Em discurso da vitória, Lula dá ênfase à preservação da Amazônia e diz que vai retomar monitoramento e vigilância

Lula encerra campanha com Caminhada na Paulista, em 29 de outubro de 2022. (Ricardo Stuckert)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez seu discurso da vitória na noite desse domingo, 30, em um hotel em São Paulo (SP). Ao lado de aliados, Lula deu ênfase a um tema recorrente nos seus discursos durante a campanha eleitoral: a preservação da Amazônia e a luta pelo desmatamento zero do bioma. O novo presidente da República ainda falou em proteção aos povos indígenas.

O agora presidente afirmou que pretende transformar, novamente, o Brasil em referência mundial quanto à temática do meio ambiente. Ele relembrou que o desmatamento da Amazônia reduziu em 80% durante seu governo, de 2003 a 2010.

“O Brasil está pronto para retomar o seu protagonismo na luta contra a crise climática, protegendo todos os nossos biomas, sobretudo a floresta amazônica. Em nosso governo, fomos capazes de reduzir em 80% o desmatamento da Amazônia, diminuindo de forma considerável a emissão de gases que provocam o aquecimento global”, disse.

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O petista voltou a declarar ainda que a floresta em pé vale mais do que no chão, criticando a ganância de exploradores que desmatam o bioma. Também houve críticas a atividades ilegais, como o garimpo em terras indígenas, reafirmando que práticas como essas devem ser combatidas.

“O Brasil e o planeta precisam de uma Amazônia viva. Uma árvore em pé vale mais do que toneladas de madeira extraídas ilegalmente por aqueles que pensem no lucro fácil. Um rio de águas límpidas vale mais do que todo o outro extraído a custos do mercúrio que mata a fauna e coloca em risco a vida humana”, acrescentou.

“Quando uma criança indígena morre assassinada pela ganância dos predadores do meio ambiente, uma parte da humanidade morre junto com ela. Por isso, vamos retomar o monitoramento e a vigilância da Amazônia, e combater toda e qualquer atividade ilegal”, concluiu ele.

Veja vídeo:

(Reprodução)

Debates

No último debate do segundo turno, na noite de sexta-feira, 28, quando Lula e Bolsonaro ainda eram candidatos, o tema Amazônia e preservação ambiental voltou à mesa. Durante o último bloco de confronto direto, Lula acusou Bolsonaro de promover uma política favorável ao desmatamento da Amazônia.

Bolsonaro rebateu que Lula desmatou mais que ele. “Você desmatou mais que o dobro nos seus quatro anos do que do lado de cá”, disse, no que o candidato petista retrucou.

“Ainda bem que trouxe Marina Silva e foi minha ministra, e que ganhou mais respeitabilidade sobre clima, o candidato sabe que nós reduzimos o desmate em mais de 80% enquanto a agricultura crescia”, acrescentou.

Debate presidencial na Globo (Reprodução)

Noruega

As relações internacionais, assim como ajuda financeira de países estrangeiros para a preservação da Amazônia, também foram pontuadas por Lula durante a campanha eleitoral. Ele lembrou que Bolsonaro estremeceu o bom relacionamento com países investidores, prejudicando políticas como o Fundo Amazônia.

“Nós vamos tentar fazer a biodiversidade da Amazônia uma forma de enriquecimento daquele povo da Amazônia, de quase 30 milhões de pessoas que moram lá. E não desmatar, e não ‘desmultar’ como vocês estão fazendo”, disse a Bolsonaro, durante o primeiro debate do segundo turno.

Nesta segunda-feira, 31, a Noruega, uma das principais doadoras do fundo de financiamento, anunciou que vai retomar a ajuda financeira contra o desmatamento da Amazônia no Brasil. O País escandinavo, principal fornecedor de recursos para a proteção da floresta amazônica, suspendeu a ajuda ao Brasil em 2019, ano em que Bolsonaro assumiu a Presidência.

“Em relação a Lula, nós observamos que durante a campanha ele enfatizou a preservação da floresta amazônica e a proteção dos povos indígenas da Amazônia”, disse Espen Barth Eide. “Por isso, estamos ansiosos para entrar em contato com suas equipes, o mais rápido possível, para preparar a retomada da colaboração historicamente positiva entre Brasil e Noruega.”

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