Em RO, enxurrada assusta moradores de Vilhena; chuva ultrapassa 100 milímetros em três horas

Iury Lima – Da Revista Cenarium

VILHENA (RO) – A noite desta segunda-feira, 14, começou com prejuízos para parte dos mais de 100 mil moradores de Vilhena, no interior de Rondônia, a 705 quilômetros da capital do Estado, Porto Velho. Em vídeos e fotos publicados pela população, a enxurrada causada por uma forte chuva invadiu casas e deixou veículos praticamente submersos.

Choveu, em três horas, mais de 100 milímetros, segundo a prefeitura. Além disso, o acúmulo de chuvas está 30% mais elevado em março deste ano, quando comparado à média da última década.

“É muito inesperada uma situação dessa. Começa a chover de repente, assim… Uma quantidade muito grande de chuva e a água entrando na varanda da minha casa, sem parar”, relatou, impressionada, a dona de casa Mailza Ribeiro da Silva, moradora do bairro Jardim América.

Ela conta que a lama e a sujeira só não invadiram completamente a casa dela porque ’empurrou’, sem parar, a água, de volta, com um rodo. “Eu ‘rapando’, ‘rapando’ [a água] e não parava; não dava uma trégua. Uma chuva muito intensa mesmo (…) foi bem apavorante”, acrescentou a moradora que se mudou há poucos meses para Vilhena. 

“Pelo jeito a tragédia foi bem maior por outros lugares da cidade, pelos vídeos que eu estou vendo. Aqui, em casa, se for comparar, até que ainda foi bem razoável”, ponderou Mailza. 

Vias alagadas

A Avenida Paraná, uma das principais vias do centro da cidade, ficou intrafegável. Os carros aparecem praticamente submersos. Uma motocicleta, que aparece ‘boiando’ em meio à enxurrada, quase foi arrastada.

Veja o avanço das águas sobre a Av. Paraná, em Vilhena

Chuvas além do normal

Em resposta à CENARIUM, a Prefeitura de Vilhena informou que choveu 122 milímetros em apenas três horas e que, além disso, as chuvas para o mês de março, segundo a média dos últimos 12 anos, calculada pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) está 30% mais elevada em 2022.

“A Avenida Paraná e a Avenida Melvin Jones alagam porque quando elas foram construídas, há mais de dez ou 20 anos, elas foram feitas com galerias de água em dimensões muito pequenas para o crescimento que a cidade teria depois”, informou, ainda, o Executivo.

“Mesmo com o trabalho que a prefeitura fez, no início do ano, de limpeza das galerias com um caminhão que foi comprado especificamente para isso, a água, ainda assim, enche a galeria e transborda nas ruas. O que precisa ser feito lá é substituir as galerias por baixo do asfalto. Ainda não há projeto neste sentido, mas é algo que será feito nos próximos anos”, acrescentou a administração municipal. 

Segundo a prefeitura, as secretarias de Obras e de Trânsito realizam uma força-tarefa em vários pontos da cidade na noite desta segunda-feira, 14. “As pastas também estão atendendo a algumas situações como bocas de lobo e tampas de bueiros que saíram”, detalhou. 

Cheias em Rondônia

As enchentes têm atingido Rondônia desde fevereiro e mais 3,3 mil famílias já foram atingidas. Ao todo, 13 cidades tiveram algum tipo de inundação nos últimos 30 dias e a Defesa Civil Estadual monitora a situação dos principais rios de Rondônia, como é o caso do Madeira, que atingiu a cota de atenção, na última semana, ao ultrapassar 12 metros de profundidade em Porto Velho.