesse setor.
As disparidades entre as projeções refletem a dificuldade de mensurar o real potencial do Brasil a partir de bases concretas. Daí a importância da estruturação das “regras do jogo”. Tentando encontrar um caminho, o governo federal editou decreto e sancionou lei que abordam diretrizes para mecanismos econômicos e financeiros nas estratégias relativas à mudança do clima e que permitem a comercialização de créditos de carbono a partir de projetos de conservação. Além disso, o Senado discute propostas de lei que regulamentam o mercado. Mas, o caminho é longo e, segundo especialistas, passa por questões cruciais como liquidez, esquema de governança e segurança jurídica.
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Florestas retêm CO2, água é capital essencial à vida e base da indústria e da agricultura, energia mais “limpa” e renovável (hidrelétrica, eólica e solar, por exemplo) é igual a uma menor emissão de gases. Esse é o poder que o Brasil tem em mãos. Agora, resta saber se o País aprenderá a lucrar com esse ativo sustentável. Eis o debate que levantamos com a reportagem de capa.
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