Entenda o termo comunismo, citado por Malafaia ao criticar indicação de Flávio Dino ao STF

O ministro da Justiça e indicado ao Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino (Valter Campanato/Agência Brasil)
Winicyus Gonçalves – Da Revista Cenarium Amazônia

BOA VISTA (RR) – A indicação do ministro da Justiça, Flávio Dino, ao cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) encontra resistência de parlamentares conservadores e aliados ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Dino tem sido apontado por deputados e senadores como simpatizante do tráfico de drogas após a revelação do caso em que recebeu a esposa do líder do Comando Vermelho no Amazonas, Luciane Barbosa Farias, e de ser comunista, por ter sido filiado ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB), onde governou o Maranhão por dois mandatos. A associação como comunista foi rejeitada por especialista ouvido pela REVISTA CENARIUM AMAZÔNIA.

Em vídeo nas redes sociais, Malafaia, que é pastor evangélico neopentecostal da Assembleia de Deus Vitória em Cristo acusou, sem base, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de trair o “povo cristão” ao indicar Dino ao STF. “O comunismo matou milhares de cristãos”, afirmou Malafaia na tentativa de ligar Dino a excessos de regimes totalitários de esquerda.

PUBLICIDADE
Conceito

O cientista político Roberto Ramos, da Universidade Federal de Roraima (UFRR), avalia que no debate político no Brasil, o significado da palavra “comunista” se afastou da definição original e se tornou ferramenta para atacar adversários políticos.

“O anticomunismo sempre foi muito utilizado no Brasil em torno dos medos. Os comunistas eram considerados radicais e violentos que querem impor outra forma de vida e que vão contra a família tradicional. Os comunistas são vistos como aqueles que promovem a desordem, ao contrário do conservadorismo, que prega a ordem. É como aquele inimigo que precisa ser combatido”, avalia.

Ramos ainda explicou a definição de comunismo e concluiu que o postulante ao cargo de novo ministro do STF representa mais os interesses da iniciativa privada do que o de uma economia planificada.

“Comunismo é um modo de organização política e econômica fundado na propriedade coletiva dos meios de produção, em uma economia planificada, na abolição da propriedade privada [dos meios de produção]. No Brasil, vigora a livre iniciativa, a economia de mercado, a meticulosa proteção da propriedade privada na Constituição e no Código Civil. E, na prática, quando governou o Maranhão, Dino representou muito mais os interesses da propriedade privada do que instituiu um modelo de governo semelhante ao comunismo”, afirmou.

Flávio Dino, ministro da Justiça e indicado por Lula ao cargo de ministro do STF (Lula Marques/Agência Brasil)
Votos

Antes de ser ministro da Justiça, Flávio Dino governou o Maranhão, por dois mandatos, pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB). No ano passado, migrou para o Partido Socialista Brasileiro (PSB), onde foi eleito para o Senado Federal pelo Estado, antes de se licenciar do cargo para assumir a Pasta.

Católico, Dino é formado em Direito pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), com mestrado na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Flávio Dino foi juiz federal por 12 anos, período no qual ocupou postos como a presidência da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) e a secretaria-geral do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

A sabatina do atual ministro da Justiça na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal está marcada para o dia 13 de dezembro. Enquanto tenta angariar votos dos senadores, Dino enfrenta uma oposição tanto parlamentar, liderada por senadores ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), quanto religiosa, por conta de parlamentares evangélicos. O ministro promete “mudar de roupa” e assumir o figurino predominantemente jurídico, segundo analistas políticos.

Leia mais: Lula confirma indicação de Flávio Dino para o STF
Editado por Jefferson Ramos
Revisado por Adriana Gonzaga
PUBLICIDADE

O que você achou deste conteúdo?

Compartilhe:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.