Em pauta na COP26, clima desregulado na Amazônia tem modificado tamanho de pássaros


13 de novembro de 2021
Em pauta na COP26, clima desregulado na Amazônia tem modificado tamanho de pássaros
Patinho-de-coroa-dourada, ave encontrada na floresta Amazônica. (Cameron Rutt/ Reprodução)

Victória Sales – Da Revista Cenarium

MANAUS – O estudo publicado pela revista ‘Science Advances’, na sexta-feira, 12, apontou que o aquecimento global e a mudança climática está afetando o tamanho dos pássaros da Amazônia. A pesquisa foi liderada por pesquisadores brasileiros e estrangeiros, juntamente com o Projeto de Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

O projeto foi analisado com dados morfométricos coletados nos últimos 40 anos. O estudo mostra ainda que pesquisas feitas com pássaros migratórios já haviam alertado para o impacto do clima, quando se trata do tamanho de uma ave. Naquele período, não foram associados os dois fatores para o questionamento sobre o processo migratório, com os fatores de impacto, como por exemplo, a perda do habitat e a caça.

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Dados

No estudo mais recente sobre o assunto, os pesquisadores concentram as análises em 77 espécies de aves não-migratórias da floresta Amazônica e, coincidentemente, o resultado foi o mesmo, o que resultou que os pássaros estão cada vez menores por conta da mudança no clima e o aquecimento global. O estudo foi realizado no Centro de Biodiversidade da Amazônia, próximo a Manaus, que na época esquentou 1,65ºC, na estação seca e, 1,0ºC, no período chuvoso.

De acordo com os pesquisadores que estiveram à frente do estudo, todas as 77 espécies apresentaram massa média menor desde o início dos anos 1980. O aumento no tamanho das asas das aves também chamou a atenção dos pesquisadores, que um terço das espécies, chegando a 69%, apresentaram asas mais longas.

“As mudanças morfológicas sazonais e de longo prazo sugerem uma resposta às mudanças climáticas e destacam suas consequências generalizadas, mesmo no coração da maior floresta tropical do mundo”, afirmam os pesquisadores. Atribuímos esses resultados a pressões para aumentar a economia de recursos sob aquecimento”, afirmaram os pesquisadores.

Os estudiosos destacam, ainda, que “ambas as mudanças morfológicas sazonais e de longo prazo sugerem uma resposta às mudanças climáticas e destacam suas consequências generalizadas, mesmo no coração da maior floresta tropical do mundo”.

“O alongamento das asas é mais difícil de explicar usando a teoria existente. Asas mais longas são interpretadas como um análogo temporal da regra de Allen, onde extremidades pronunciadas do corpo melhor descarregam o calor, mas esta explicação assume que asas mais longas refletem ossos de asas mais longas, ao invés de, simplesmente, penas mais longas (que não dissipam o calor)”, explicaram os pesquisadores.

COP26

Brasil e países industrializados se uniram e firmaram uma meta estabelecida na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26) para conter o limite da temperatura em 1,5ºC, ainda neste século. O posicionamento do Brasil em apoiar a meta é uma forma de qualificar o governo para que assim possa receber recursos de comunidades financeiras internacionais. A iniciativa defende o limite da temperatura até 2100.

Pela primeira vez, os países precisarão revisar e contribuir com compromissos voluntários de redução de emissões de gases poluentes. Atualmente, nenhum grande emissor tem Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) em equilíbrio com a meta estabelecida de 1,5ºC. De acordo com o relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) as NDCs, até agora, garantem um aumento de 16% nas emissões.

Desmatamento e queimadas na Floresta Amazônica (Edilson Dantas/Agencia O Globo)

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