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Especialista alerta para riscos de criar animal silvestre como pet
Macaco-prego-amarelo, papagaio-verdadeiro e a capivara (Jair Moreira/Reprodução)
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09 de maio de 2023
Adrisa De Góes – Da Revista Cenarium
MANAUS (AM) – Após a repercussão do “Caso Filó” em todo o País, a criação de animais silvestres foi parar no centro do debate das questões ambientais. Isso porque a relação entre bichos selvagens e seres humanos traz riscos para a saúde de ambos, é o que alerta a médica veterinária Alessandra Nava, pesquisadora do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia).
A especialista, que atua no laboratório de ecologia de doenças transmissíveis na Amazônia, destaca os riscos sanitários ocasionados por essa convivência, que pode desencadear em patologias transmitidas mutuamente, tais como: doenças parasitárias; virais, a exemplo da raiva; herpesvírus, no caso de capivara; febre maculosa; leptospirose e tripanossomíase.
“Essa relação nunca termina bem (…) as pessoas que adquirem esses animais, geralmente, pegam filhote e, quando eles crescem, a relação muda. Na grande maioria dos casos, a pessoa se desfaz do animal devido a comportamentos considerados agressivos. Esse tipo de criação não é benéfica para o animal“, argumenta Nava.
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A médica veterinária explica que, fora do habitat natural, o animal silvestre perde as habilidades inerentes da espécie, devido à falta do convívio entre seus pares. Por isso, ele pode, na maioria das vezes, apresentar processos degenerativos causados por alimentação inadequada ou até mesmo morrer por intoxicação.
“Apesar de termos a percepção de que, aparentemente, aquele animal é bem tratado, é porque tendenciamos a relacionar a relação cão, gato e tutores. O que temos que ter claro é que animal silvestre não é animal doméstico. As necessidades não são iguais a de animais já domesticados a centenas de anos”, alerta a especialista.
O papagaio é um dos animais silvestres mais visados para a criação doméstica, por ser mais sociável e imitar a vocalização dos seres humanos. Na mesma esteira, estão o macaco e a capivara que, geralmente, são retirados da mãe ainda filhotes. “Todas essas relações são, altamente, especistas e roubam do animal a condição mais importante para qualquer ser vivo, a sua liberdade”, completa Alessandra Nava.
Legislação proíbe
A Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/98) prevê infrações, penalidades e sanções àqueles que causarem dano ou prejuízo aos elementos que compõem o meio ambiente, o que compreende a fauna, a flora e os recursos naturais, além do patrimônio cultural brasileiro. De acordo com a legislação, as penas para tais crimes geram multa de até R$ 5 mil, por animal irregular, e até um ano e seis meses de prisão.
No âmbito da lei, os infratores assinam o Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e respondem, ainda, na Justiça Criminal pelas condutas praticadas contra o meio ambiente. Em alguns casos, também podem responder por receptação de animal. Contudo, a entrega voluntária isenta medidas administrativas e penais.
“Há um grande lobby político para a liberação de diversos animais silvestres como pet. Isso não pode acontecer, devido a todos os problemas já citados, como também a possibilidade de emergência de novos patógenos pelo convívio de espécies diferentes e seus micro-organismos inerentes, possibilitando adaptações e mutações”, destaca a pesquisadora.
Resgate de animais silvestres
De janeiro a abril deste ano, o Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM) já resgatou 114 animais silvestres, em diversas zonas geográficas de Manaus, o que corresponde à média de 28 bichos por mês. O CBMAM atende a ocorrências desse tipo também por meio do número 193.
“Nossos bombeiros são altamente preparados para as ocorrências de resgate e captura de animais em qualquer circunstância (…) os animais silvestres são resgatados e devolvidos ao seu habitat natural, com exceção daqueles que apresentam algum ferimento. Nesses casos, são entregues ao Ibama para receberem os devidos cuidados veterinários”, reforça o comandante-geral do CBMAM, coronel Orleilso Ximenes Muniz.
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