Em Minas Gerais, Lula diz rejeitar acordo com TSE sobre direitos de resposta pedidos contra Bolsonaro

O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, tentou costurar um acordo entre as campanhas (Antonio Augusto/Ascom/TSE)
Com informações da Folhapress

JUIZ DE FORA (MG) – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira, 21, que a sua campanha não deve aceitar acordo proposto pelo presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, para que a sua equipe e a do presidente Jair Bolsonaro (PL) negociem os direitos de resposta obtidos nas propagandas eleitorais e interrompam os ataques na TV.

Como mostrou a coluna Mônica Bergamo, da Folha, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, tentou costurar um acordo entre as campanhas.

Ele chamou os advogados tanto de Lula como de Bolsonaro para uma reunião na quinta-feira, 20, e propôs que ambos cessassem os ataques nas propagandas.

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“Hoje, falei com o advogado, ele ía conversar com Alexandre de Moraes. Houve uma proposta de acordo e eu disse que não tem acordo. Se nós ganhamos 184 e perdemos 14, ele que utilize os nossos 14 e nós utilizamos os 184 dele”, disse Lula.

O ex-presidente Lula, em Minas Gerais (Marlene Bergamo/Folhapress)

“Se a gente ganhar o direito de resposta, a gente vai aproveitar para falar coisa mais séria com o povo. O que vamos fazer com o salário mínimo, com o Imposto de Renda (IR), com as pessoas endividadas. Esses são os assuntos que interessam ao nosso povo”, completou.

O petista afirmou que os direitos de resposta concedidos pelo TSE eram uma oportunidade da sua campanha “rebater as mentiras que Bolsonaro contou e a monstruosidade que a turma dele tem a capacidade de fazer”.

O ex-presidente disse também que reafirmou à sua equipe que ela não pode “entrar no jogo rasteiro de Bolsonaro”. “Ficar respondendo as bobagens que ele fala é tudo o que ele quer”.

Lula falou à imprensa em Juiz de Fora, Minas Gerais, antes de participar de caminhada na cidade. Ele estava acompanhado da senadora Simone Tebet (MDB), terceira colocada no 1° turno e apoiadora da candidatura do petista na segunda rodada das eleições, da ex-ministra Marina Silva (Rede) e da prefeita de Juiz de Fora, Margarida Salomão (PT).

A atividade do petista ocorre três dias após o presidente Jair Bolsonaro, seu adversário na corrida eleitoral, ter visitado o município.

Lula também criticou Bolsonaro afirmando que ele não trabalha, “só vive fazendo conversa política e não discute nada que interessa ao povo”. “Muitas vezes, nós obrigamos ele a falar alguma coisa. Eu comecei a falar do preço dos combustíveis e ele resolveu diminuir”.

O petista afirmou que o Brasil está “uma nau sem rumo” e criticou o uso da máquina pública por Bolsonaro. “O presidente não sabe o que faz e todos os dias ele só pensa em eleição. Pela primeira vez, não é uma eleição do Lula contra Bolsonaro. Estamos aqui contra a máquina do Estado brasileiro, a máquina total. Todos os dias têm alguma coisa”.

Também disse do aumento do preço dos alimentos e afirmou que isso não é consequência da Guerra da Ucrânia, mas porque Bolsonaro “não entende de economia e o [Paulo] Guedes não tem interesse”.

As agendas de Lula em Minas Gerais são as primeiras que contam com a participação de Tebet. Mais cedo, nesta sexta-feira, ele participou de caminhada em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, e fará outra neste sábado, 22, entre Belo Horizonte e Ribeirão das Neves.

A senadora Simone Tebet é vista como um trunfo da campanha de Lula, uma vez que ela reforça a ideia, que a campanha propala, de que a candidatura do ex-presidente não está restrita ao PT ou à esquerda.

Além do simbolismo de ter Tebet ao seu lado nesta atividade, a agenda ocorre na cidade onde o então candidato à Presidência do PSL, Jair Bolsonaro, levou uma facada, em setembro de 2018.

O presidente costuma dizer que a cidade é a sua segunda “terra natal”, justamente por ser o local onde sofreu o atentado, e foi nela que o chefe do Executivo deu o pontapé inicial de sua campanha à reeleição neste ano.

Ele já cumpriu agendas no município outras duas vezes, neste ano — a mais recente na última terça-feira , 18.

Esta é a segunda visita de Lula à cidade mineira neste ano. A primeira foi em maio, durante a pré-campanha. Um vídeo publicado nas redes sociais, naquele dia, mostrou um policial militar apontando arma a um grupo do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) que esperava por Lula na cidade.

Minas Gerais é considerado um Estado chave na disputa ao Palácio do Planalto. E tanto Lula quanto Bolsonaro estão investindo, no Estado, na tentativa de aumentar suas votações.

Como a Folha mostrou, os dois candidatos têm reforçado a busca de apoio junto a prefeitos, intensificado a agenda de visitas ao interior e apostado na presença de novos aliados no palanque.

Desde 1989, o Estado mantém a tradição de refletir os resultados nacionais da corrida presidencial, o que o faz ser considerado uma espécie de termômetro das eleições.

No 1° turno, Lula teve 48,43% dos votos dos eleitores brasileiros, contra 43,20% de Bolsonaro. Entre os mineiros, esses índices foram de 48,29% e 43,60%, respectivamente.

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