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Emissora no Paraná proíbe jornalistas de vestir roupas vermelhas para ‘garantir neutralidade’
A entidade enviou aos veículos de imprensa (portais, sites e blogs) e às empresas jornalísticas, em geral, pedido para adoção de medidas preventivas às Eleições 2022 (Ricardo Oliveira/CENARIUM)
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19 de setembro de 2022
Com informações da Folhapress
MANAUS – Jornalistas da RICtv, afiliada da Record no Paraná, foram proibidos de usar roupas com as cores vermelha e bordô durante a cobertura eleitoral. A mensagem foi enviada em um grupo da empresa no WhatsApp. A ordem remete a cores ligadas ao PT e, segundo uma apresentadora da rede, teria motivado sua demissão.
O grupo RIC confirma, em nota, o envio da mensagem, mas diz que a medida apenas visa a garantir a neutralidade na cobertura. “Essas cores foram expressamente citadas porque compõem o ‘guideline’ [diretrizes] do vestuário desses profissionais, conforme documento interno distribuído a todos.”
Segundo o grupo, outras cores, como verde e amarelo, não integram o guia de vestuário dos jornalistas, “razão pela qual já não são usadas em looks completos e não precisam ser restringidas”.
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O caso foi divulgado pelo Sindijor/PR (Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná), que aponta um “claro posicionamento do grupo em prol da candidatura do atual presidente à reeleição”, Jair Bolsonaro (PL). A entidade considera o episódio um caso de assédio eleitoral.
A apresentadora Carolina Romanini foi desligada do grupo RIC, em Londrina, um dia após usar uma camisa vermelha no programa que comandava, o Hora da Venenosa. Ela atribui a decisão a uma acusação do deputado federal Filipe Barros (PL), no que ela chamou de “clara interferência política” na emissora.
No último dia 11, Barros publicou no Twitter um vídeo em que torcedores do Londrina Esporte Clube, no dia anterior, hostilizam o deputado e apoiadores dele em ato de campanha em frente ao estádio do time.
Na mensagem, Barros afirma que “é possível ver Carol Romanini, da @RICtvpr, comemorando as agressões”. A apresentadora afirma ter sido filmada chamando uma pessoa do outro lado da rua, com os braços levantados, e que, por isso, foi acusada de comemorar a agressão.
Romanini conta que, após a publicação, passou a ser alvo de ameaças “de bolsonaristas de todo Brasil”, o que a fez registrar um boletim de ocorrência. “Recebi umas mil mensagens desde domingo. Também bombardearam as redes da minha filha. Ela não foi para escola a semana toda, chora o tempo todo.”
Na segunda-feira na sequência do episódio, Romanini apresentou o programa que conduzia na RIC com uma camisa vermelha, o que diz ter feito “sem nenhuma intenção”. No fim da tarde, a emissora emitiu a mensagem proibindo os jornalistas de usarem peças de roupa com a cor.
Ainda segundo a apresentadora, ela foi chamada pela coordenação do canal e questionada sobre o uso da roupa e o vídeo do deputado. No dia seguinte, foi desligada do grupo, “sem muitas explicações”.
Em nota, o grupo RIC afirma que as denúncias são “vazias e oportunistas, distorcendo a natureza e o objetivo de medidas de rotina”. “As mesmas fontes das falsas denúncias tentaram ligar uma rescisão de contrato ao momento eleitoral.” Segundo a diretoria corporativa de produto, conteúdo e convergência do Grupo RIC, o que houve não foi demissão, mas uma rescisão contratual na área de entretenimento.
A diretoria afirma que o afastamento de Carolina já estava previsto no projeto de reformulação das emissoras do grupo, que “refuta toda e qualquer tentativa de relacioná-lo a comportamentos que estejam em desacordo com o respeito aos seus colaboradores e com a ética na comunicação com o público”.
A Folha entrou em contato com a assessoria do deputado Barros, mas não houve resposta até a publicação desta reportagem.
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