Espécie de lagarto do Cerrado considerada ‘criticamente ameaçada’ é redescoberta no TO

A espécie de lagarto do Cerrado (Bachia psmophila) (Luis Lima/Reprodução)
Da Revista Cenarium Amazônia*

TOCANTINS (TO) – Durante uma expedição, pesquisadores do ICMBio, Universidade de Brasília e Universidade Federal do Tocantins registraram novos exemplares da espécie de lagarto do Cerrado (Bachia psmophila), considerada “Criticamente Ameaçada”. Desde a descoberta da espécie, nenhum outro indivíduo havia sido, até o momento, observado na natureza. Esses exemplares foram encontrados durante expedição realizada de 26 de setembro a 6 de outubro de 2023, no município de Miracema do Tocantins, próximo ao mesmo local onde, décadas atrás, a espécie foi originalmente registrada. A descoberta de novos indivíduos traz esperanças quanto ao futuro da espécie.

A expedição fez parte de uma atividade do Plano de Ação Nacional para a Conservação das Espécies Ameaçadas de Extinção da Ictiofauna, Herptofauna e Primatas do Cerrado e Pantanal (Cerpan) viabilizada pelo Projeto Estratégia Nacional para a Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção (GEF Pró-Espécies). O Cerpan é coordenado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Anfíbios (ICMBio/RAN) e tem como um dos objetivos identificar e reduzir lacunas de conhecimento sobre as espécies-alvo e seus habitats.

Equipe que participou da expedição (Luis Lima/Reprodução)

A equipe contou com a participação de Deusdede Inocêncio Ferreira, José Geraldo da Silva, Luciana Signorelli e Rafael Valadão, do ICMBio/RAN; Ana Caroline C. Aragão, Cecília R. Vieira, Guarino Colli, Humberto C. Nappo, Luis Felipe C. de Lima e Reuber A. Brandão, da Universidade de Brasília; e Emannuel Ramos de Araújo, Geisa K. L. Vitorino da Silva, Heitor C. de Sousa, Isaias B. Oliveira, Júlia M. Campos, Ladislau F. Varão, Marco A. Rodrigues, Maria Fernanda O. Barbosa, Mikaella Milhomem Santos, Thiago Alves e Thiago C. G. Portelinha, da Universidade Federal do Tocantins. 
 

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A descoberta da espécie 

Bachia psmophila, um réptil raro, foi descoberto em 1999 durante estudos de impacto ambiental da formação do reservatório da Usina Hidrelétrica Luis Eduardo Magalhães (ou Lajeado) em Tocantins. Em 2007, a espécie foi formalmente descrita por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP). 

É um pequeno lagarto de corpo serpentiforme, membros muito reduzidos e cauda alongada, adaptações ao estilo de vida subterrâneo. Muito seletiva em relação ao habitat, a espécie vive nos chamados “tombadores de areia”, como são localmente denominadas as paleodunas do Rio Tocantins. Essas áreas de fina areia branca, cobertas por vegetação aberta de Cerrado, foram formadas no passado pela deposição de areia do rio em seu curso pretérito e ajudam a compreender a história do Rio Tocantins. 

Embora a redescoberta seja uma notícia positiva para essa espécie, é essencial destacar as ameaças significativas que ela enfrenta. Bachia psamophila não possui áreas de conservação integral para garantir sua sobrevivência, e parte de seu habitat original foi inundado devido ao represamento do Rio Tocantins. Além disso, as áreas restantes estão sob ameaça devido a atividades agrícolas, mineração de areia e seixo, e ao aumento do interesse em construções de casas de veraneio.

A redescoberta ressalta a importância do investimento em pesquisa, da colaboração entre instituições e do desenvolvimento de políticas e estratégias eficazes para preservar nossos ambientes naturais.

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(*) Com informações do governo federal
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