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Em SP, escola oferece moradia e alimentação para quem busca ser cientista
Localizada em Campinas, Ilum tem inscrições abertas até o dia 16 deste mês (Divulgação)
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06 de dezembro de 2022
Da Revista Cenarium*
SÃO PAULO — Estão abertas até o dia 16 deste mês as inscrições para a Ilum Escola de Ciência, em Campinas, no interior paulista. Criada pelo Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) para estimular a formação de pesquisadores, a faculdade oferece o curso gratuito de bacharelado em ciência e tecnologia e subsídios para moradia e alimentação.
Para participar do processo seletivo, o interessado deve preencher um formulário indicando seu número de inscrição no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e os motivos pelos quais deseja estudar no local.
Com base nos formulários, a comissão de avaliação pré-selecionará até 200 candidatos, que serão convidados para entrevistas individuais. Após as entrevistas, serão definidos os selecionados que ocuparão as 40 vagas, 20 delas destinadas a estudantes de escolas públicas.
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A ideia da escola, que acaba de concluir o primeiro ano de aulas, surgiu da necessidade de formar cientistas adaptados à interdisciplinaridade.
“Hoje, os grandes temas de pesquisa são interdisciplinares, e os alunos que entram cursos tradicionais de física, química e biologia veem temas muito específicos”, diz o diretor da escola, Adalberto Fazzio. “Hoje, um biólogo tem que entender de matemática, processamento de imagem”, exemplifica.
A proposta também é acelerar a formação de talentos. Fazzio diz que, no modelo tradicional, são necessários dez ou 11 anos para formar um pesquisador, considerando a graduação, o mestrado e o doutorado. Na Ilum, acrescenta o diretor, os estudantes trabalham com pesquisas desde o início da graduação e, após três anos, têm maturidade para tentar um doutorado direto. Nesse caso, a formação ocorre em sete anos.
“Os nossos jovens estão ficando independentes para pesquisa muito tarde e veem temas muito específicos, não conseguem ver o conjunto”, critica Fazzio, que foi reitor da Universidade Federal do ABC e acumula décadas de ensino e pesquisa em física.
Para isso, as aulas são em tempo integral, das 8h às 18h, com curso opcional de inglês à noite. Além disso, desde o primeiro ano os estudantes têm contato com a estrutura do CNPEM —o centro reúne laboratórios nacionais de biociências, biorrenováveis e nanotecnologia, além do laboratório de luz síncroton— e com projetos desenvolvidos no local.
O modelo de ensino também é diferente. O conteúdo do curso é agrupado nas áreas de linguagens matemáticas, ciências de dados, ciências da matéria, ciências da vida e humanidades, interligadas em projetos de caráter prático desenhados a partir de problemas científicos atuais.
Para apoiar o aluno nesse percurso, a escola fornece notebook, paga o aluguel de uma quitinete, oferece vale-alimentação e vale-transporte e disponibiliza apoio psicológico. Caso o estudante seja de outro estado e não tenha como arcar com a passagem aérea ou com os custos para mobiliar o apartamento, a faculdade subsidia esse custo.
Com essa fórmula, a Ilum se contrapôs em seu primeiro ano ao que é observado em universidades públicas. Enquanto estas estão lidando com a evasão de graduandos, a turma perdeu apenas 1 dos 40 alunos. “Era um estudante brilhante. A Microsoft veio e o levou”, diz Fazzio.
“A evasão nos cursos de ciências, física, matemática é muito grande, é um grande desperdício, e na Ilum estamos mantendo os alunos. Aqui, eles veem a imagem de um vírus com inteligência artificial, enquanto no curso tradicional ficam sentados na cadeira ouvindo o professor. Acreditamos que a aula tem que ser dinâmica”, argumenta o diretor.
Apesar do bom indicador, Fazzio é cauteloso ao cogitar a expansão o modelo, possível graças ao financiamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Para ele, a estrutura tradicional das universidades poderia dificultar a dinâmica da proposta. Seria mais viável pensar em replicá-la em outros centros de pesquisa, mas ainda não há um projeto nesse sentido.
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