‘Ervas e especiarias’, o sabor da história nos petiscos de boteco em Manaus

Fortalecer uma cadeia produtiva e incentivar a qualidade dos estabelecimentos comerciais e seus serviços. Essa é a alma do 'Comida Di Buteco' (Reprodução/O Globo)
Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – Trazer os sabores das ervas e especiarias para compor os petiscos de boteco, em Manaus, e assim dar uma aula de história e culinária. Esse é um dos desdobramentos do concurso anual “Comida Di Buteco”, que tem início no mês de abril de 2023. O evento é um certame nacional que visa divulgar e fortalecer a cultura de boteco, uma cadeia produtiva de estabelecimentos pequenos, mas altamente geradores de emprego e renda nas grandes, médias e pequenas cidades do País.

Os petiscos são um dos chamarizes para atrair o público, mas, cerveja gelada, atendimento e limpeza do estabelecimento contam e muito (Reprodução/O Globo)

De acordo com o coordenador do concurso no Norte do País, Márcio Vavá, a ideia é dar um giro na história para incentivar a criatividade dos donos de boteco. “Realmente, é uma grande viagem. Ervas e especiarias sempre foram bem valorizadas no mundo todo, e se formos pensar, o Brasil foi descoberto pela procura desses itens e, por mais louco que pareça hoje, naqueles tempos isso era bem real”, observou. Ter um caráter didático ajuda, segundo Vavá. “Por isso, nós decidimos colocar temas no concurso para aguçar a criatividade dos donos de bar ao desenvolverem o petisco”, destacou.

Leia também: ‘Comida di Buteco’ aposta em movimento nacional para resgatar cultura boêmia

Ao falar sobre o tema das ervas e especiarias, o coordenador chama atenção para os desdobramentos na criação de petiscos. “Um ponto interessante dos temas é que, por diversas vezes, já vi donos de botecos colocarem os ingredientes e, em seguida, desafiar os clientes a descobrirem quais são os ingredientes ou onde eles estão no prato desenvolvido pelos chefs. Isso, realmente, aguça a criatividade e nos gera boas pautas e belos momentos”, salientou. “Com as ervas e as especiarias, esse desafio fica ainda maior”, avaliou Vavá.

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Expert

Ganhador de nada menos que quatro edições do concurso, com direito a um vice-campeonato em 2019, o chef Alysson Lima, da casa Quiosque Beer, aprovou a proposta da edição do “Comida Di Buteco” 2023. À reportagem da CENARIUM ele comentou: “É uma proposta muito interessante, porque são elementos que determinam o gosto do prato e, baseado nisso, é possível desenvolver receitas que podem impactar no cheiro, sabor e emocional do apreciador de um bom tira-gosto e uma cerveja gelada”, destacou.

O chef Alysson Lima e Luana Corrêa, da casa Quiosque Beer, o boteco campeão do concurso ‘Comida Di Buteco’ no Amazonas (Reprodução)

Com larga experiência no concurso, o proprietário do Quiosque Beer, casa que fica localizada na Avenida Bartolomeu Bueno, N° 5, Dom Pedro, Zona Oeste de Manaus, Alysson faz mistério sobre o prato já desenvolvido para a edição 2023 do concurso. “Minha equipe e eu desenvolvemos um petisco que une sabores da Amazônia, bem ao gosto da nossa cultura culinária”, adiantou. Questionado sobre os ingredientes, ele despistou: “Posso adiantar que usei ‘ervas e especiarias”, relatou com humor.

História

Presentes na história da humanidade por séculos, a ervas e especiarias como alho, pimenta-do-reino, canela, cravo, noz-moscada, dentre outras, moveram o mundo. Durante a Idade Média, as rotas comerciais entre o Ocidente e o Oriente criaram um enorme tráfego desses produtos. Porém, os altos custos tornavam as ervas e especiarias muito caras. Em muitos casos, eram literalmente “moeda de troca”. Os custos provocaram uma corrida em busca de novas rotas.

Cobiçadas desde a antiguidade, as ervas e especiarias moveram nações e, hoje, movem a criatividade dos donos de boteco que precisam criar excelentes petiscos a partir delas (Reprodução/jw.org)

A procura por novas rotas foi um dos fatores que impulsionou a descoberta e a conquista das Américas a partir da chegada de Cristóvão Colombo, nas Bahamas, em 12 de outubro de 1492. A chegada da armada de Colombo ao novo continente era, na verdade, uma tentativa de estabelecer uma rota alternativa para a Índia, verdadeiro celeiro de ervas e especiarias naquele período histórico.

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